João Raposo
(6.º e)
A
visita a um monumento
como a Mesquita de Córdova não pode de modo algum passar
despercebida, ainda que ao observador menos atento.
Um dos mais elucidativos e magnificentes templos muçulmanos (depois
convertido em igreja católica pela construção de uma catedral no seu
interior), fascina pela sua grandiosidade e elegância, O aspecto
mais divulgado da Mesquita é, sem sombra de dúvida, a profusão de
colunas, cujos capitéis são ornados das mais variadas maneiras.
Quando observamos os corredores formados pelos pares de colunas
paralelas, temos a sensação de que a sua altura vai gradualmente
diminuindo, qual túnel de comboio, de que, do interior, apenas vemos
a saída.
A riqueza do tesouro é, igualmente, de molde
a impressionar quem o visito. Basta lembrar a existência de uma custódia com cerca de dois
metros, feita em ouro e prata e decorada por um mestre alemão
radicado em Espanha. É simplesmente maravilhosa!
Numa época em que se caminha,
a passos largos, para uma simplificação da vida, nos seus
mais variados aspectos e manifestações, a complexidade de uma
construção como esta leva-nos a pensar se valerá realmente a pena tornar
as «coisas»mais simples, em aspectos como o artístico. A
Mesquita de Córdova pode ilustrar a questão, porquanto sem cair nos
exageros de um barroquismo, é, ao mesmo tempo, sóbria e complicada.
Poderá parecer um contra-senso, mas é a pura realidade.
Exemplo bastante elucidativo da riqueza do estilo árabe, deixa em
nós a impressão de ser um monumento dos nossos dias, não nos
repugnando ver entrar em dado momento, por mais ridículo que
pareça, a multidão de muçulmanos que outrora o povoava. É que este
templo tem a particularidade que caracteriza todas as coisas belas:
o serem eternas. E foi, sem dúvida, o aspecto que mais me
impressionou ao percorrer um dos monumentos mais significativos da
permanência dos árabes na Península, |