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farol n.º 20 - mil novecentos e sessenta e cinco ♦ sessenta e
seis,
págs. 14 e 15. |
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INTERVALO POÉTICO |
«Nostalgia» |
Celeste Almeida
Caiu a noite
sobre a terra:
Nem luar, nem estrelas a brilhar,
Um suspiro, uma lágrima
desliza,
E a vida continua sem parar.
. . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
Como se o mundo de trevas, que há lá fora,
Procure nova casa p'ra morar...
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«SEM TI...» |
Celeste Almeida
A noite não
teria estrelas nem luar,
O meu olhar não encontraria o teu,
Tudo me levarias, até a própria
alma,
Porque tudo o que eu tinha já morreu.
É verdade que, sem ti, não sou ninguém.
Sem ti, o mundo é vago, estúpido, irreal,
E, se o amor que eu te tenho, tu o tens,
Queira
Deus não te aconteça nenhum mal.
Mas, se o destino, porém, me atraiçoar
E para sempre eu deixe de te ver,
Pereça eu nesse instante junto a ti,
Pois, sem o teu amor não sei viver!
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Significado |
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Vida!
Criação
de Beleza
Infinita!
Realidade
Transcendente
e Sublime!
Harmonioso
Círculo
Divino!
Agradável
Complexo
de Amor,
Alegria,
Esperança...
Vida!
Indecifrável
Incógnita
Metafísica!
Utópica
Expressão
das multidões!
Grito |
Desvairado
dos loucos!
Potentoso
Caos
de ódio,
Tristeza,
sofrimento...
Vida!
Esplêndido
Contraste
Entre
Ser e não Ser....
Adorável
Oposição
à Morte...
Intraduzível
Manifestação
do
Querer...
Inerente
Propriedade
do Sentir...
É Isto?!
Agostinho Vidal de
Pinho |
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Pequei... perdi-me na bruma |
JOSÉ ALBINO PIRES
Perdi-me na bruma das
coisas terrenas, –
Vagueio, às escuras, num mar de ansiedade...
Se atento os ouvidos, se escuto, oiço apenas,
Em sons murmurantes, a voz da saudade!...
Num mundo distante vislumbro paisagens: –
– Cidades ignotas, castelos de espuma.
Na tela dos «longes» perpassam imagens, –
Não sei distingui-las, perdi-me na bruma!...
Meus olhos absortos, fitando os espaços,
Observam tragédias dum mundo enganoso...
– Sou nau sepultada no «mar dos Sargaços»,
Galera perdida no «mar Tenebroso»!
Descubro, contudo, nas vagas, boiando,
Fragmentos, destroços de armadas vencidas; –
Carcaças enormes no mar, baloiçando,
Florestas de mastros, co' as velas caídas!...
... Será que este mundo perdeu sua rota
Num vento de insânia fugaz, fugitivo?!
Habito uma ilha confusa, remota,
Perdi-me na bruma... – não sei onde vivo! |
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