M. S. O.
(6.º ano)
PARA
que a aviação
atingisse o elevadíssimo grau de perfeição que hoje tem, muitos
homens
deram o melhor da sua vida em
prol do progresso da mecânica aeronáutica. Muitos desses homens
ficaram numa modesta obscuridade; outros, mais bafejados pela
sorte, são aureolados de glória. Destes, quem
não ouviu falar nos alemães, irmãos Lilienthal, no americano Langley,
no francês Ader, nos americanos Wright, no francês Blériot? Quem
não ouviu falar ainda em Santos Dumont?
É dele que se vai ocupar esta resumida biografia.
Descendendo, por um lado, de uma família francesa, há muito radicada
no Brasil e por outro de uma família brasileira de ascendência
portuguesa,
Santos Dumont viu a luz do dia em Arindeúva.
Foi aí que ele aprendeu as primeiras letras. Em 1894-95 cursou Mecânica
nas Universidades de Brighton e Bristol.
Em 1897 tez a sua primeira ascensão em balão livre. Em 1898 obteve
um êxito retumbante no problema da direcção dos balões, empregando
um motor de 4 C. V..
Em 1906, construiu um biplano que muniu de um motor de 50 C. V. e
denominou «14-Bis», porque o suspendeu do seu balão n.º 14 para
ensaios de velocidade e estabilidade.
Pelos próprios meios do aparelho, a 7 de Setembro de 1906, mantém-se
1 segundo no ar; voa 8 metros no dia 13 do mesmo mês; 60 metros são
voados a 23 de Outubro.
A 12 de Novembro desse ano, Santos Dumont, cobre-se de glória voando
220 metros
na planície de Bagatele.
A comemorar o feito, foi erigido um obelisco pelo Aero-Clube de
França onde se pode ler:
/ 21 /
«lci, le 12 novembre 1906, sous le contrôle de l'Aéro-Club de France,
Santos Dumont a établi les premiers récords d' aviation.
Durée: 21 seg. 1/2 Distance: 220 mètres».
A título de curiosidade
acrescento: altura 3 metros.
Lembremos, ainda,
Saint-Cloud de cuja praça Santos Dumont levantou
voo no seu dirigível n.º 6, para contornar a Torre Eiffel, num
circuito fechado de 11 quilómetros, em 30 minutos e meio a uma velocidade média de 6 metros por segundo. Hoje aquela praça chama-se de
Santos Dumont. No centro, fica um monumento ao Pioneiro da Locomoção
Aérea. E um Ícaro de bronze, do escultor Georges Curlain. Este
monumento, consumido
pela fúria asselvajada dos nazistas, quando estes invadiram
Paris, foi aí recolocado pelo governo brasileiro, com o
consentimento do governo francês.
Em Saint Cyr, está ainda de pé o hangar das
Demoiselles
(monoplanos construídos
por Santos Dumont). Actualmente, está transformado em garagem e depósito de margarina. Os
empregados e mecânicos entram e saem, sabe-se lá, talvez sem pensarem que as
portas corrediças com que eles
fecham o casebre são da invenção de Santos Dumont. Contudo, nessa garagem,
trabalha o
mecânico Jean Croiser
que, aos 8 anos de idade, viu
pela primeira vez Santos Dumont voar; apanhou tal susto que, durante dois dias não saiu de
casa.
Outra faceta a salientar, além do seu espírito criador já citado, é
a sua generosidade. Eis um facto que o demonstra: Quando contornou a
Torre
Eiffel, foi-lhe atribuído o prémio «Deusteh»; para espanto de todos, distribuiu todo,
inteiramente todo, pelos seus mecânicos, o dinheiro ganho com o risco
da vida. Ora este facto
não podia passar despercebido;
assim nasceu a imagem de um
balão no ar, deixando cair pelo
fundo roto, moedas de ouro
sobre as ruas.
Para finalizar apresento uma relação dos seus maiores inventos:
Construiu 17 balões,
2 biplanos, 3 monoplanos e 1
hidroplano. Projectou um helicóptero; inventou o motor em
V e criou uma catapulta salva-vidas.
Este grande homem morreu em Guarujá, a 23 de Julho de 1932, vítima
de um colapso cardíaco. Sobre o seu jazigo, existe uma réplica do
Ícaro de Saint-Cloud. O seu coração, encerrado em esfera de vidro,
pertence à Escola Aeronáutica
do Brasil.
Assim viveu S. Dumont,
pioneiro da mecânica aeronáutica e da aviação. |