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            Ana Maria Barata 
            Salgueiro(5.º ano)
 
 
            SÃO oito horas. A mãe chama à porta do quarto. Ensonada, dou mais 
            uma volta na
            cama. Olho para o relógio. Como sempre! Marca 4 horas da manhã! 
            Esqueci-me de lhe dar corda! Já desperta levanto-me à pressa. Só 
            encontro um sapato. 
            − Socorro! Ajudem-me grito cá dentro, mas ninguém me ajuda, é claro. 
            Olho para fora. Vejo um pardal a saltar no fio telegráfico e desejo 
            com todas as minhas forças ser pardal. 
            Dou um pulo até à secretária. 
            − Hoje tenho − ai Jesus! Já deve ser tão tarde! 
            Mas onde se teria metido o caderno de Matemática e o livro de 
            Francês? E eu que ia jurar que ainda ontem o vi aqui! Ai a minha 
            vida! E agora, o lápis? Deixá-lo, escrevo com a caneta. Vai ficar 
            lindo o caderno de Matemática!... 
            Em pé tomo o café à pressa, sem tempo de... Ai! que HORROR! 
            Está azedo, não lhe deitei açúcar! Pego nos livros e corro para o liceu. 
            Tudo parece dificultar-me o caminho! A arquejar, bato à porta − 
            minha senhora, dá licença? Sento-me, depois de suportar um olhar de 
            reprovação. Abro a pasta. As outras já estão a escrever o sumário. 
            Não encontro nada. O estojo de desenho, o caderno de Física, o livro 
            de História! E envergonhada levanto-me: 
            − Minha senhora, faz favor de desculpar; vi as disciplinas de 
            amanhã... e... não trouxe nada para hoje!... |