Acesso à hierarquia superior.

farol n.º 21 - mil novecentos e sessenta e cinco ♦ sessenta e seis, págs. 16 e 17.

Máscaras e Mascarados


  Angolanos

(3)

(Continuação do número 20)

Uso e significações das Máscaras

Eduardo Mortágua
(7.º ano)

As máscaras angolanas destinam-se, em princípio, a cobrir e mascarar o rosto dos bailarinos. São usadas apenas pelos homens. O que se designa por «o segredo da máscara», ideia que comporta a de mascarada, é vedada às mulheres e indivíduos do sexo masculino antes da circuncisão. Raramente, em Angola, a máscara tem outras funções ritualistas, além daquelas decorrentes da sua função de mascarar os indivíduos.

Na sua maioria, as máscaras são usadas como deturpadores de vozes, e só mascarados cujas falas não vão além de simples monossílabos é que as dispensam. A função deturpadora da voz tem por finalidade assegurar a crença da origem sobrenatural do mascarado.

Aos mascarados cumpre anunciar a abertura da mucanda e ajudar a recolha dos adolescentes ao recinto. Admite-se que os mascarados têm uma função judicial. castigando desvarios, etc..

A par destas funções dos mascarados, há mascarados divertidos e cómicos, excêntricos, conselheiros. etc..

Nesta ordem de ideias, se, ao executar as danças, acontecia / 17 / que, por acidente, as vestes do mascarado se rompiam, mostrando a sua condição humana, o bailarino tinha o cuidado de se deixar tombar por terra, enquanto os outros mais autorizados acudiam,
gritando que o farsante morrera por estar a fingir de mascarado. Depois, levavam-no morto para sítio onde pudesse despir o traje de mascarado e regressar ao mundo dos vivos sem revelar o segredo.

Alguns antigos bailarinos eram sobrinhos de sobas e, por isso, pessoas da sua confiança. Figurando ou bailando mascarados, algumas vezes exerciam justiça.

Mais raramente, em Angola, há máscaras que significam doenças e temperamentos.

Há, finalmente, máscaras sintéticas ou por definição. (?)

 

página anterior início página seguinte

08-06-2018