Guida Maria
(4.º ano)
COSTUMA subir ao monte, quando a luz era indefinida. Naquele
dia, eu encontrava-me no cume e a paisagem dali era maravilhosa, tão bela que talvez muitos
pintores se sentiriam incapazes de a reproduzir ou os melhores
escritores de a descrever.
Junto de mim, sobre a relva, tremeluziam algumas gotas de orvalho. O
rio, ao fundo, corria preguiçosamente, murmurante, por entre um
manto todo verde, inteiramente bordado de flores.
As montanhas, ao longe, tinham
formas estranhes e cor indefinida. As últimas estrelas tapavam a
cara, envergonhadas pelos raios de sol que começavam a beijar
a terra.
Tudo era silêncio, e este era quebrado somente pelo chocalhar do
rebanho dum pastor que, àquela hora, costumava vir, tocando na sua flauta.
Ficava triste, quando olhava aquele homem com as ovelhas confiantes.
Quem me dera ter a vido calma daquele pastor, passar o dia no
monte, em vez de o passar numa cidade, presa ao mundo. Que belo
seria sentir o perfume das flores ou ouvir o canto dos pássaros, em
vez do cheiro a gasolina ou o barulho dos automóveis. Que bom contactar com a Natureza e não com o fumo das fábricas. Repartir o pão com as minhas ovelhas, em vez de sentir o egoísmo dos
homens.
E, quando o sol se ergueu, majestosamente, no horizonte, um grito
ecoou dentro de mim:
− Ah, se eu fosse pastora... |