Lançar mais um número da
"Patrimónios" constitui, para além de uma
certa coragem, um acto de ambição que, número após
número, tem recebido com expectativa da comunidade
científica e do "mercado" natural, as suas críticas,
os seus conselhos e os seus incentivos. Assim, dando
continuidade ao esforço empreendido, surgiu o
presente volume concluindo as comemorações do 25º
aniversário da ADERAV.
Uma vez mais, obtivemos o imprescindível apoio
institucional do Ministério da Ciência, Tecnologia e
do Ensino Superior, através da Fundação para a
Ciência e para a Tecnologia, sem o qual teria sido
praticamente impossível concretizar este nosso
desejo.
A Região de Aveiro, reúne uma diversidade de
património cultural e natural, tanto tangível como
intangível, com uma riqueza de ambientes históricos
e paisagísticos que se estendem desde a Ria de A
veiro e do litoral atlântico até às zonas mais
serranas do distrito, oferecendo uma multiplicidade
de ofertas que, em nosso entender, se encontram
manifestamente subaproveitadas. Essa multiplicidade
extremamente rica, vai desde o património
arqueológico de épocas pré-históricas, romanas,
medievais e industriais, ao património artístico,
arquitectónico, religioso, etnográfico, náutico e
gastronómico, entre outros, passando pelo múltiplo
património natural inerente a uma geografia tão
díspar como a da nossa região.
Todo este incrível património deveria estar ao
alcance de todos, contribuindo, de forma elementar,
para a fruição, para o bem estar e para o
desenvolvimento não apenas da sociedade nas suas
múltiplas vertentes como também ao serviço do
desenvolvimento económico, devido às suas
potencialidades turísticas. Em vez disso, assistimos
à sua consecutiva e gradual descaracterização e
destruição, e a uma ausência quase total ao seu
acarinhamento, como que se de um entrave ao
desenvolvimento e ao progresso se tratasse.
E do património natural? Depois de um inverno
extremamente seco como aquele que tivemos, vamos ver
como "sobrevive" este património ao verão que se
avizinha. Quantos serão os hectares ardidos, as
espécies mortas e quais os prejuízos sociais,
ambientais e económicos?
Tentando dar o nosso modesto contributo para o
combate a esses flagelos, vimos, uma vez mais, dar à
estampa uma publicação que apresenta uma maior
diversidade e equilíbrio entre as vertentes
relacionadas com o Património Natural e o Património
Cultural e que conta, uma vez mais, com um leque de
especialistas nas temáticas versadas.
Dos autores que nos honraram com a sua participação
neste número da
"Patrimónios" não há que nomeá-los e valorizá-los
aqui. Veja o leitor o sumário, que os nomes falam
por si. E leia, se a isso se dispuser, os textos que
aqui ficam como prova de mais um contributo que
quisemos prestar à nossa região.
Delfim Bismarck Ferreira |