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farol n.º 31 - mil novecentos e sessenta e nove ♦ setenta, pág. 23.

ROMA

− impressões de uma visita

Vicente João

Roma, a grande capital do Ocidente, continua a deslumbrar, em pleno século XX, todo aquele que a visita.

Efectivamente, a Cidade Eterna choca-nos pela revivescência de um passado magnífico, mas atroz. As ruínas com que o visitante depara, a cada passo, deixam perpassar no seu espírito uma história que, apesar de passada, se lhe afigura muito presente.

E surgem irremediavelmente reais as cenas terríveis do Coliseu, as perseguições impiedosas aos cristãos, a vida magnificente da Corte Imperial. Em Roma o homem esquece o presente para viver o passado. Sente-se simultaneamente vencedor e vencido, imperador e condenado, deus e animal. Ao encarnar o drama de uma sociedade efémera, procura libertar-se do misto de desespero e felicidade que ela encerra. E, se o consegue, logo se sente de novo oprimido pela grandiosidade dos seus monumentos, e volta a render-se à sua época.

Verdadeiramente, é este conflito emocional que enriquece a visita a uma cidade como Roma. É ele que dá vida a todos esses mausoléus que há muito fecharam as suas portas. É ainda ele que abre ao homem perspectivas excepcionais de renovação e progresso.

 

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11-06-2018