JORNAL
N.º 5

DEZEMBRO
1990 Ano III


ESCOLA SECUNDÁRIA HOMEM CRISTO - AVEIRO
COLABORA NO ENRIQUECIMENTO DO TEU JORNAL

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NOTÍCIAS MOLES 

ELEIÇÕES — Realizaram-se no passado dia 30 de Nov. as eleições para a D.A.E. da nossa Escola. Concorreram 2 lis­tas (B,D), saindo vencedora a D que, à partida, tinha já 50% de hipóteses de ganhar. Assim não vale!

HALLOWEEN — Duas simpáticas professoras de Inglês foram as dinamizadoras desta espécie de Carnaval de Todos-os-Santos que os ingleses inventaram. O evento decorreu pe­las salas aboboradas da nossa Escola. Os alunos (7º F, G e 8º  E, G) não fizeram abóbora! (Limitaram-se a trazê-las...)

FÉRIAS — O Natal vem aí porque a Páscoa ainda está longe. O final do 1º período vai chegar já a 14: para os professores é cedo (o mês tem 31 e a meio começam os malabarismos orçamentais...) e para os alunos é já demasiado tarde... Vinguem-se nas rabanadas!


O HOMEM: UM SER
REGIDO POR VALORES

O homem jamais se revelou um ser anárquico. Apesar de ansiar pela liberdade, cedo se consciencializou da necessidade da sua vida ser regida por valores. Ao longo da história da humanidade, estes sofreram uma constante mutação, tentando dar respostas aos novos ideais que se impunham. No entanto, se nos debruçarmos sobre a história, podemos constatar uma atitude saudosista que se traduz na busca de valores já usados por outros povos. O que é a época do Renascimento senão um renascer dos valores da cultura greco-latina? Mas nem sempre se procede a uma renovação de valores que servem os seus próprios ideais.

A nossa sociedade vive actualmente uma crise de valores, consequência inevitável de estes se fundamentarem nos ideais da Revolução Francesa.

Conceitos como Liberdade, Fraternidade e Igualdade estão, sem margem de dúvida, ultrapassados. O homem Iluminista lutou contra o domínio do transcendente. A razão era o elemento dignificador do homem, era através dela que o homem se afirmava e se reivindicava. O nosso século é uma época que carece desse domínio desvalorizado pelo homem Iluminista. Este é um tempo em que se procura a fé. Farto de se querer reduzir a um ser unicamente racional, o homem parte à procura daquilo que não vê, que não ouve, mas que sente.

Mas o homem é também um animal político. Ele não pode renunciar à política, pois ela responde a uma necessidade social. A política sofre, também hoje, uma crise, uma vez que o comunismo e o capitalismo começam já a ser encarados como teorias ultrapassadas. A implantação de novas teorias políticas será não só um modo de responder às necessidades que a sociedade actual apresenta, mas também uma projecção de uma nova organização social. Mas não é só no domínio político que a organização social se espelha. A obra de arte, sendo um produto do criador, não é apenas a imagem-símbolo que exprime a interioridade do artista. Ela é também um sistema representativo de uma determinada época. A obra de arte implica sempre a presença recíproca do indivíduo e da sociedade, já que o artista é, simultaneamente, produto e produtor da sociedade. Na sociedade actual, a arte assume uma posição cada vez mais fundamental: a civilização tem necessidade de se cultivar, de se encontrar projectada numa das mais belas actividades do homem.

Arte Religião e Política — três valores que se impõem ao homem e que, incontestavelmente, continuarão a vigorar, porque são o fundamento da vida social de cada um de nós. Há necessidade de os mudar, de os adaptar às novas estruturas mentais. Há necessidade de encontrarmos uma nova força que nos conduza aos novos ideais. É necessário que a crença na felicidade renasça de novo!

RITA D’ALMEIDA, 12º B

DESNEXOS ESSENCIAIS

Desnexos, sim! E porque não — como diz a música — essenciais?

Qual de nós suporta o seu aborrecido dia-a-dia se não lhe puser logo de manhã cedo uma pitada de desnexo?!...

Mas de onde vem este laivo de insanidade que temos necessidade de cultivar? Vem, como seria de esperar, da própria loucura em si. Quem mais lhe poderia dar origem?!...

Não, não fiquem surpreendidos por tratarmos a loucura como um ser, pensem bem e chegarão à conclusão de que ela é aquele “diabinho” que vive na face escura de cada um de nós. Mas como não podemos ser loucos, pois corríamos o risco de sermos enfiados numa instituição para tal efeito, a loucura pôs ao nosso dispor o seu filho — o nosso querido e amado “desnexo”.

É por todas estas razões que decidimos dedicar estas linhas aos pequenos — e grandes! — desnexos de todos nós, que aliás não faltam neste nosso “amado” Portugal.

Para a próxima cá estaremos com os nossos excessos, que afinal são desnexos e têm montes de essencialidade.

TITA, 11º C

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