Em 1769, nasce
na Córsega, uma pequena ilha mediterrânica, uma
criança que iria alterar o rumo da História europeia.
Levado para França com 9 anos, recebe uma educação
militar. Em 1785, era já tenente de artilharia. Quatro
anos depois, a França conhece um período tumultuoso,
cujos efeitos se repercutiram nas monarquias europeias.
Em 1793, Napoleão, porque é desta figura célebre que
estamos a falar, é já uma figura famosa. Ascende neste
ano ao posto de brigadeiro. Três anos depois, em Março
de 1796, conhece Josefina de Beauvais, uma viúva bonita
com quem casa e, dois dias depois, assume o comando do
exército francês.
Napoleão
inicia um período de glória, começando a alargar as
fronteiras da França e a construir uma réplica do
antigo império romano.
Por três vezes
tentou também subjugar Portugal. Os seus exércitos
invadem em três vagas sucessivas este País e por três
vezes são derrotados, não sem antes terem deixado uma
vaga de destruição, de morte e de pilhagem, à qual
nem os túmulos dos nossos principais monumentos
escaparam.
A glória
napoleónica termina em 1814, quando a Áustria, a
Rússia, a Prússia e a Inglaterra atacam a França.
Napoleão é
exilado na ilha de Elba, de onde foge mais tarde, sendo
capturado vinte dias depois.
Em 6 de Outubro
de 1816, desembarca em Santa Helena, uma remota ilha
atlântica, onde morre cinco anos depois, a 5 de Maio de
1821, após um ano de sofrimentos intensos.
Durante muito
tempo, a tese defendida pelos seus admiradores foi a de
que Napoleão tinha sido envenenado. E esta ideia ganhou
nova consistência em 1961, altura em que Sten
Forshufvud, um entomologista sueco, lançou a hipótese
de que teria sido assassinado com arsénico.
Em 2001, novos
estudos, impulsionados por uma revista científica
francesa, vieram invalidar a hipótese de assassínio.
Se Napoleão não foi envenenado com arsénico, então
quais as causas da sua morte?
Quando
desembarcou em Santa Helena, Napoleão, no dizer
daqueles que então o conheceram, era um homem ainda
pleno de vigor. Cinco anos depois, era já um ancião
alquebrado de 51 anos. Este declínio rápido esteve na
origem de uma série de especulações, entre as quais a
hipótese de assassínio que, a verificar-se, não teria
sido de qualquer utilidade para ninguém e muito menos
com interesse político. A hipótese lançada em 1961 do
envenenamento por arsénico veio reavivar todas as
antigas especulações sobre as causas da morte.
A conclusão a
que se chegou em 2001, após vários estudos, é que a
causa da morte terá sido, efectivamente, a doença. Uma
úlcera gástrica crónica terá estado na verdadeira
origem da morte de Napoleão. O último ano de vida foi
o de uma agonia lenta, provocada pela perfuração das
paredes do estômago, que só não lhe provocou uma
morte rápida, devido ao facto da abertura ter sido
parcialmente obstruída por outro órgão.
Não fizemos
aqui mais do que uma brevíssima apresentação dos
problemas levantados pela morte de uma figura que marcou
profundamente o início do século XIX. Para um conhecimento mais
aprofundado, diríamos mesmo exaustivo de toda a
problemática que tem envolvido a morte de Napoleão,
remetemos o leitor interessado para o número 1022 da
revista “Science et Vie”, de Novembro de 2002, onde
se encontra um artigo que talvez ponha um ponto final nesta
questão.
Henrique J. C. de
Oliveira