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Dante nasceu em Florença, província da
Toscânia, em Itália, em 1265. A sua família pertencia a
um dos dois partidos políticos da cidade: os Guelfos. O
pai foi Alighiero di Bellincione degli Alighieri, que se
supõe ter falecido por 1283.
Ainda criança, Dante teve uma simpatia
exaltada por Beatriz (familiarmente “Bice”),
possivelmente filha de Folco de Portinari e de Cilia
Capousacchi. Beatriz veio a casar com Simone dei Bardi e
faleceu aos 24 anos (1290). |
A paixão por Beatriz vai acompanhá-lo
ao longo de toda a vida. Na Vita
Nova, obra
escrita em honra de Beatriz, são narrados, em prosa e verso, os
momentos que esta lhe inspirou.
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«Eis-nos
chegados, disse Beatriz, ao céu todo de pura luz -
incorpóreo, imaterial...» |
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Pensa-se que tenha feito os primeiros
estudos na escola dos Dominicanos de Santa Maria Novella e no
convento de Santa Croce dos Franciscanos. Na época de Dante, os
estudos compreendiam: 1º,
um curso chamado “Trívio”
(gramática, lógica e
retórica); um 2º, chamado
“Quadrívio” (aritmética,
geometria, música e astrologia); em seguida estudava-se
filosofia (ciência natural, ciência moral, ciência divina ou
teologia).
As obras de Dante mostram uma vastíssima
instrução humanística. Conhecia muito bem a Literatura
Latina; mas Virgílio foi para ele o Poeta por excelência, que
lhe serviu de modelo —
o Mestre. Pensa-se que
estudou nas famosas escolas teológicas e filosóficas de
Bolonha, Pádua e talvez também em Paris.
Ao longo da Divina
Comédia mostra que Brunetto Latini foi
para ele um homem de muita ciência e de segura reputação, com
o qual se ligou de uma forma afectuosa e de quase fraterna
intimidade, de onde tirou como fruto úteis ensinamentos.
O Poeta tomou parte no Combate de
Campaldino (1289) entre os Guelfos de Florença e os Gibelinos
de Arezzo. Fez parte da administração da cidade de Florença,
chegando em 1300 a ser embaixador em S. Gemignano.
Desposou Gemma Manetto Donati e dela
teve três filhos.
Florença encontrava-se, sobretudo nos
dez últimos anos do séc. XIII, em ebulição e em rebelião,
dadas as lutas políticas entre os dois grandes partidos que
ensombravam a vida da cidade: os Guelfos e os Gibelinos. Dentro
destes dois partidos existiam facções que se digladiavam entre
si.
As desventuras de Dante provieram do seu
desempenho nas funções de magistratura El Priorato (Priori delle Arti), dado
que houve graves tumultos e velhas contendas entre as facções
dos Cerchieschi (os Brancos) e os Donateschi (os Negros), divisões
do partido Guelfo em Florença. Os novos Priores chamaram do exílio
os Brancos e então os Negros apelaram para o Papa que, para
remediar o conflito, pensou em Carlos de Valois. Este, em 1301,
veio para Itália a rogo do Papa Bonifácio VIII e foi a Florença
para pacificar os rivais, vindo a ser causa de maior discórdia,
porque entregou a cidade aos Negros. Consequentemente, Dante
teve de emigrar em 1302.
Dante foi condenado à revelia, com
outros fugitivos de Florença, Brancos como ele, sob a acusação
de fraude e de manejos contra o Papa e Carlos de Valois. O poeta
foi multado e obrigado a manter-se afastado de Florença durante
dois anos e a perder a elegibilidade para todas as funções públicas.
Como proscrito, ele irá sentir como é
amargo o pão alheio e como é duro “subir
e descer a escada dos outros“.
Esteve exilado nas cidades de Roma,
Siena, Arezzo, Verona, Bolonha e Pádua.
Em 1306 esteve em Lunigiana, hospedado
na casa da antiga e ilustre família Malaspina, a quem se refere
no “Purgatório” —
“Divina Comédia” (Canto VIII, vv. 118 e seguintes). Por 1310 chegou
a Itália Henrique de Luxemburgo, denominado Henrique VII, com o
fim de tomar Florença (“Divina Comédia” — “Paraíso”,
Cantos IX, vv. 133-142 e Canto XVII, vv. 51). Porém, o soberano morre no ano seguinte. Nos últimos anos esteve em
Ravena, na Corte de Guido Novello da Polenta, neto de Francesca
de Remini. Chegou a estar em Veneza como embaixador de Guido,
mas, regressado a Ravena, morre de 13
para 14 de Setembro de 1321. Teve duas
épocas importantes na sua vida: 36 anos em Florença e 20 como
exilado.
Dante escreveu as seguintes obras: em
italiano — “Vita Nova”, “Convívio”, “Rime” e “Divina Comédia”; em
latim — os tratados
“DE VULGARE ELOQUENTIA “, “DE MONARCHIA “,
“EPISTOLAS”, “ECLOGAS” (2), “QUAESTIO DE AQUA ET TERRA
“.
Dante domina todo o século XIII e é um
dos génios da Idade Média. No tratado “DE
MONARCHIA” (séculos
XIII e XIV) afirma:
«A paz universal, eis aqui a perfeição, o fim último
para o qual o género humano se dirige, cumprindo a sua LEI.”
Dante, já no seu tempo, esperava que a Justiça e a Paz, veemente aspiração da
sua alma de homem consciente, fossem a base definitiva da ordem
social na Humanidade.
Sem dúvida que a “Divina
Comédia”, obra-prima de Dante, ilustrou o espírito de gerações ao longo de três
séculos — nela
vibra a profunda convicção da grandeza e da virtude moral do
Cristianismo.
Mundo Dantesco
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No poema alegórico-didáctico que é a “Divina
Comédia“, obra máxima da literatura Italiana e que só mais tarde foi chamada
Divina, Dante narra uma viagem imaginária na qual visita
os Círculos Infernais, primeiramente guiado por Virgílio,
seu Mestre, descendo até ao centro da Terra, onde reside
Lúcifer, Príncipe dos Demónios. Daí, voltando à
superfície do globo terrestre, sobe à montanha sagrada
do Purgatório e agora, guiado pela sua amada Beatriz,
chega ao Paraíso. Voa então pelos nove Céus até ao Empíreo
e esta sublime viagem acaba na suprema e beatífica visão
de Deus.
A acção do poema desenrola-se em sete
dias: da tarde do dia 7 até à tarde de 14 de Abril de
1300. |
A “Divina Comédia” aparece
escrita em tercetos e está dividida em 3 partes: a 1ª é subdividida em 34 pequenos cantos e a 2ª e a 3ª em 33.
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