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            Michie(5.º ano)
 
 
            A tarde estava 
            linda... Os campos floridos... Os pássaros a cantar... Tudo 
            convidava ao ao sonho e à poesia. 
            Encostara-me à sombra daquela árvore frondosa e 
            adormecera toda 
            entregue a sonhos fantásticos e maravilhosos. 
            Piu!... piu!... piu!... Acordo bem disposta, ao 
            ouvir o alegre trinado do passarinho. 
            Agora, e mais uma vez, 
            observo a maravilhosa paisagem que me 
            rodeia: o verde dos campos matizados de flores azuis, brancas, 
            vermelhas, amarelas... 
            Ali ao lado, o regato entoa uma canção doce e melodiosa que 
            acompanha o canto embalador dos passarinhos. 
            Ao longe, nas altas 
            montanhas, as neves eternas esfumam-se, 
            perdendo-se na imensidão do espaço celeste. 
            ...E há um passarinho a 
            cantar... 
            Canta, dança, saltita de folha
            em folha. 
            Nas belas flores do campo vêm poisar miríades de insectos buscando 
            o seu alimento. 
            As lavadeiras fazem ouvir lindas cantigas, confessando seus amores 
            por um certo vaqueiro da
            região. 
            ...E o passarinho a cantar... 
            A guardadora de patos, 
            olha-se languidamente nas águas límpidas, enquanto os patos se banham, 
            e vai pensando: «Sim, um dia ele virá! O meu Príncipe Encantado, 
            montado em seu Pégaso.
            Eu sei que virá. Sinto-o!». 
            ... E o pássaro a 
            cantar... 
            De azul claro e luminoso, o
            céu vai escurecendo a pouco e pouco. 
            As flores fecham. Os insectos recolhem-se. As lavadeiras cessam de 
            cantar. A guardadora de patos vai-se embora, absorvida 
            
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            nas mais belas fantasias românticas. 
            ...E o pássaro a 
            cantar... 
            O murmúrio das águas do 
            ribeiro parece agora um lamento. 
            As montanhas, ao longe, 
            acabam por desaparecer no céu azul escuro. 
            ...E o pássaro a 
            cantar... 
            ...E agora tudo se calou 
            como por encanto. O silêncio tornou-se profundo... profundo e total. 
            Ponho-me à escuta e reparo: ... O pássaro já não canta... 
            Morreu? Talvez! Deixou de
            cantar para sempre... sempre... eternamente... 
            No céu, fulguram milhões de estrelas e a lua mostra-se em todo o seu 
            esplendor. 
            ... O pássaro já não canta... 
            O sol acaba de se descobrir por detrás das montanhas 
            brilhantes de 
            neve. 
            A Natureza reanima-se. Tudo se movimenta. Mas algo é 
            diferente... 
            ...O pássaro já não canta... 
            As flores, já abertas, acolhem
            com prazer os insectos. Tudo é belo neste dia que começa. Apenas... 
            ... O pássaro já não canta... 
            Mas... um pouco à minha
            direita, ouço outro trinado. É a Natureza que se renova continuamente. 
            ...O pássaro já não canta... 
            Mas... há outro pássaro que
            sabe cantar. |