Manuel Almeida Robalo
e
Luís Ourique Martins Carneiro
(4.º Ano)
D.
HENRIQUE, cujo sonho era engrandecer Portugal e dilatar a Fé Cristã, pensou, segundo nos diz Zurara na «Crónica dos Feitos da Guiné» descobrir um caminho marítimo que conduzisse as nossas caravelas ao
Oriente, sonho de toda a Europa e sua maior preocupação. Além disto
guiava-o o desejo de encontrar novas terras, porque a população
aumentava cada vez mais e Portugal não podia expandir-se para o
continente em virtude do poderio castelhano e demais o mar
era a sua aliciante atracção.
Desejavam os europeus conhecer as possibilidades dos mouros e as
suas fontes de riqueza para os poderem atacar com segurança. Foram
os Portugueses, nobre raça lusitana, guiados por este homem
extraordinário, que levaram a cabo tão heróica e perigosa missão.
Desejavam também expandir a Fé de Cristo e saber se havia algum rei
cristão nas desconhecidas paragens do Oriente.
A seguir às Canárias, conhecidas pelos portugueses no reinado de D.
Afonso IV, encontraram as nossas caravelas a ilha de Porto Santo, a
Madeira e outras foram dadas a conhecer ao mundo. Desvenda-se a
lenda do Mar Tenebroso com a passagem do Cabo Não, heróico feito de
Gil Eanes.
Desvenda-se devido à preponderância do nosso Infante o
segredo da imensa massa de água azul que tanto assustava os povos e
que 8 aterradora lenda povoava de fantasmas ou cobria de pedras
preciosas, guardadas por terríveis monstros, consoante a imaginação
dos mareantes da época.
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É devido ao nosso glorioso Infante que no Atlântico, no
Índico, no Pacífico, no Árctico e Antárctico se encontram ilhas cujos
nomes são de origem portuguesa. Descobrimos continentes, ilhas,
oceanos e mares, civilizámos povos, demos-lhe a verdadeira religião, levando sempre os olhos e pensamento postos na Cruz do
Redentor, desenhada nas velas desfraldadas.
Não foi certamente com «excessiva benevolência», como
Zurara nos diz, que o Infante levou a cabo a sua imensa e gloriosa obra, mas era compreendido e amado pelos seus homens,
não só por saberem que ele era muitíssimo inteligente e por compreenderem que a sua obra era grandiosa e seria lembrada
através dos séculos enquanto houvesse seres racionais sobre a terra,
mas também, porque era honra e glória colaborarem com ele.
Nas viagens era lembrado quer pelos marinheiros, quer
pelos capitães e todos queriam cumprir o melhor possível as suas
ordens, porque desejavam dar-lhe alegria.
Qual é o país que se pode ufanar de tão gloriosos feitos?
O mar, o mistério terrível desses tempos, foi vencido graças
ao esforço de um só homem – um português. Tal foi a obra gloriosa do Infante D. Henrique de que rodos nós nos devemos
orgulhar e ao qual se ajusta na perfeição aquele verso de Fernando
Pessoa tão cheio de significado e conteúdo:
«Deus quer, o homem sonha, a obra nasce!...»
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NOTA – Por este trabalho ser muito extenso, limitamo-nos apenas
a publicar um dos
capítulos mais sugestivos. |