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1997-1998


ADMIRÁVEL MUNDO VELHO

Museu da
Escola Secundária de José Estêvão

  MAIO 1998

Organização do Clube do Museu com a colaboração de
Professoras de Ciências Naturais (7º Ano A) e
Ciências da Terra e da Vida (10º A)


Durante a leitura do texto, não se esqueça de explorar as hiperligações, clicando sobre elas.
 
 

          Evolução

Fui rocha, e fui, no mundo antigo,
Tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...

Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
Ou, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paul, glauco pascigo...

Hoje sou homem – e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, na imensidade...

Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas, estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.

                                                  Antero de Quental

 
 


 

1 - Num cenário primitivo... a vida aconteceu

 


Os primeiros seres vivos na Terra

 

Apesar dos seus 4600 milhões de anos de existência, só foram descobertos vestígios da actividade de seres vivos com 3500 milhões de anos de idade. Conhecem-se estruturas sedimentares, denominadas estromatólitos, com aquela idade. Actualmente, ainda se formam, na costa ocidental australiana.
 

     
 

Estromatólitos fósseis em rochas precâmbricas.

  Estromatólitos actuais na Shark Bay, na Austrália.  

 

Os estromatólitos são construídos pelas cianobactérias, devido à sua actividade fotos sintética e aglomeração de sedimentos em camadas concêntricas.


Os organismos mais antigos eram unicelulares, muito simples, correspondentes a bactérias que viviam sem oxigénio. Mas, há cerca de 2500 milhões de anos, as cianobactérias tornaram-se capazes de libertar oxigénio, provocando uma transformação radical no meio ambiente e nas condições de vida anteriormente existentes.


 

2 - A vida evoluiu


Foram descobertas impressões de animais invertebrados, em Ediacara, na Austrália, em rochas com cerca de 670 milhões de anos, vulgarmente conhecidas como a fauna de Ediacara.


 

A vida nos oceanos, durante a Era Paleozóica


O grande acontecimento desta Era foi o aparecimento e desenvolvimento, durante o Câmbrico, dos principais grupos de Invertebrados: Esponjiários, Moluscos, Artrópodes, Equinodermes, Coraliários, Braquiópodes, Graptólitos...


As Trilobites, animais marinhos com o corpo dividido em três lobos, viveram só durante o Paleozóico, sendo por isso fósseis característicos dessa Era.

Outro grupo, o dos Nautilóides, que ainda hoje tem um representante – o Nautilus – expandiu-se sobretudo a partir do Ordovícico.


Também apareceram neste período os primeiros Vertebrados: os Agnatas, animais pisciformes, sem mandíbulas, aparentados com as actuais lampreias.

 

Os peixes desenvolvem-se a partir do Devónico.

 

A ocupação da terra firme


Desde o final do Devónico que nas terras emersas se desenvolvia uma flora variada, onde as Gimnospérmicas primitivas se associavam a fetos arbóreos e diversas plantas herbáceas.


Certos animais deixam a vida aquática, surgindo, no Carbónico, as primeiras faunas terrestres: Insectos, Gasterópodes, Anfíbios e, mais tarde, os Répteis.
 

 

Os seres vivos da Era Mesozóica


Enquanto alguns dos grupos existentes se extinguiam, outros atingiam, nesta Era, o seu apogeu.

 

Nos mares, sobretudo nos períodos Jurássico e Cretácico, são particularmente abundantes os foraminíferos e as diatomáceas, organismos unicelulares que deram origem a rochas sedimentares como o cré e o diatomito.
 

Também os Cefalópodes, especialmente as Amonites e Belemnites proliferavam nos meios aquáticos de então.


A Era Mesozóica é conhecida como a "Era dos Répteis", devido à grande expansão e diversificação deste grupo. Desde as tartarugas terrestres, anfíbias ou marinhas, e crocodilos, até ao grupo dos dinossauros, do qual fazem parte vegetarianos gigantes (Diplodocus, Apatosaurus e Brachiosaurus), carnívoros temíveis como o Tyrannosaurus rex e o Deinonychus, monstros couraçados (Stegosaurus, Triceratops), além de muitos outros, a variedade de seres vivos é elevada.
 

   
 

Fóssil de archeopterix encontrado em calcários jurássicos na Alemanha.

 


Há 150 milhões de anos, viveu o Archeopteryx, animal com características das aves e dos répteis, sendo considerado o primeiro exemplar de ave conhecido.


Quanto à flora, as Gimnospérmicas adquirem grande importância e, no Cretácico, aparecem as primeiras plantas com flor, designadas Angiospérmicas.


Era Cenozóica, antes do aparecimento do Homem


Durante o período Terciário, verifica-se um grande desenvolvimento das Aves e a explosão evolutiva dos Mamíferos, embora este último grupo já existisse no Mesozóico, representado por animais de pequenas dimensões que coabitavam com os dinossauros.
 

O grande acontecimento desta Era foi, sem dúvida, o aparecimento dos primeiros Hominídeos, há 4 milhões de anos, em África, e a sua evolução, conducente à emergência da espécie humana.


 

3 - ...e, por fim, surgiu o Homem

 

 

A mais antiga evidência de bipedia, uma das características dos humanos, é um conjunto de pegadas datadas com 4,4 milhões de anos.

 

O Australopithecus foi um hominídeo bípede que apresentava um cérebro pequeno, não muito diferente do de um chimpanzé.

A aproximação às dimensões do cérebro humano verifica-se somente com um novo género, o género Homo, cuja primeira espécie, Homo habilis, viveu em África entre 2,4 a 1,5 milhões de anos. Estes humanos primitivos já utilizavam utensílios talhados em sílex.

 

Evolução do Homem

Homo habilis esfolando um pequeno animal, com uma pedra lascada.

O Homo erectus caçava animais de maior porte. A utilização do fogo desempenhou um papel importante nos seus hábitos.

   

Homo sapiens neanderthalensis foi o primeiro antepassado do homem a sepultar os mortos utilizando um ritual.

Há 20.000 anos, grupos de caçadores viviam em tendas feitas de peles de animais estendidas sobre uma estrutura de madeira e presas de mamute. Os ossos deste animal conservavam a cobertura esticada e fixavam a tenda ao solo.

 

O trigo e a cevada, ceifados com foices de sílex, foram as culturas dos primeiros agricultores.

   

Mineiros da Idade da pedra extraem sílex de um poço com10 metros de profundidade. Para arrancarem o sílex de melhor qualidade, utilizavam picaretas cujos cabos eram hastes de veado.

Um ferreiro  primitivo verte bronze fundido para um molde, enquanto o seu ajudante acciona um fole com os pés.

 

Uma nova espécie, Homo erectus, surgiu há cerca de 1,9 milhões de anos. Estes homens formavam colónias temporárias, tinham uma estrutura tribal elementar, conheciam o uso do fogo para cozinhar e fabricavam utensílios e armas de pedra e osso.


Os verdadeiros homens modernos, Homo sapiens, devem ter surgido há 400.000 anos atrás. O Homo sapiens expandiu-se para o Médio Oriente e Europa há 90.000 anos.
 

Na Europa, desenvolveu-se o Homo sapiens neanderthalensis, adaptado à vida no gelo e com uma cultura avançada que incluía a caça em grupo, a preparação de vestuário de pele de animais e crenças religiosas.
 

Os neandertais desapareceram à medida que os gelos se retiraram para Norte.

 

Homens mais modernos avançaram através da Europa para o resto do mundo. Estes homens fabricavam instrumentos mais sofisticados e desenvolveram a arte e a religião.
 

O modo de vida nómada começou a abrir o caminho para a formação de povoados e para a agricultura há cerca de 10.000 anos.
 

O desenvolvimento da agricultura foi acompanhado pelo fabrico de ferramentas novas e mais resistentes, desde que foi descoberto o uso dos metais, há 6.000 anos.

 

Já imaginou como seria a região de Aveiro, há cerca de 65 milhões de anos?

Vamos dar uma ajuda:

 

Quando as rochas sedimentares e o seu conteúdo fossilífero são característicos de determinados ambientes, é possível reconstituir paisagens antigas.

 

Na formação geológica do Cretácico Superior da região da cidade de Aveiro, denominada «Arenitos e Argilas de Aveiro», encontraram-se fósseis de gasterópodes, bivalves, escamas de peixes, restos de dinossauros, crocodilos e carapaças de tartarugas, etc.

Foram colhidas três carapaças completas de tartaruga  de um novo género e espécie (Carrington da Costa, 1940), uma em Agras e as outras duas, juntamente com numerosos fragmentos, no barreiro da quinta do Vilar. O nome da espécie, Rosasia soutoi, foi-lhe atribuído em homenagem ao Dr. Alberto Souto pela sua dedicação à Geologia e pelos estudos por ele publicados.

ROSASIA SOUTOI  nov. gen. sp. Aveiro (Agras)

 

Através dos dados litológicos e paleontológicos da formação da região aveirense podemos afirmar que há muito, muito tempo, existia aqui uma grande laguna, onde viviam moluscos, peixes, tartarugas, crocodilos, etc., em torno da qual passeavam dinossauros e cresciam plantas, cujos restos fósseis se encontram alguns leitos argilosos.
 

   
 

Reconstituição do que poderá ter sido a região aveirense há cerca de 65 milhões de anos.

 


Galeria Fotográfica da Exposição
 

Imagens evocativas das actividades desenvolvidas:

1º - Alunas do Clube do Museu construindo a mascote da exposição: Clubeossaurus musiensis;

2º - Uma visita de estudo de alunos do 4º ano da Escola Básica N.º 1 de Eixo, com a respectiva professora e apreciação enviada pelo grupo.
 

   
 
   
   

1 - Construção da mascote da exposição.
 

   
 
 

Documento original manuscrito.

 
 
   
 

Eixo, 28 de Maio de 1998. Quinta-feira.

Alunos do 4° ano da Escola N.º 1 de Eixo.

Visita ao Museu da Escola José Estêvão

Senhoras professoras:

Foram muito simpáticas e hospitaleiras para nós. Receberam-nos com solidariedade e amizade.

Tiveram muito trabalho de pesquisa e de montagem com esse museu, mas valeu a pena. 

Demoraram tempo a procurar informações dos antepassados até aos tempos de agora.

Vimos aves, répteis, peixes, animais, corais, búzios e maxilares de animais muito grandes.

A professora Luísa Fonseca explicou-nos várias coisas: como era o planeta Terra antigamente. E disse-nos que havia uma laguna em Aveiro com répteis e que alguns deles eram crocodilos e tartarugas...

O que nós gostámos mais foi da metade do maxilar da baleia.

Muito obrigada às professoras de Ciências da Escola José Estêvão.

Trabalho de grupo:

Pedro Tiago Vieira Maciel de Lima

Marta Sofia Simões de Sá

Luís Carlos Pereira dos Santos

Valter Tobis Gonçalves de Oliveira

 

2 - Visita à exposição de alunos do 4º ano da Escola N.º 1 de Eixo e apreciação crítica elaborada pelo grupo.

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BIBLIOGRAFIA

COSTA, J. C., Um novo quelónio fóssil. Com. Serv. Geológicos de Portugal, tomo XXI, Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos, Lisboa, 1940.

TEIXEIRA, C. e GONÇALVES, F., Introdução à Geologia de Portugal. Instituto de Investigação Científica, Lisboa, 1980.

História do Homem nos últimos dois milhões de anos. Selecções do Reader's Digest, Lisboa, 1975.


 

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