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            Carlos Pinheiro(5.º a)
 
            
            INVERNO... 
            Ao longe ouve-se o ribombar dos trovões perdidos na noite. 
            Relâmpagos cortando o Céu em todas as direcções e rasgando as 
            trevas. As árvores, sem folhas, são açoitadas pela forte ventania que ulula pelas fendas do telhado. Os 
            caminhos são inundados pelas enxurradas, que engrossam de instante 
            para instante. 
            À janela, apreciava a bela horrível paisagem, quando um forte 
            ribombar de trovões se fez ouvir, logo seguido de um gemido. 
            – Drama?! – Desci as escadas, abri a porta... Não era drama 
            – era 
            miséria sem nome; completamente encharcada, encostada à ombreira da 
            porta, uma criança... 
            Depois de agasalhada, perguntei-lhe: 
            – Para onde ias?– Não sei, senhor! – respondeu.
 – Quem são os teus pais? Onde moras?
 – ...Não tenho nem pais nem casa...
 
            * 
            Tão nova e já sem pais, sem caminho, sem lar... 
            Durante a refeição ninguém falou. Quando fomos para a
            lareira, era ver a infeliz ajoelhada e a dar graças a Deus... |