Fernanda Maria
Era Maio. O dia despertava vagaroso e meigo como quem
acorda feliz. Havia
ainda sombra em todos os ângulos e as superfícies banhavam-se na
madrugada confusa e indecisa.
Ao longe, no Oriente, os cimos agudos das montanhas recortavam-se
no céu,
num desenho esfumado a cor-de-rosa e azul-claro.
A pouco e pouco o firmamento inundava-se de claridade e a Lua,
tonta de tanta luz, empalidecia e desmaiava sob os afagos da manhã.
A Natureza inteira despertava perante o meu olhar extasiado. Os primeiros raios do sol nascente, que despontava por detrás
daquelas montanhas de além,
encheram o espaço duma luminosidade forte e quente. Os pássaros
despertaram no arvoredo e saudaram o dia com os seus trinados e
gorjeios. Nas colinas embrenhadas de mato, cantam os grilos,
incansáveis, as suas
árias. O zumbido surdo das abelhas têm uma nota doce.
As borboletas em bandos, dão a ideia de lacinhos de
várias cores dançando ao som leve da aragem matutina. E como para me
lembrar que toda esta beleza é obra de Deus, o sino da pequena igreja
toca e repica
abençoando a Terra.
Um rebanho sobe a encosta dos montes guiado pelo som alegre do
chocalho e pela voz clara do pastorinho.
Na azinhaga perto, chia um carro de bois... Os homens passam
alegres para
o trabalho. A atmosfera é límpida e sabe bem respirar.
Eu olhava o céu e sorria feliz de tanta beleza que
descobrira nessa manhã. Tudo em meu redor me parecia em
festa. Como é bom e belo uma pessoa poder
desfrutar de toda esta maravilha que só se pode contemplar no
«nascer do Sol na aldeia! |