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Boletim da Biblioteca    

 
                                    O Prémio Nobel da Literatura



Doris Lessing - Prémio Nobel aos 87 anos

Foi com estupefacção, mas também com muita alegria que a escritora inglesa Doris Lessing acolheu a notícia. Tal reacção deveu-se ao facto de se tratar da pessoa mais velha até então a receber este galardão, 87 anos! O seu cepticismo relativamente à hipótese de vir um dia a ser agraciada pela Academia Sueca foi aumentando à medida que os anos iam passando, apesar de ter recebido vários prémios anteriormente.

De um modo geral, os comentadores são unânimes ao considerar esta distinção merecida, no entanto, ao longo da sua carreira literária, a autora tem suscitado polémica e dividido os críticos. A Academia Sueca, ao atribuir-lhe este prémio, destacou na sua obra o seu contributo para a criação de uma consciência feminina na literatura, bem como a sua atitude na forma como perscruta o mundo interior e observa com inconformismo e discrição o mundo real, num estilo pessoal marcado pela elegância e precisão da linguagem.

Embora filha de pais ingleses, é na Rodésia que Doris Lessing passa a sua infância, se torna autodidacta e aí permanece até aos 30 anos, depois de dois casamentos fracassados e três filhos.

 

 

 

«Ela não pára,
está sempre a escrever»,
 diz Hélder
Macedo.
 

 

 

Em 1949, muda-se par Londres para continuar a carreira de escritora e mergulhar com prazer na vida intelectual e boémia da capital.

A sua vasta obra, da qual fazem parte romances, contos, poesias, ensaios, autobiografias e ficção científica, reflecte não só a sua vivência em África, mas também o seu empenhamento nas transformações do seu tempo, tais como o colonialismo, o apartheid, o comunismo, a revolução sexual e os direitos das mulheres. O seu primeiro romance, «A erva canta», foi publicado em 1950, e desde então tem-se revelado uma autora prolífera e multifacetada. De todos os seus livros, «The Golden Gate», publicado em 1962, é o mais famoso e pioneiro na visão que nos dá do século XX. Mas destacam-se igualmente «Memórias de um sobrevivente» (1974), «Shikasta» (1979), «O planeta 8» (1982), «Os agentes sentimentais» (1983), «O quinto filho» (1988), «O sonho mais doce» (2001) e autobiográficos «Debaixo da Minha Pele» ( 1994) e «Andando na sombra»(1997). A partir dos anos 70, lançou igualmente diversos títulos em ficção científica.

Embora a sua obra, que contém mais de 50 volumes, não se encontre ainda totalmente disponível entre nós, está já bem representada em várias editoras.

Esperemos que este prémio contribua para reavivar o nosso interesse e o da biblioteca em adquirir algumas obras pois, como diz Hélder Macedo, «Ela não pára, está sempre a escrever».

 

O anti-vedetismo da escritora que recebe a notícia do prémio pelos jornalistas, à porta de sua casa.

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