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A Desaparecida
O filme
Título português: A Desaparecida;
Título original: The Searchers; Realização: John Ford;
Argumento: Frank S. Nugent, segundo o romance «The
Searchers» de Alan LeMay; Fotografia: Winton C. Hoch e
Allred Gilks (em Technicolor e VistaVision); Direcção
Artística: Frank Hotaling, James Basevi e VicIar Gangeling;
Figurinos: Frank Beetson e Ann Peck; Música: Max
Steiner: Canção «The Searchers», de Stan Jones, por Stan Jones e
«The Sons of the Pionners»; Som: Hugh McDowell e Howard
Wilson; Montagem: Jack Murray; Efeitos Especiais:
George Brown; Intérpretes: John Wayne (Ethan Edwards),
Jelfrey Hunter (Martin Pawlet), Vera Miles (Laurie Jorgensen),
Ward Bond (Capitão-Reverendo Samuel Clayton), Natalie Wood (Debbie
Edwards), John Qualen (Lars Jorgensen), Olive Carey (Sra
Jorgensen), Harry Brandon (Chele Scar), Ken Curtis (Charlie
McCorry), Harry Carey Jr (Brad Jorgensen), António Moreno (Emilio
Figueroa), Hank Worden (Mose Harper), Lana Wood (Debbie em
criança), Walter Coy (Aaron Edwards), Dorothy Jordan (Martha
Edwards), Pippa Scott (Lucy Edwards), PaI Wayne (Tenente Greenhill),
Beulah Archulletta (Look), Jack Pennick (soldado), Peter Mamakos (Futterman),
Bill Steele (Nesby), Clyff Lyons (Coronel Greenhill), Rilly
Cartledge, Chuck Hayward, Slim Hightower, Fred Kennedy, Terry
Wilson (duplos), Away Luna, Billy Yellow, Bob Many Mules, Exact/y
Sonnie Betsuie, Feather Hat Jr, Harry Black Horse, Jack Tin Horn,
Many Mules Son, Percy Shooting Star, Pele Grey Eyes, Pipe Line
Begishe, Smile White Sleep (índios Comanches), Mae Marsh, Dan
Borzage; Produção: Merion C. Cooper, C. V. Whitney e
Patrick Ford, para C. V. Whitney Pictures-Warner Brothers;
Duração Original: 119 minutos; Filmado de Fevereiro ao Verão
de 1955 em Monument Valley, Utah e Colorado; Estreia Mundial:
Nova Iorque, a 26 de Maio de 1956; Estreia em Portugal:
Cinema Império, a 17 de Julho de 1957.
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Sinopse |
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Texas, 1868. Uma porta abre-se sobre a planície. Ao longe um
cavaleiro avança. Ethan Edwards regressa a casa de onde partira 7
anos antes, para lutar no Exército Confederado na guerra entre os
Estados, e, no seu termo, possivelmente nas forças de Maximiliano
do México na luta contra os juristas (segundo John Ford) o que
explica a medalha e as moedas de ouro recém-cunhadas. Para o
cavaleiro que regressa (como Ulisses) o tempo parou no momento da
partida. Confunde a sobrinha pequena com a mais velha, que deixara
com aquela idade, e tem uma reacção contrafeita ao encontrar em
casa a criança mestiça que, muitos anos antes, salvara de um
ataque dos índios «<apenas porque estava por ali»). O encontro de
Ethan com Martha mostra-nos que estiveram apaixonados um pelo
outro no passado, e que ela optou por casa com Aaron (irmão de
Ethan) por segurança, face ao espírito inquieto e aventureiro de
Ethan.
No dia seguinte chega à granja um grupo de
cavaleiros chefiados pelo reverendo e capitão de rangers Samuel
Clayton. Vem em perseguição de um grupo de índios que roubaram o
gado de um dos vizinhos. Clayton não fica particularmente
entusiasmado com a chegada de Ethan (que toma o lugar de Aaron na
perseguição) porque este lhe lembra o juramento prestado à
bandeira confederada.
O roubo do gado revela-se ser uma armadilha dos
índios para afastar os fazendeiros das suas terras, para atacarem
uma delas. É a de Aaron que é escolhida, e no regresso Ethan
depara com os cadáveres mutilados do irmão, da cunhada e do
sobrinho. As duas jovens, Lucy e Debbie foram raptadas. Com a
morte na alma, Ethan interrompe a cerimónia fúnebre para se lançar
em perseguição dos índios. Com ele parte um grupo de rangers
chefiados por Calyton, e o jovem mestiço Martin Pawley. Depois de
ser ludibriado, o grupo cai numa emboscada e é forçado a
regressar. Ethan, Martin e Brad Jorgensen (noivo de Lucy)
continuam a perseguição. Numa garganta Ethan descobre o cadáver
mutilado de Lucy e Brad enlouquecido ataca sozinho o acampamento
índio sendo abatido. Ao fim de dois anos de esforços inúteis para
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/ encontrarem os raptores de Debbie, Martin e Ethan
regressam, com Ethan garantindo a sobrevivência de Debbie (que
seria criada como índia para fazer parte da tribo) e que a
encontrariam fosse como fosse 4ão certo como a Terra girar".
De volta à granja dos Jorgensen Martin e Laurie
(a filha deles) retomam o namoro, e Ethan encontra uma carta à sua
espera de um tal Futterman (dono de um isolado posto de venda)
onde escreve que tem uma pista para encontrar a desaparecida.
Futterman indica-lhes a tribo comanche «Nawyecky» comandada por
Scar. Com os cúmplices tenta roubá-lo de noite mas Ethan arma-lhes
uma ratoeira e são abatidos.
Na granja Laurie recebe uma carta de Martin que
lhe dá conta da sua peregrinação com Ethan, à mistura com
episódios picarescos como a compra de uma mulher índia, a que dá o
nome de «Look», quando julgava ter adquirido uma manta. Encontram
um acampamento índio destruído pela cavalaria e no meio dos
cadáveres o de «Look». Entre as cativas brancas não encontram
Debbie. Muito mais tarde, no Novo México, o velho Moses Harper
diz-lhes que conhece alguém que sabe do paradeiro de Debbie. É um
mexicano que tem negócios com os «Nawyecky» e que lhe apresenta o
chefe Scar. Frente a frente os dois adversários medem-se com ódio.
Ethan e Martin encontram Debbie como uma das mulheres de Scar.
Debbie corre ao acampamento para os avisar do ataque iminente dos
comanches, mas Ethan cego pelo ódio, pretende abatê-la, sendo
impedido por uma seta envenenada. Conseguem fugir, depois de um
breve combate.
Cinco anos, entretanto, passaram na
perseguição, quando regressam mais uma vez a casa dos Jorgensen,
que se preparavam para celebrar o casamento de Laurie com Charlie
McCorry. Martin luta com Charlie enquanto Clayton dá voz de prisão
a Ethan pela morte de Futterman. Nesse momento surge uma patrulha
de cavalaria que vem trazer o velho Moses libertado num ataque a
uma aldeia índia. Moses informa do local onde Scar e a sua tribo
se encontram, o desfiladeiro de Malapai, e os rangers partem para
a expedição punitiva. Martin acompanha-os para proteger Debbie,
pois receia que Ethan a mate na primeira oportunidade. Introduz-se
no acampamento e mata Scar ao mesmo tempo que os rangers atacam.
Ethan encontra Scar morto e escalpa-o partindo em perseguição de
Debbie que se refugia no desfiladeiro. Ethan agarra-a, levanta-a
nos braços, hesita e depois aperta-a ao peito, murmurando em voz
magoada: «Vamos para casa, Debbie». Em casa dos Jorgensen as
portas abrem-se para acolher a recém-chegada, Martin e a noiva,
deixando de fora, na imensidão, a figura solitária de Ethan
Edwards. Ouve-se a canção tema cujo refrão simboliza o seu
destino:
«A man will search his heart and soul
Go searching way out there.
His peace of mind he knows he'lI find.
But where, O Lord O where?
Rideaway... Rideaway... Rideaway..."
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Crítica |
A Desaparecida já foi comparado à Odisseia e nada mais
justo. O filme tem a grandeza de um poema épico e a amplitude da
tragédia humana. Nada disso, porém, é intencional. Está lá pela
própria natureza das coisas. É um daqueles filmes cujo resultado,
projecção e compreensão ultrapassaram as fronteiras do género em
que se inscreve à partida, o western, para alcançar uma dimensão
universal. Mas não é o western, como a poesia épica grega, um
género eminentemente popular, para as suas épocas, reunindo as
suas narrativas toda a mitologia do seu tempo, e reelaborando-a
conforme as histórias que conta? Se os poemas de Homero são a
síntese da mitologia do seu tempo, A Desaparecida
é-o também da mitologia por excelência do nosso, o western, cujo
campo, a fronteira americana, equivale ao mar grego, cada vez mais
diminuto quanto mais conhecido, encerrando um périplo quase tão
amplo em espaço, e longo em tempo, para Ulisses e para Ethan
Edwards. 20 anos deambulou Ulisses pelo Egeu e Mediterrâneo, 14
foram os anos de viagem de Ethan. E cada um destes períodos, para
os seus heróis, divide-se em duas partes iguais em tempo: 10 anos
de guerra e outros tantos de peregrinação para o primeiro, e 7
para cada um dos períodos para o segundo.
Ethan, sabê-lo-emos durante a história, tem
atrás de si uma ausência de sete anos quando chega a casa do
irmão, na que é a mais bela abertura de um filme em toda a
história do cinema. Está tudo ali: todo o drama e toda a emoção,
sentimo-lo nos rostos, nos gestos, na mistura dos dois de Martha,
levantando a mão para ver a silhueta, sentimo-lo logo que há algo
entre os dois que não poderá ser dito, algo do passado, o amor que
os uniu, que depois se manifesta num plano com uma clareza
deslumbrante e encadeante: Martha acariciando o capote de Ethan
quando este se prepara para integrar o grupo de perseguição. Sete
anos que Ethan serviu, não para ganhar o amor de Martha, amor já
impossível, mas para fugir a ele. E é a impossibilidade de o
esquecer que o faz voltar, para de novo servir mais sete anos
(como Jacob
/ 7 / por
amor de Lia), mas desta vez em nome da vingança. É o ódio que o
arrasta na pista dos comanches, ódio que apenas se pode
concretizar na morte do seu «duplo», Scar, o chefe dos Nawyecky,
que massacrou Martha e a família, excepto Debbie que levou consigo
até ter a idade para se tornar sua esposa. O ódio de Ethan
manifesta toda a sua virulência em três planos, três momentos em
que, como na experiência de Kulechov, colocamos (por efeito da
montagem) deficientes matizes no rosto petrificado: quando
encontra os bisontes e começa a disparar como doido (para eles não
alimentarem os comanches), quando no forte depara com as
sobreviventes do massacre, e a câmara avança num travelling
até enquadrar Ethan em grande plano, finalmente quando se encontra
cada a cara com Scar. A firmeza e permanência do seu ódio só tem
paralelo com a permanência das gigantescas pontas que se erguem na
paisagem de Monument Valley e a areia ocre do deserto. Mas a
vingança que arduamente procura não a poderá concretizar. Scar
será morto, mas às mãos de Martin Pawley, e a Ethan apenas restará
a sua manifestação num acto gratuito, o de tirar-lhe o escalpe.
Mas este último acto é aquele que o leva à exaustão. É um rosto
vazio e desamparado que sai da tenda com o «troféu», e é esse
esvaziamento, essa «perda» que o leva à famosa sequência em que
agarra na sobrinha e lhe murmurou em voz cansada, «Let's go home,
Debbie». Perdido o motivo que lhe deu vida durante sete anos, que
lhe resta, agora que a família se reconstituiu e não tem lugar
para ele? Apenas a imensidão da planície para errar sem destino.
Que «perda» foi essa? A do seu duplo. Com ele
A Desaparecida inscreve-se no tema do «doppelganger»
da cultura alemã. Não é torcer o sentido das coisas de modo a
fazê-las encaixar-se naquilo que queremos. Na verdade, se John
Ford é o cineasta americano por excelência, ele sofreu a
influência do expressionismo alemão quando esta «escola» estava na
moda, e dois dos seus filmes têm directamente a ver com a
Alemanha: Os Quatro Filhos (1928) e
Peregrinação (1933). Mas entre o primeiro e Tormenta
a Bordo, é o estilo fotográfico, chamado «expressionista»
com os contrastes bem afirmados entre as sombras e a luz que se
infiltra (as famosas portas nos seus filmes, que em A
Desaparecida se abrem para a luz, no plano inicial, e se
fecham para as trevas, no plano do fim) que domina grande parte da
sua obra, em particular O Denunciante (a sequência
da igreja, na sua simbologia, as sequências do bar e das ruas, no
seu realismo) e Tormenta a Bordo (as deslumbrantes
imagens do cais com os marinheiros em fuga). Tais influências
nunca o deixaram e se tecnicamente se atenuam, tematicamente elas
irrompem em mais de um momento: a história de dadas» de O
Homem Tranquilo, e o tema do «duplo» que é quase uma
constante: Wyatt Earp e o velho Clanton em A Paixão dos
Fortes, York e Thursday em Forte Apache, o
padre e o tenente da polícia em O Fugitivo, Thornton
e Danaker em O Homem Tranquilo. O «duplo» geralmente
está apartado, é o objecto de busca e de busca para ser destruído,
mas cumprido o destino leva inevitavelmente ao fim do outro,
porque entre os dois
/ 8 / há uma
espécie de comunicação vital que apenas funciona enquanto circula.
O «duplo» de Tom Doniphon é Liberty Valance, o de Ethan Edwards é
Scar. Ambos são homens condenados pelo progresso, pela civilização
que avança, simbolizada pela instalação de granjas, pela cultura
da terra, pela fixação dos colonos. Ambos erram pelas planícies
adiando o fim, têm gestos miméticos (a sombra ameaçadora de Scar
sobre Debbie que mais tarde fará sua esposa, Ethan levantando-a no
ar em ameaça, para depois a abraçar), são guerreiros
experimentados e matreiros (à armadilha de Scar à patrulha dos
rangers corresponde a armadilha de Ethan a Futterman e aos seus
homens), e têm, inclusive, as mesmas palavras quando se encontram:
«Falas bem o comanche. Alguém te ensinou?». Finalmente, a mesma
medalha passa de um para o outro, por intermédio de Debbie.
Se é o ódio que move Ethan, a Martin é o amor.
O amor da família que a tragédia destruiu e que procura
reconstituir recuperando Debbie. Por isso só poderá casar com
Laurie depois de terminada a sua missão ou a ideia de família
(tema fundamental do cinema de Ford) perderia o seu sentido. E é
isso que o leva a reagir com violência perante o testamento de
Ethan que ao legar-lhe o que lhe pertence, esquecendo Debbie,
recusa esse princípio sagrado Ele vai ser a entidade «protectora»,
acompanhando o «vingador» não para o ajudar à destruição dos
comanches (no primeiro confronto hesita em disparar) mas para
proteger uma Debbie que Ethan diz «assimilada» («Tenho de estar
lá, porque vi o seu rosto quando pronuncia a palavra comanche»,
diz ele a Laurie).
A Desaparecida foi adaptado de um
romance de Alan LeMay, um conhecido escritor de westerns, também
autor de «The Unforgiven», sobre um tema semelhante, mas de forma
inversa (neste caso é uma índia educada numa família de brancos
que vem ser reclamada pelos seus irmãos de raça), que John Huston
adaptou ao cinema e que em Portugal teve o título de O
Passado Não Perdoa, Publicado em 1954, «The Searchers»
atraiu de imediato a atenção de Merian C. Cooper, co-produtor de
muitos filmes de Ford.
Com argumento de um dos mais íntimos
colaboradores de Ford, Frank S. Nuggent, A Desaparecida
surge como uma obra fundamental na carreira do realizador, porque
marca a passagem para a última fase, aquela em que o velho
guerreiro passa da fase da acção para a de meditação sobre o
sentido da história sobre o passado para sempre perdido com os
seus rituais e tradições, com a amargura de quem vê morrer os
princípios que o guiaram, mas sabendo a sua morte inevitável para
dar lugar, para o melhor e para o pior, aquilo a que se chama
progresso. Por isso, o complemento indispensável de A
Desaparecida é não Terra Bruta, quase uma
continuação ainda mais amarga, mas O Homem que Matou Liberty
Valance em que se encena essa mudança nas figuras de
Doniphon (Wayne) e Rance (James Stewart). A esses colonos
finalmente fixados na terra, que acabam por se organizar
/ 9
/ politicamente através da eleição de Rance, resta
apenas enterrar sem honra nem glória um Doniphon que mais não é do
que a última oportunidade de Ethan Edwards de fazer parte dessa
nova civilização. A interrogação final sobre a busca da paz de
espírito a que A Desaparecida responde com a eterna
errância, O Homem que Matou Liberty Valance vem
dizer que apenas na tumba ela terá lugar. Na morte e no
esquecimento. Dentro desta evolução, A Desaparecida
é o núcleo central de uma trilogia, menos evidente do que a da
Cavalaria, mas com uma maior relação com a história dos Estados
Unidos, e que é talvez, bem analisada, a mais pessoal de Ford.
Entre A Caravana Perdida (a busca da terra pelos
colonos) e Liberty Valance (o triunfo da
civilização), o drama da sobrevivência e da fixação. O pano de
fundo é sempre o mesmo, Monument Valley, transformado em símbolo
da América dos pioneiros. E repare-se como, progressivamente, esta
paisagem primitiva, este símbolo telúrico de comunhão entre homem
e natureza, se vai atenuando de filme para filme. Domina toda a
viagem da Caravana, com as suas ravinas cheias de perigos e as
pontas erguidas como marcos de viagem, envolve os aventureiros de
A Desaparecida, mas esbate-se em fundo, como uma
paisagem ainda ameaçadora, nas sequências dos ranchos, para se
limitar a ser o «tema» de fundo da figura de Doniphon em
Liberty Valance, desaparecendo da cidade em que decorre a
eleição. A sequência chave para entender esta evolução tem lugar
aquando do segundo regresso de Ethan, quando à noite conta as
peripécias da busca aos Jorgensen, o velho Lars responde a Ethan,
que se sentia responsável pela morte de Brad, dizendo que foi
«esta terra que matou o meu filho» («Ah, Ethan! Esta terra!»,
exclama Lars, num gesto que abrange Monument Valley), queixa que a
mulher interrompe firme e enfaticamente: «Acontece, Lars, que
somos texanos. E talvez se possa viver em paz nesta terra daqui a
cem anos, mesmo que para isso precise dos nossos ossos». Todo o
sentido da história da América se condensa neste breve discurso.
Quintessência da obra de Ford e momento de
passagem, A
Desaparecida é por isso o filme
do encontro de toda a «família» fordiana física e espiritual,
reunindo num mesmo ponto, passado, presente e futuro.
Extrapolando o seu sentido, poderia dizer-se
que o filme é aquele núcleo que
explodindo se projecta em
todas as direcções criando um universo povoado
de galáxias (pois todas as variações do western que a
seguir virá, de Peckinpah e Penn nascem aqui), ou aquela palavra
única sonhada por Jorge Luís Borges que em si continha todos os
sentidos de todas as palavras./ 10 /
Situação do
filme
na história do cinema
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A Desaparecida surge num momento peculiar do cinema
americano, o que explica a relativa indiferença com que o filme
foi recebido na altura. A televisão deixara de ser uma simples
ameaça na paisagem, era uma feroz concorrente que afastava milhões
de espectadores e se apropriava dos modelos clássicos que eram a
base da indústria e com ela alguns géneros tradicionais, em
particular o western. Velhas glórias do western B conquistam de
novo a popularidade através do pequeno ecrã, Gene Autry, Roy
Rogers, William Boyd (Hopalong Cassidy). Face a esta
competição o western no cinema começa a utilizar temas mais
delicados introduzindo no seu campo elementos até então chamados
"impuros», mas que se manifestavam um pouco desde a segunda guerra
mundial: o sexo (A terra dos Homens Perdidos), o
racismo (A Última Caçada), a psicanálise (Núpcias
Trágicas), os problemas sociais (os linchamentos em
Consciências Mortas), a alegoria política (O Comboio
Apitou Três Vezes). Em 1956 o western ainda se porta bem,
e este é mesmo o último ano de ouro do género. São realizados 83
westerns o que representa 31 % da produção total cinematográfica
nos EUA, e todas estas tendências se manifestam no seu interior.
Isto faz de 1956 um ano de transição onde às novas variações se
misturam as velhas fórmulas do western "puro», de que o exemplo
mais flagrante é o excelente O Homem da Mascarilha
(The Lone Ranger), influenciado pelo êxito na TV interpretada por
Clayton Moore e Jay Silverheels. Realizado por Stuart Heisler foi
um êxito inesperado que levará à realização de uma nova aventura
cinematográfica do herói mascarado dois anos depois, A
Cidade do Ouro (The Lone Ranger and the Lost City of Gold).
A aventura "pura» está ainda presente num filme como Bandido
(Bandido Caballero) de Richard Fleisher, mas o predomínio é a obra
de "introspecção», complexa (O Sexto Homem, de John
Sturges, Sublime Tentação, de William Wyler,
Terra Maldita de Jacques Tourneur, Sete Homens para
Matar, de Budd Boetticher, e Sétimo de Cavalaria,
de Joseph Lewis) senão mesmo numa autocrítica levada à irrisão (Um
Rei e Quatro Rainhas, de Raoul Walsh).
Desta forma o western procurava enfrentar a
concorrência da televisão e nisso juntava-se ao cinema em geral no
mesmo com bate quer através da utilização dos meios do adversário
(a busca de um realismo quotidiano em Marty de Delbert Mann, feito
no ano anterior, e, por isso mesmo, premiado com o óscar) e os
seus personagens populares (o caso de Lone Ranger), quer pela
denúncia da sua força manipuladora (Um Rosto na Multidão,
de Elia Kazan) e a crítica cáustica (e em 1957 Frank Tashlin fará
a mais corrosiva sátira ao novo "media»: A Loira Explosiva
– Will Sucess Spoil Rock Hunter?), quer pela abordagem de
problemas mais delicados inacessíveis à televisão (a droga em
O Homem do
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Braço de Ouro, de Preminger, o sexo (Chá e
Simpatia, de Minnelli, A Voz do Desejo, de
Kazan), a homossexualidade que começa a ser abertamente
apresentada (Jocko de Paris – The Strange One, de
Jack Garfeinl a que o western se juntará em 1959 com O Homem
das Pistolas de Ouro, de Dmytryk. O combate faz-se também
através da super-produção apoiada na utilização dos novos
processos técnicos (Cinemascope, Vistavision, Todd-Ao), e 1956 é
um ano particularmente rico neste campo (Os 10 Mandamentos,
de De Mille, Helena de Tróia, de Robert Wise,
Alexandre o Grande, de Robert Rossen, Guerra e Paz,
de King Vidor e A Volta ao Mundo em 80 Dias, de
Michael Anderson) que se reflecte inclusive no musical, agora
virado quase exclusivamente para as adaptações dos grandes
triunfos da Broadway (O Rei e Eu e Carrocel.
A Desaparecida é também um ponto
de convergência e de ramificação do western. Para além de todas as
situações clássicas ele introduz uma variante no melhor sobre a
questão dos índios que irá marcar todo o western que está para
vir. Para ele conflui todo um cinema que tem origem no Forte
Apache de Ford e em A Flecha Quebrada, de
Delmer Daves: o índio como vítima. Se não há referências
explícitas, as imagens por si só são significativas: o índio está
em fuga constante, numa mobilidade imposta por questões de
sobrevivência e quando é encontrado é pura e simplesmente
massacrado: as imagens da aldeia destruída pelo Sétimo de
Cavalaria (ironicamente acompanhado ao som da marcha
bélica «Garry Owen»), e as do ataque final, em tom de pura missão
punitiva e de destruição antecipam (e dizem mais) os filmes de
«denúncia» que virão nas décadas seguintes, de O Pequeno
Grande Homem de Arthur Penn a Soldado Azul,
de Ralph Nelson. Por outro lado A Desaparecida vem
introduzir um tema que vai ser amplamente explorado depois: o do
rapto de branco(a)s pelas tribos índias, já antevista em A
Passagem do Noroeste de King Vidor (1939). O próprio Ford
a ele voltará de uma forma ainda mais desencantada em Terra
Bruta, e entre os que sofreram a sua influência
encontram-se A Flecha Sagrada, de Samuel Fuller,
Emboscada Fatal (Comanche Station) de Boetticher,
Major Dundee, de Sam Peckinpah, Um Homem Chamado
Cavalo de Silversteen, Soldado Azul e
Duelo em Diablo, de Ralph Nelson, O Pequeno Grande
Homem, de Penn, etc.
A própria questão do tratamento dos mestiços
sofre com A Desaparecida um novo desenvolvimento. Ao
Martin Pawley interpretado por Jeflrey Hunter junta-se, nesse
mesmo ano, o Richard Wydmark de A Última Caravana
(The Last Wagon), de Delmer Daves e mais tarde um Paul Newman em
Hombre, de Martin Ritt, entre os mais importantes.
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Relações
interdisciplinares |
A Desaparecida pode servir de ponto de
partida para o estudo de várias questões e manifestações culturais
da América do século passado.
Decorrendo entre 1868 e 1875 manifestam-se no
filme ainda os sinais do conflito que abalou a jovem nação entre
1861 e 1865: A guerra entre os Estados, também chamada (do lado
dos vencedores) como guerra da Secessão, e erradamente conhecida
como guerra Civil. O personagem de Ethan Wayne permite-nos
acompanhar não só o conflito mas também outros vizinhos dos EUA: a
guerra do México entre juristas e as forças de Maximiliano (neste
caso, Vera Cruz, de Robert Aldrich, poderia ser
visto como episódio que falta entre a guerra e a chegada de Ethan
ao rancho).
O tema da reconstrução (como é conhecido o
período que medeia entre o fim da guerra e meados da década de
801, que traz consigo a estabilização
dos colonos nas novas terras abertas com as «corridas», a expulsão
dos índios para as reservas e a sua revolta o que deu origem às
guerras índias. intimamente ligado a esta, o massacre dos
bisontes.
Em A Desaparecida,
o encontro de Ethan e Martin com a manada que o primeiro pretende
dizimar, decorre cerca de 1870, que é exactamente o ano em que
começou a grande matança que deixou aquela espécie quase dizimada
em fins da década de 80, acção que valeu
ao presidente Grant palavras de apreço aos caçadores dizendo que
eles fizeram mais em poucos anos para resolverem a «questão índia»
do que o Exército em 30 anos de combates. O bisonte constituía a
base de sobrevivência do índio que dele extraía alimentação e
matérias-primas.
A Desaparecida também pode servir
de partida para uma compreensão do fenómeno migratório para os
EUA, com os rancheiros vindos dos mais diversos países da Europa,
procurando construir uma nova vida para si e os seus descendentes
(o discurso de Olive Carey), as dificuldades que enfrentam e o
sonho de um paraíso perdido (Uma mítica Califórnia é evocada, para
explicar a ausência de Ethan, a mesma que será a miragem de
milhões de
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americanos arruinados no período da Depressão, de que John Ford
fez o retrato em As Vinhas da Ira) que os empurra de
terra para terra.
Se A Desaparecida não é tão
abundante em música folclórica americana como Rio Grande
(o mais musical dos filmes de Ford) apresenta várias melodias que
reflectem a sua importância na cultura americana, tanto no século
passado como hoje (a marcha militar «Garry Owen», o popular hino "Shall
We Gather at the River», e a canção "The Searchers» por Stan Jones
e os "Sons of the Pioneers», influenciada pelo folk), e que se
reflecte na elegíaca música original de Max Steiner.
Finalmente a pintura americana do século
passado passa, mais uma vez, pelo cinema de Ford, em particular a
paisagística, e as pinturas do "Wild West» do último quartel. Como
em Os Dominadores a que predomina é a de Frederic
Remington, mas também se encontram as influências de Charles
Schreyvogel e os retratos dos índios de Charles Russel.
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John Ford
O
Realizador
|
De seu verdadeiro nome Sean Aloysius Q'Feeney (ou Q'Fearna),
John Ford nasceu em Cape Elizabeth, Maine (EUA), a 1 de Fevereiro
de 1895, filho de emigrantes irlandeses. Herdou dos pais o amor
pela Irlanda, que se vai manifestar mais tarde não só no cinema
como também no apoio dado ao IRA na luta pela independência da
ilha.
Frequentou o colégio de Portland e a
Universidade de Maine, esta durante 3 semanas em 1914, deixando-a
para trabalhar com o irmão, Francis Ford, vedeta de cinema nesta
fase primitiva (em Portugal era conhecido como o «Conde Hugo» nome
de um personagem seu num «serial»). John Ford faz de tudo um
pouco, de trabalho técnico a figurante e duplo, e é um dos muitos
futuros mestres do cinema que passam pelos «sets» de Nascimento de
uma Nação, de David Wark Griffith. Ford dizia que para além de
assistir às filmagens participou neste marco histórico como
figurante. Teria sido um dos cavaleiros do Klu Klux Klan,
acrescentando, num dos seus «private jokes», que era o que usava
óculos. Falhou o concurso de admissão à Escola Naval, e durante a
Primeira Grande Guerra procura alistar-se na Marinha, sendo
recusado por deficiência visual, o que não o impedirá, mais tarde,
de fazer parte dela, participando no teatro de operações da
Segunda Guerra Mundial na equipa cinematográfica da USN (filma a
Batalha de Midway, no decorrer da qual perdeu uma vista, e que lhe
valeu o óscar para o melhor documentário), fez a campanha da
França, e teria participado em acções de espionagem da OSS (um dos
seus projectos finais não realizados era sobre esta organização
precursora da CIA), e alcançou o posto de almirante honorário. A
sua paixão pela Marinha, é testemunhada pela forma como privilegia
este corpo das Forças Armadas em vários filmes, de A Águia
Azul a A Águia Voa ao Sol, passando por
Esquadra Heróica e Homens para Queimar.
Em 1916, como Jack Ford, torna-se assistente de
realização do
/ 17 / irmão
nos Estúdios da Universal, e no ano seguinte assina o seu primeiro
filme, The Tornado. O quarto filme que realiza nesse
ano, The Soul Herder, marca o seu encontro com Harry
Carey, que vai dirigir em mais 25 filmes interpretando a figura de
Cheyenne Kid (que entre nós se popularizou com o nome de
"Caiena»).
Em 1923, já nos Estúdios da Fox, assina pela
primeira vez com o nome por que ficou conhecido, John Ford. O
filme é Dama, Valete e Rei. Em 1924 conquista o seu
primeiro grande sucesso com um western épico que se tornou um
clássico: O Cavalo de Ferro, e O Barbeiro de
Napoleão é o seu primeiro filme sonoro.
Após uma fase de comédias e dramas durante os
anos 30 (O Denunciante dá-lhe o seu primeiro óscar),
regressa ao western em 1939 com uma obra que vai revolucionar o
género, A Cavalgada Heróica, onde descobre o
Monument Valley. Se este espaço já fora filmado uma vez em 1925
por George B. Seitz em O Ocaso de Uma Raça (The
Vanishing American), é só com John Ford que ele alcança o estatuto
mítico que hoje lhe é atribuído, como «centro» da América nos
tempos da «fronteira». No enterro de John Ford, em 1973, Woody
Stroode, um actor negro da última fase da obra de Ford, dirá que
aquela terra deveria chamar-se agora «Ford's Valley». Não o foi
mas o «Ford's Point» ali erigido é local de peregrinação
obrigatória de todos os cinéfilos.
Depois da guerra Ford regressa ao western e a
Monument Valley com a mais perfeita de todas as versões do duelo
que opôs Wyatt Earp, os seus irmãos e "Doc» Holiday à família
Clanton, em A Paixão dos Fortes. Em 1947 morre Harry
Carey e Ford dedica-lhe o filme Três Padrinhos, nova
versão de O Pai Adoptivo que aquele actor
interpretara em 1919, onde se estreia o seu filho, Harry Carey Jr.
Tem início a famosa trilogia da Cavalaria (Forte Apache,
Os Dominadores e Rio Grande).
Este humanista conservador torna-se, em 1951,
centro de um dos mais conhecidos episódios na luta pela liberdade
de opinião dos realizadores americanos, em plena caça às bruxas,
quando, com a sua autoridade, impediu a eleição do
ultra-conservador Cecil B. De Mille para a Director's Guild,
mantendo Joseph Leo Mankiewicz no lugar, com um discurso que
começava com uma expressão que ficou célebre: "My name is John
Ford, I make westerns».
Neste género Ford está à altura de um poeta
como Walt Whitman, na transcrição das tradições culturais
americanas para a sua forma de escrita, e à dos grandes épicos
como Homero, pela forma de retratar os conflitos humanos, e
A Desaparecida bem pode ser a sua «Odisseia». O western
identifica-se praticamente com John Ford. Foi um dos mais activos
criadores nos tempos do primitivo, deu-lhe as cartas de nobreza
com A Cavalgada Heróica e A Paixão dos Fortes,
cantou o seu envelhecimento com A Desaparecida e
compôs o mais belo «requiem» cinematográfico em sua honra com
O Homem Que Matou Liberty Valance e celebrou ainda os
índios (que lhe deram o nome de Natani Nez − (Soldado Alto) em
O Grande Combate, filme que antecipa o
/ 18
/ chamado western pró-índio dos anos 70 (O
Pequeno Grande Homem) e um recente Danças com Lobos.
Mas a grandeza de Ford não se limitou aos
western. Uma outra vertente da sua obra é dominada pelos filmes
sobre a Irlanda, desde o tempo do mudo (A Casa do Carrasco,
Minha Mãe) até à malograda tentativa de filmar a
vida de Sean O'Casey em Young Cassidy, passando pelo
díptico dedicado à luta pela independência (O Denunciante,
A Primeira Batalha), pelas divertidas
Histórias Irlandesas e pelo inesquecível O Homem
Tranquilo. Q seu último filme, Sete Mulheres,
é uma das obras mais inovadoras do cinema americano do seu tempo.
Foi o realizador mais premiado pela Academia de
Hollywood, ganhando o óscar da melhor realização em 1935 (O
Denunciante), 1940 (As Vinhas da Ira), 1941
(O Vale Era Verde) e 1952 (O Homem Tranquilo),
além de um para o melhor documentário em 1942 (A Batalha de
Midway).
Foi a primeira personalidade do cinema a
receber o «Life Achievement Award» do American Film Institute em
1973, ano em que morreu, a 31 de Agosto.
A sua influência sobre realizadores seus
contemporâneos e futuros foi enorme. Ninguém melhor do que Orson
Welles o testemunhou ao responder à pergunta sobre os realizadores
que mais o influenciaram: «John Ford, John Ford e John Ford».
A
Família Fordiana
Mais do que qualquer dos outros filmes do seu
realizador, A Desaparecida dá-nos um retrato quase
completo da «família fordiana». As únicas zonas de sombra são as
ausências de Francis Ford, picaresca figura de «old timer» que
percorre a filmografia do irmão, que morreu em 1953, de Ben
Johnson, o mais «puro» cavaleiro do western, que uma zanga
afastara do grupo, e a de Victor McLaglen que trabalhou pela
última vez com Ford em O Homem Tranquilo. Mas os
presentes, em corpo e em espírito, ilustram toda a carreira de
Ford.
Em espírito se encontra o primeiro grande actor
fordiano: Harry Carey, não só através do seu «herdeiro», John
Wayne, da viúva e do filho, respectivamente Olive Carey (na figura
da mãe de Laurie), e Harry Carey Jr. Deste período dos
«primitivos» encontramos ainda o «eterno» Jack Pennick, que foi
quase uma espécie de «talismã» de Ford, que o metia em quase todos
os seus filmes por mais pequeno que fosse o papel, Mae Marsh, a
actriz do seu «mestre» David Wark Griffith, intérprete deste filme
que revolucionou a linguagem do cinema em 1914, Nascimento de Uma
Nação, que Ford adopta nesta fase como «convidada», e ainda Dan
Borzage (irmão de Frank Borzage), que neste filme é o violinista
da festa de casamento. António Moreno (o mexicano que leva Ethan
Edwards até ao chefe índio Scar), não sendo um actor
/ 19
/ fordiano, não é menos representativo daquela
época. Nos anos 10 e 20 foi o intérprete de vários «serials»
(filmes em episódios), campo em que Ford e o irmão labutaram nos
primeiros anos. E é no personagem que António Moreno interpreta
que se manifesta a presença espiritual de dois outros fordianos,
mesmo que um deles nunca tenha trabalhado oficialmente com o
realizador. Os mexicanos Emílio Fernandez (realizador e actor) e
Gabriel Figueroa (director de fotografia de O Fugitivo).
O nome do personagem é Emílio Gabriel Fernandez y Figueroa.
Do período clássico de Ford surge, logo à
cabeça, a figura de John Wayne. «Duke», como era conhecido fez a
sua entrada no cinema com Ford nos últimos anos do mudo, em papéis
de figurante e secundários. Em 1930, a conselho de Ford, Raoul
Walsh dá-lhe a primeira grande oportunidade à cabeça do elenco do
épico A Pista dos Gigantes (The Big Trail). O
fracasso comercial do filme lança Wayne para as séries B, chegando
a fazer de «cowboy cantor» (!) como rival de Gene Autry. Em 1939 é
Ford que lhe dá a segunda oportunidade, com o papel de «Ringo Kid»
em A Cavalgada Heróica. A partir de então tornou-se
a figura maior do universo de Ford, o espírito do passado que
cavalga entre as pontas rochosas do Monument Valley. «Duke» Wayne
vai tornar-se a figura simbólica do western e o seu envelhecimento
físico acompanha o do género, enquanto vai adquirindo a
consciência da inevitabilidade do seu fim e dos seus princípios,
face ao progresso e à desaparição da fronteira. Como Ulisses erra
pelo mundo atrás de um sonho, que está dentro dele próprio. O fim
da fronteira representa o seu próprio fim, mas a vitória da
civilização não pode fazer-se sem ele, como lapidar mente John
Ford mostra em O Homem Que Matou Liberty Valance. O
Ethan Edwards de A Desaparecida é o personagem que
desperta para a dolorosa consciência desse fim iminente, que o
outro filme consume.
Ward Bond (1905-1960) foi, com John Wayne, o
companheiro de percurso ideal de Ford, para cuja «família» entrou
em 1930 (ver filmografia). Na longa colaboração entre os dois foi
sempre um secundário indispensável, com o seu perfil duro que com
o decorrer dos anos adquire uma vincada faceta patriarcal
(especialmente em Forte Apache, A Caravana
Perdida, O Homem Tranquilo e A
Desaparecida), onde Ford se reconhece e que o leva a
dar-lhe o papel do realizador inspirado em si próprio em A
Águia Voa ao Sol.
John Qualen (o pai de Laurie) e Hank Warden (o
velho Moses) são outros secundários típicos arregimentados por
Ford no período anterior à guerra.
Da geração do pós-guerra apenas falta, como
atrás dissemos, Ben Johnson (o cavaleiro Tyree de Os
Dominadores e Rio Grande). Mas estão Harry
Carey Jr e Ken Curtis. Este último era membro do grupo coral «The
Sons of the Pioneers», intérpretes (com Stan Jones) das melodias
de vários westerns de Ford e que aqui interpretam a belíssima
melodia que abre e encerra o filme.
/ 20
/
A Desaparecida lança também a nova geração fordiana.
Se Natalie Wood não volta a trabalhar com ele, já Vera Miles
(Laurie) vai ter os papéis da sua vida às ordens de Ford (A
Desaparecida e O Homem Que Matou Liberty Valance)
e de Hitchcock (O Falso Culpado e Psico).
Também Jeflrey Hunter lhe deverá os melhores trabalhos da sua
carreira. Para além de ser Martin Pawley neste filme, voltará a
trabalhar com Ford em O Último Hurrah e O
Sargento Negro. Resta ainda, no campo dos actores, a
presença curiosa de Pat Wayne, filho do «Duke» (que já aparecera
em pequenos papéis em Rio Grande e O Homem
Tranquilo) cujo papel do tenente Greenhill, «filho do
coronel Greenhill», dá origem a um dos mais divertidos «private
jokes» do cinema de Ford, nas alusões à paternidade, diante do seu
verdadeiro progenitor.
A mesma homogeneidade (e fidelidade) se
encontra na equipa técnica. Winton C. Hoch, o director de
fotografia, que sabia como ninguém captar a luz e as sombras do
deserto, trabalhava com Ford desde Os Três Padrinhos
e com ele ganhara dois óscares (Os Dominadores e
O Homem Tranquilo). Max Stein (1988-1971), não será bem
um membro da família, sendo antes o compositor por excelência da
Warner Brothers. Mas durante os anos 30 compôs a música de mais
quatro filmes de Ford, ganhando um óscar com a de O
Denunciante. Foi também o compositor de Casablanca
de Michael Curtiz. Frank S. Nugent (1908-1965), o
argumentista, esse é tipicamente fordiano. Como crítico foi um dos
seus mais apaixonados defensores nas páginas do «New Times» nos
anos 30, e dos 21 argumentos que escreveu 11 foram para John Ford,
não só westerns como Forte Apache e Os
Dominadores, mas também comédias como A Taberna do
Irlandês. Finalmente Meriam C. Cooper (1893-1973), o
co-produtor (também conhecido como um dos realizadores da primeira
versão de King Kong), está ligado à produção dos
filmes de Ford desde A Cavalgada Heróica, tendo
formado com o realizador a companhia de produção independente «Argosy
Pictures» em 1947. Cooper ficou também conhecido por ter sido o
primeiro produtor de filmes em Cinerama.
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Filmografia
1917 The Tornado
The Trail of Hate
The Scrapper
The SouI Herder (Primeiro filme com Harry Carey)
Cheyenne's Pai
Straight Shooting (Primeira longa metragem de Ford)
The Secret Man
A Marked Man
Bucking Broadway
1918 The Phantom Riders
Wild Women
O Enigma do Silêncio (The Craving)
Thieves' Gold
Uma Gota de Sangue / A Pérola Maldita (The Scarlet Drop)
Hell Bent
A Woman's Fool
Three Mounted Men
1919 Esposa por Anúncio (Roped)
The Fighting Brothers
O Barranco do Diabo (A Fight for Love)
By Indian Post
The Rustlers
Bare Fists
Gun Law
The Gun Packer
O Cavaleiro Vingador (Riders of Vengeance)
The Last Outlaw
The Outcasts of Poker Flat
The Ace of the Saddle
The Rider of lhe Law
A Gun Fightin' Gentleman
Pai Adoptivo (Marked Men) - Primeira Versão de Três Padrinhos
1920 The Prince of Avenue A - interpretado por James J. (Gentleman
Jim)
Corbett
A Menina do Quarto 29 (The Girl in n.o 29)
Hitchin' Post
Under Sentence
Just Pais - 1º Filme de Ford para a FOX, interpretado por Buck
Jones
1921 The Big Punch
The Freeze Out
The Wallop
Desperate Trails
Action
A Sangue e Fogo (Sure Fire)
Jackie
1922 A Menina Sorrisos (Little Miss Smiles)
Loucuras da Mocidade (Silver Wings)
O Ferreiro da Aldeia (The ViIIage Blacksmith)
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1923 The Face on the Barroom Floor
Three Jumps Ahead
Dama, Valete e Rei (Cameo Kirby)- Jack Ford passa a assinar
como
John Ford
A Jornada da Morte (North of Hudson's Bay)
O Pecador Errante (Hoodman Blind)
1924 O Cavalo de Ferro (The Iron Horse) - Primeiro filme
com George
O'Brien Hearts of Oak
1925 Lightnin'
Kentucky Pride
O Campeão (The Fighting Heart) - Primeiro filme com Victor
McLaglen
Thank Vou
1926 The Shamrock Handicap
Três Homens Maus (Three Bad Men)
A Águia Azul (The Blue Eagle)
1927 Upstream
1928 Minha Mãe (Mother Machee)
Os Quatro Filhos (The Four Sons)
A Casa do Carrasco (Hangman's House) - Primeira aparição de
John
Wayne no cinema
Napoleon's Barber - Primeiro filme sonoro de John Ford
Riley lhe Cop
1929 Strong Boy
The Black Watch
Salute - Primeiro filme com Ward Bond
1930 O Submarino S-13 (Men Without Women)
Born Reckless
Up lhe River - Estreia de Spencer Tracy e Humphrey Bogart no
cinema
1931 The Seas Beneath
The Brat
Arrowsmith
1932 Air Mail - Primeiro filme com o argumentista Frank «Spig»
Wead
Carne (Flesh)
1933 Peregrinação (Pilgrimage)
Dr. Buli
1934 A Patrulha Perdida (The Lost Patrol)
O Mundo em Marcha (The World Moves On)
Judge Priest
1935 Não se Fala Noutra Coisa (The Whole Town's Talking)
O Denunciante (The Informer)
Steamboat Round the Bend
1936 O Prisioneiro da Ilha dos Tubarões (The Prisoner of
Shark Island)
Maria Stuart, Rainha da Escócia (Mary of Scotland)
A Primeira Batalha (The Plough and the Stars)
1937 Shirley, Soldado da Índia (Wee Willie Winkie)
O Furacão (Hurricane)
1938 As Aventuras de Marco Polo (The Adventures of Marco
Polo) - Ford
realizou algumas sequências deste filme de Archie L. Mayo
O Juramento dos Quatro (Four Men and a Prayer)
Esquadra Heróica (Submarine Patrol)
1939 A Cavalgada Heróica (Stagecoach) - Pela primeira vez o
Monument
Valley no cinema de Ford
A Grande Esperança (Young Mister Lincoln) - Primeiro filme com
Henry
Fonda
Ouvem-se Tambores ao Longe (Drums Across lhe Mohawk) - Primeiro
filme a cores de Ford
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1940 The Grapes of Wrath (título na RTP: As Vinhas da Ira);
Tormenta a Bordo (The Long Voyage Home)
1941 Tobacco Road (título na RTP: A Estrada do Tabaco)
Sex Hygiene (curta metragem para o exército dos EUA)
O Vale Era Verde (How Green Was My Valley)
1942 A Batalha de Midway (The Battle of Midway) -
Documentário
Torpedo Squadron - Documentário
1943 December 7th - Documentário
We Sail at Midnight - Documentário
1945 Homens Para Queimar (They Were Expendable)
1946 A Paixão dos Fortes (My Darling Clementine)
1947 O Fugitivo (The Fugitive) - Primeiro filme da «Argosy»,
companhia
de Ford
1948 Forte Apache (Fort Apache)
Three Godfathers (título na RTP: Os Três Padrinhos)
1949 Os Dominadores (She Wore a Yellow Ribbon)
Herança Cruel (Pinky) - Ford dirige a primeira sequência, após o
que adoece e é substituído por Elia
Kazan
1950 O Azar de Um Valente (When Willie Comes Marching Home)
A Caravana Perdida (Wagonmaster)
Rio Grande (Rio Grande)
1951 This is Korea! - Documentário
1952 O Preço da Glória (What Price Glory) - 2ª versão do
filme homónimo
de Raou! Walsh (1926)
O Homem Tranquilo (The Quiet Man)
1953 O Sol Nasce Para Todos (The Sun Shines Bright) 2ª
versão de
Judge Priest, de Ford
Mogambo (Mogambo) - 2ª versão de Terra Abrasadora (Red Dust)
de
Victor Fleming (1932)
Hondo (Hondo) - Ford dirige alguns planos deste filme de John
Farrow
1955 Uma Vida Inteira (The Long Gray Line) - Primeiro filme
de Ford
em Cinemascope
Mr. Roberts (Mr. Roberts) - co-dirigido com Mervin Le Roy The
Bamboo
Cross (episódio da série de TV: «Fi reside Theatre»)
Rookie of lhe Year (episódio da série de TV: «Screen
Directors
Playhouse»)
1956 A Desaparecida (The Searchers)
1957 A Águia Voa ao Sol (Wings of lhe Eagle) - inspirado na
vida
do argumentista Frank «Spig» Wead, com Ward Bond
interpretando
a figura de John Ford
The Rising of lhe Moon (título na RTP: Histórias Irlandesas)
1958 O Último Hurrah! (The Last Hurrah)
1959 Um Crime Por Dia (Gideon of Scotland Yard/Gideon's Day)
Korea - documentário
Os Cavaleiros (The Horse Soldiers)
1960 The Colder Craven Story (episódio da série de TV:
Wagon Train)
O Sargento Negro (Sergeant Rutledge)
1961 Terra Bruta (Two Rode
Together)
1962 O Homem que Matou Liberty Valance (The Man Who Shot
Liberty Valance)
Flashing Spikes (episódio da série de TV: Alcoa Premiere)
A Conquista do Oeste (How lhe West Was Won) - Ford dirige o
episódio sobre a guerra entre os Estados
1963 A Taberna do Irlandês (Donovan's ReeI)
1964 O Grande Combate (Cheyenne Autumn)
1965 Young Cassidy (título na RTP: O Jovem Cassidy) -
projecto muito
caro a Ford que fez toda a preparação mas não pode
dirigi-lo
por ter adoecido. Jack Cardiff substituiu-o
1966 Sete Mulheres (Seven Women)
1970 Chesty: A Tribute to a Legend - Semi-documentário
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Opiniões
«Obra charneira no desenvolvimento do género, The Searchers
escapa às categorias intelectuais cómodas. É racista ou
anti-racista? O espectador é apanhado de surpresa. O tratamento
infligido a "Look", a mulher índia que Martin comprou
inadvertidamente, revela da farsa mais grosseira e escandaliza.
Mas no instante seguinte tudo se abala: "Look" é uma vítima cujo
destino desperta a piedade, e a Cavalaria americana, caracoleando
ao som do "Gary Owen", é acusada de genocídio.» – Jean-Loup
Borget
«Uma história onde se afronta a dura realidade
do Oeste, e se enfrenta um verdadeiro inimigo.» – John
Wayne
«A atracção que exerceu sobre os intelectuais
da crítica dos anos 60 e 70, e os jovens realizadores em revolta
contra o idealismo desacreditado dos seus pais, não causa
surpresa. Quando são incapazes de se identificarem com os heróis
honrados e justos que exprimem a visão de Ford do passado, podem
reivindicar a herança "neo-romântica" do "alienado" Ethan
Edwards.» – Lindsay Anderson
«Representando o mais emocionalmente complexo e o mais sofisticado
trabalho de Ford, The Searchers consegue ser simultaneamente um
excitante filme de aventuras e um melancólico poema
cinematográfico explorando os valores da América no coração do
género western.» – Ed Lowry
«Em A Desaparecida, quando John Wayne encontra
de novo Natalie Wood e de súbito a toma nos braços, passamos do
gesto estilizado ao sentimento, de John Wayne petrificado de
repente a Ulisses que reencontra Telémaco.» – Jean-Luc
Godard
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«... Scorsese e eu estamos de acordo para considerar A
Desaparecida como o melhor filme americano.» – Paul Schrader
«O fim de A Desaparecida e o de Gertrudes (de
Carl Dreyer) deixam o personagem principal de ambos os filmes numa
espécie de cripta, Monument Valley e a casa de Gertrudes. A
heroína de Dreyer fecha a porta sobre ela própria e Ethan mergulha
na paisagem luminosa de onde saiu.» – Jean-Louis Leutrat
«O personagem de John Wayne em The Searchers é
um dos mais belos trabalhos que conheço sobre a violência
americana e sobre o que D. H. Lawrence chama o "killer solitário
americano". Ford tem o gênio de uma terra, encarna a lógica de uma
civilização.» – Robert Kramer
«A segunda viagem (a do filmei é bem diferente
da primeira. Desta vez, Penélope (Vera Miles) esperou e Telémaco (Jeflrey
Hunter) foi salvo, se quisermos ver, de novo, neste filme, a
mitologia e se quisermos dizer, como J. A. Place que, em A
Desaparecida, Ford dá a Monument Valley o papel que Homero deu ao
mar na Odisseia.» – João Bénard da Costa
«Ah, as portas!... Há sempre uma abertura nos
filmes de Ford, as sequências nunca se passam completamente entre
quatro paredes, há sempre uma saída. As portas não são
simplesmente físicas, são transcendentes.» – Manoel de Oliveira
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Bibliografia Sobre John
Ford
Anderson, Lidsay - About John Ford. Ed. Plexus, Londres,
1976.
Beylie, Claude - John Ford. "Anthologie du Cinema». Ed. Avant
Scime, Paris 1976.
Bogdanovitch, reter - John Ford. Movie Magazine, Londres 1967.
Trad. francesa: Edilig, Paris 1988. Trad. espanhola: ed.
Fundamentos 1971.
Bourget. Jean-Loup - John Ford. Ed. Rivages, Paris 1990.
Ford, Dãn:- Pappy: The Life of John Ford. Ed. Englewood Cliffs,
New Jersey 1979.
Gallagher, Tag - John Ford, The Man and His Films. Univ. of
California Press, Berkeley 1986.
Giannetti, Louis - Masters of lhe American Cinema. Ed.
Prentice-Hall, New Jersey 1981.
Haudiquet, Philippe - John Ford. Seghers, Paris 1966, 1974.
McBride, Joseph (com Michael Wilmington) - John Ford. Secker &
Warburg, Londres 1974.
Mitry, Jean - John Ford. Editions Universitaires, Paris 1954.
Pina, J. A. - The Western Films of John Ford. Citadel Press, New
Jersey 1974.
Roy, Jean - Pour John Ford. Ed. Ced, Paris 1976.
Sarris, Andrew - The John Ford Movie Mystery. Ed. Secker & Warburg,
Londres 1976.
Sinclair, Andrew - John Ford, a Biography. The Dial Press, New
York 1979. Trad. francesa: Ed. France Empire, Paris 1980.
Números especiais das revistas POSITIF (nº 64/5 - 1964, n° 82,
Março 1967), PRÉSENCE DU CINEMA (nº 21, Março 1965), CAHIERS DU
CINEMA (nº 183, Outubro 1966; número "hors série», de 1990), FILM
COMMENT (Outono de 1971, nº 3).
John Ford - Catálogo da Cinemateca Portuguesa. Textos de João
Bénard da Costa, Luís de Pina, ele. Ed. 1987. Lisboa.
Sobre "A Desaparecida"
Todos os livros anteriores falam, naturalmente,
de A Desaparecida, e na imprensa da especialidade se
encontram críticas aquando da sua estreia em 1956 e 1957. Certas
recensões feitas ao longo dos anos merecem uma particular atenção:
Anderson, Lindsay - The Searchers in "Sight and
Sound», Outono de 1956. Londres.
Barkun, Michael - "Poet in lhe Iron Mask», entrevista a John Ford
in "Films and Filming», Fevereiro de 1958.
Londres.
Boyd, D. - "Prisoner of lhe Night» in "Film Heritage», Inverno
1976/7 - Dayton, Ohio.
Byron, S. - "The Searchers: Cult Movie of lhe New Hollywood», in "New
York», 5 de Março de 1979. Henderson, Brion - "The Searchers: An
American Dilemma», in "Film Quaterly», Inverno 1980/1.
Leutrat, Jean-Louis - "John Ford - La Prisonniere du Désert: Une
Tapisserie Navajo». Ed. Adam Biro, Paris 1990.
Lowry, Ed - The Searchers in "The International Dictionary of
Films ans Filmmakers: Volume One».
McBride, Joseph (com Michael Wilmington). "Prisoner of lhe Desert»
in "Sight and Sound», Outono de 1971, Londres.
Mclnery, Joe - "John Wayne Talks Tough», in "Film Comment»,
Setembro de 1972. Nova Iorque.
Sarris, Andrew - The Searchers in "Film Comment», Primavera de
1971. Nova Iorque.
Screen Education - Número especial (Inverno 1975/6) sobre The
Searchers. Londres.
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Filmatologia Complementar
Para uma «leitura paralela» de A Desaparecida, indicam-se os que
se encontram em edição videográfica, Incluem-se os restantes
filmes de Ford indicados à parte:
O Ocaso de Uma Raça (The
Vanishing American), de George B. Seitz
A Flecha Quebrada (Broken Arrow), de Delmer Daves
O Último Apache (Apache), de Robert Aldrich (ed.
Kodak/Warner)
A Fuga de Forte Bravo (Escape From Fort Bravo), de
John Sturges (ed. Legal Vídeo)
A Última Caçada (The Last Hunt), de Richard Brooks
O Caçador de índios (lndian Fighter), de André de
Toth
O Passado não Perdoa (The Unforgiven), de John
Huston (ed. Kodak/Warner)
Emboscada Fatal (Comanche Station), de Bud
Boettitcher
A Carga da Brigada Azul (A Distant Trumpet), de
Raoul Walsh
O Pequeno Grande Homem (Little Big Man), de Arthur
Penn (ed. Publivídeo)
Soldado Azul (Soldier Blue), de Ralph Nelson (ed.
Edivídeo)
Emboscada na Sombra (The Stalking Moon), de Robert
Mulligan
Danças com Lobos (Dances With Wolves), de Kevin
Costner
Vera Cruz (Vera Cruz), de Robert Aldrich (ed. Kodak/Warner)
Rio Vermelho (Red River), de Howard Hawks (ed. Kodak/Warner)
Hondo (Hondo), de John Farrow
Rio Bravo (Rio Bravo), de Howard Hawks (ed. Kodak/Warner)
Videografia
Em Portugal encontram-se editados em vídeo, para venda
directa, os seguintes filmes de John Ford (Até Abril de 1991)
A Patrulha Perdida (Edivídeo)
A Cavalgada Heróica (Edivídeo)
O Fugitivo (Edivídeo)
Forte Apache (Edivídeo) – Cópia amputada em cerca de
20 minutos.
Os Dominadores (Edivídeo)
A Caravana Perdida (Edivídeo)
O Homem Tranquilo (Edivídeo)
Mogambo (Filmayer Alfa-Lusomundo)
A Desaparecida (Kodak-Warner)
A Conquista do Oeste (Legal Vídeo)
O Grande Combate (Kodak-Warner)
Ficha técnica
Manuel Cintra Ferreira
Colaborador da
Cinemateca Portuguesa
Crítico do Jornal
"Público".
Paginação e Grafismo
Cândida Teresa
Gabinete de
Meios Técnicos e Materiais
da Direcção
Geral de Extensão Educativa
Dim. 21x14,5 cm
Edição
Secretaria de
Estado da Reforma Educativa
Composto e impresso
na Editorial do Ministério da Educação
Algueirão
Reconversão para HTML
Henrique J. C. de Oliveira
Espaço Aveiro e Cultura
Secundária J. Estêvão
Projecto Prof2000
Aveiro - 2012
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