Ensino recorrente no pólo de S. Jacinto

O ensino recorrente é uma modalidade especial de educação escolar, constituindo uma segunda oportunidade de formação para os que não usufruíram na idade própria ou abandonaram precocemente o ensino regular.

O ensino recorrente baseia-se no sistema de unidades capitalizáveis, constituído numa concepção inovadora do ensino, que se prende com o sistema de avaliação: os alunos não transitam de ano, mas sim de unidade, fazendo a progressão de acordo com o seu próprio ritmo. Daí que o cumprimento dos programas curriculares não é considerado.

No Pólo de S. Jacinto o ensino recorrente trata-se de um desafio estimulante e deveras trabalhoso para todo o corpo docente.

A relação pedagógica com os alunos é positiva, baseada no respeito mútuo em que os professores utilizam um diálogo franco e aberto.

Os alunos na globalidade, isto é, no secundário e básico, mostram-se motivados e interessados pelos conteúdos programáticos, pelo que mantêm uma assiduidade razoável. É de referir que o relacionamento se caracteriza por uma grande interacção entre professores e alunos.

Outro aspecto importante e difícil de gerir é o facto de na mesma sala de aula existirem alunos em diferentes unidades. Esta situação teve de ser contemplada na preparação das aulas, para que os 45 minutos de aula sejam rentabilizados no sentido de os repartir equitativamente pelos alunos, já que a maior parte dos alunos têm serviço a realizar na base ou são estudantes-trabalhadores, e não têm possibilidade de dispor de tempo para aprofundar os conhecimentos nas diferentes disciplinas.

Em suma, os professores consideram esta experiência em S. Jacinto muito positiva, nomeadamente o óptimo ambiente detectado no relacionamento com alunos e colegas – o que lhes permite um enriquecimento e investimento pessoal, e uma nova atitude face à formação.

Prof.ª Manuela Martins


Eu e São Jacinto

Pediram-me para escrever um artigo para o jornal "O Chapim”. Que poderia eu escrever neste artigo para além da minha experiência como docente nesta área educativa? Creio que pouco ou mesmo nada. A minha experiência no ensino é ainda muito precoce. Nada de especial tenho a dizer sobre este assunto. Afinal de contas, sou apenas um caloiro nestas lides de dar aulas no ensino recorrente. Mas, enfim, aqui estou eu a tentar escrever um pequeno artigo. E escrevo-o porque desejo enaltecer a natureza bela e pacífica das gentes desta terra com quem convivo em harmonia todos os dias. Não me refiro apenas aos meus alunos, sejam eles civis ou militares, mas também a todas as outras pessoas que, duma maneira ou de outra, contribuem com o seu esforço dedicado para esta nobre causa que é a educação de adultos. Aqui fica pois o meu obrigado. Obrigado pela oportunidade que me deram de conhecer novas gentes e lugares. Obrigado pela vossa paciência e compreensão, quando houve dias em que o meu génio não terá sido dos melhores.

Obrigado por tudo. Nunca esquecerei estes dias maravilhosos que passei nesta pacata reserva natural, felizmente ainda esquecida pelo comércio e turismo desenfreado da nossa sociedade de consumo com os olhos postos no lucro fácil. No dia em que descobrirem maneira de ganhar dinheiro com esta terra, deixará decerto de ser o paraíso que hoje é e que muito aprecio. Sempre gostei de ver a praia, o mar e o céu. Creio existirem poucas coisas mais belas do que ver um pôr-do-sol na praia. A água, e em particular as ondas, sempre exerceram um fascínio em mim; e esta passagem por São Jacinto permitiu-me, entre outras coisas lindas, mas que não faria sentido aqui relatar, concretizar mais um dos meus sonhos de criança: andar de barco. Para terminar, gostaria de agradecer também a todos os meus colegas docentes pela simpatia e camaradagem com que sempre me brindaram desde o meu primeiro dia de aulas. Como um dia escreveu Nietzche em Zaratrusta: «Viva a amizade. Viva a camaradagem." Mais palavras para quê?

Prof. Paulo Alfaro

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