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Lembro com nauseante saudade
Os que sonharam neste canto,
Que tremeram de medo e raiva
Desconstruindo, aos poucos,
A sua natural ambição,
Para se moldarem às exigências, e
Na surda ira da resignação
Acabaram por seguir em contramão.
Medito sobre aqueles que se foram
E que deles, apenas as memórias
Adejam expostas, profanadas
Como fiapos de vivências imerecidas
A baloiçar nas margens amarelecidas
De um tempo já esquecido.
E, se Fé houver, quem a tiver
Que reze por eles, e nessa oração
Faça estender a sua prece
Aos que encurralados na descrença,
Nas incertezas "post mortem"
Teimam em não esquecer
Os dias em que, mesmo no Inverno,
A Primavera está sempre presente. |