N. D.
Repicam e tornam a
repicar os sinos, a chamarem os moços e as moças para a festa. As
ruas, cobertas de junco e ladeados de postes enfeitados,
mostram bem a alegria do
povo.
Vão chegando, em magotes, moços e moças, bem
dispostos e com trajes pitorescos da região em que se realiza a
festa.
Velhinhos e velhinhas,
assentados nas soleiras das suas portas,
contemplem os filhos e relembram ao mesmo
tempo a sua alegre juventude.
Diz a tia Maria para a
ti Rosa:
Eh Rosa! Olha, no mê
filho, vê como ele anda ali com
as cachopas que nem um homem!
Diz o Zé para o povo:
– Venha música e vinho
p'rá gente se alegrar!
Sobe a rua e interrompe
a
música, o Zé da Boina proclamando muito alto:
– Acabei de chegar de
Lisboa, e tenho uma má notícia: as autoridades de lá ordenaram que todos nós
comprássemos um triângulo para
as nossas mulas.
– Para que serve isso home das novidades?
Diz o Zé da Boina:
– Espera home que já
continuo! É que, quando as
nossas mulas, partirem a ferradura ou ficarem mancas, pormos
aquilo atrás delas, para virmos buscar à vontade o ferreiro para que
os carros não as atropelem!
Pergunta o preço o Joaquim bêbado, e responde-lhe o Zé da
Boina:
– Trazentos e cinquenta mil reis.
Retorquiu-lhe o Joaquim bêbado:
– O quê, com esse dinheiro bebo eu 500 copos home
do diabo!
A festa continua e, na
madrugada do outro dia, lá vai esta boa gente para casa, embora um pouco
embriagados, pois ele não é água.
Ouve-se o cantar satisfeito das pessoas:
– Lá ri lá ri, eu sou
bombeiro. Ó Malhão, Malhão!
Acaba a romaria e a vida volta a correr normalmente. |