LOGO no começo do ano lectivo correu célere a novidade:
– o Sr. Padre
Arménio deixou o Liceu!
– Mas porquê, perguntava-se?
– Porque fora nomeado pároco da Glória, respondia-se.
Sim, todos estavam de acordo que ele era muito digno do novo cargo,
mas, enfim, há dez anos que ele trabalhava no Liceu, num apostolado
fecundo, rodeado da amizade, da estima e da admiração de todos:
professores, alunos e empregados. Ele era do Liceu!...
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Tudo isto nos ocorreu ao espírito, ao procurarmos juntar umas
linhas de homenagem àquele que, ainda novel sacerdote, aqui iniciou
uma jubilosa carreira de entrega total à juventude que sabia, como
ninguém, cativar e conduzir, de forma extraordinária, no caminho
difícil da perfeição e da virtude.
O Sr. Padre Arménio é, sem falsa lisonja, um verdadeiro Homem e um
exemplaríssimo Sacerdote. A verticalidade do seu carácter, a sua
grande cultura, a ponderação, a simpatia, a delicadeza e o fino
trato que são timbre da sua rica personalidade tornam a sua
convivência um prazer – prazer para o espírito, prazer para a alma,
A sua boa disposição, o seu sentido do bom e são humor criam à sua
volta um clima de
alegria, de descontracção que se reflectem sempre no rosto daqueles
que
o vêem aproximar-se.
Mas, de braço dado com o Homem e confundindo-se com ele, anda o
Sacerdote. E quem, melhor do que o Sr. Padre Arménio, sabe ser ao
mesmo tempo Sacerdote e Homem? Aqui reside o segredo do êxito
dos que foram chamados por Deus a uma Missão Superior e começa a
tragédia daqueles poucos que, embora chamados, não foram capazes de
resolver este binómio do humano e do divino. Os alunos do Liceu
abriam-lhe confiadamente as suas consciências, quantas vezes
torturadas pela dúvida, pelo desgosto, pelo desespero, na certeza de
que encontrariam na sua inteligência, na sua cultura, na sua compreensão de
homem
e na sua alma de apóstolo o remédio para os seus males. É que todos
tinham a certeza que o Sr. Padre Arménio sabia ouvir, compreender,
sentir e aconselhar. O sacerdote zeloso encontrava sempre as
palavras convenientes que, como bálsamo salutar, serviam de lenitivo
à tortura da consciência, certamente a maior de todas as outras.
O Sr. Padre Arménio deixou o Liceu! Não, o Professor de Moral deixou
o Liceu, mas o Homem e o Sacerdote ficam connosco. O Sr.
Padre Arménio é agora o nosso pároco – o sacerdote responsável pela
freguesia a que o Liceu pertence; e continuará a ser o Amigo e o
Confidente que como Homem de Deus receberá sempre de braços abertos
aqueles que pertencem a este Estabelecimento de Ensino.
O Sr. Padre Arménio não nos deixou, o Sr. Padre Arménio
permanece junto de nós!
Desejamos juntar a esta breve e despretensiosa homenagem ao
Sr. Padre Arménio umas palavras, simples mas sinceras, de saudação
ao seu sucessor o Sr. Padre Pinho. Sabemos já que a escolha não
poderia ter sido melhor. Mas poderíamos nós esperar uma escolha que
não fosse a melhor por parte do nosso querido e zeloso Bispo que
tantas provas de inequívoca benevolência tem dispensado ao nosso
Liceu?
Que o apostolado do Sr. Padre Pinho junto da juventude do Liceu
renda cento por um são os votos que lhe formula o FAROL. |