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PARÁBOLA
N.º 2 |
Era
uma vez uma Escola!
Esta
Escola, como tantas outras Escolas de tantas outras cidades em
tantos outros países, era um edifício antigo com muitas salas
grandes... altas... com muitas mesas e cadeiras. Lá à frente,
nestas salas, a um canto, havia uma mesa maior com gavetas e também
com uma cadeira. E havia um quadro preto. E uma porta... e
janelas.., e às vezes um armário!
Nessas
salas arrumavam-se os alunos, isto é, os meninos e as meninas, os
jovens e as jovens... e os adultos também. Havia sempre também um
professor em cada sala.
Quando
havia alunos e professores havia aulas.
Os
alunos nem sempre gostavam das aulas... nem dos professores... nem
do que aprendiam!
Os
professores também nem sempre gostavam das aulas.... nem dos
alunos... nem do que ensinavam!
Os
professores já tinham dado muitas aulas. Tinham estudado muito para
dar aulas. Já tinham trabalhado em muitas Escolas como aquela.
Algumas dessas Escolas eram longe da casa dos professores.... longe
do marido ou da mulher dos professores... longe dos filhos dos
professores.
Alguns
professores vinham de longe para dar as aulas. Tinham que gastar
mais dinheiro na viagem... no almoço, às vezes no jantar...
Mas
os professores iam dando as aulas!
Os
professores tinham que comprar livros para estudar para dar as
aulas. Tinham que actualizar o que tinham aprendido... que fazer
cursos de formação.
O
dinheiro dos professores não chegava e eles iam sempre protestando
- maior salário, melhores condições, menos alunos nas salas...
Mas os professores iam dando as aulas!
O
trabalho ia dia a dia piorando. O Ministro nunca fazia nenhuma
vontade aos professores. O Ministério nem sequer “ligava” aos
professores. Todos os preços iam subindo... os salários não
subiam... Os professores continuavam a protestar. Mas os professores
iam sempre dando as aulas!
Foram
saindo reformas; foram-se alterando coisas no ensino.
Mas
o Ministério não perguntou nunca nada aos professores. E os
professores cada vez se iam zangando mais.
Tudo
foi indo de mal a pior. Os professores queriam um estatuto de
carreira que não tinham, queriam melhores condições, melhores salários.
E o Ministro não havia meio de os ouvir.
Um
dia... zás! Os professores zangaram-se mesmo. E fizeram uma greve.
Uma greve a sério! Três dias de greve!
Mas
nessa tal Escola havia uma Festa. Urna Festa nesses três dias! E não
se fez Festa... porque os professores fizeram greve!
E
alguns alunos zangaram-se! E com quem? Não, não foi com o Ministério,
nem com o Ministro, nem com o sistema... foi com os professores! Com
os professores!
Esqueceram-se
que a Escola deles funcionava porque os Professores estavam lá,
esqueceram-se que os Professores pediam melhores condições de
vida, melhores condições de trabalho, melhores Escolas, melhor
Ensino também para os alunos que estão na mesma Escola!
Os
Professores ficaram espantados! Mas vão continuar a lutar até
conseguirem o que querem!
E
sempre que for preciso, os Professores vão parar novamente! Vão
fazer greve! Os Professores vão conseguir! Porque só assim
poderemos todos ter a Escola que sonhamos!
HELENA
MARQUES
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MOMENTO
DE REFLEXÃO |
QUAL
O SENTIDO DA VIDA
Hoje,
numa noite escura e fria, ao calor da lareira, reflicto sobre o que
vai no Mundo, o que os jovens pensam e a razão por que tomam
atitudes tão drásticas. Enfim, qual o sentido das suas vidas.
A
droga, para mim e muitos que pensam como eu, é algo que destrói o
ser humano, para outros, no entanto, é algo que os faz sentir
bem. Eu penso que ninguém, conscientemente, tem o direito de
destruir algo que foi construído com muito amor e carinho — a sua
existência. A vida é um poço de surpresas, é o próprio amor. É
preciso estar atento, porque tudo começa e acaba repentinamente. No
entanto, não existe uma definição específica, única e clara, de
amor. Já Camões o define de uma forma complexa. Diz ele que «Amor
é fogo que arde e não se vê, é ferida que dói e não se
sente...».
Presentemente,
muitos jovens não sentem esse amor, não têm gosto pela vida. É
preciso ajudar os jovens a encontrar a verdadeira harmonia e
felicidade. Muitos jovens, cuja vida não tem nenhum sentido,
destroem-se dia a dia e cada vez mais. É o caso do João.
João
era um rapaz cuja solidão o ameaçava. Sentia-se triste, rejeitado
e sozinho. Os seus pais viviam problemas constantes. Os seus olhos
estavam marcados, “mudavam de cor” quando alguém falava deste
assunto.
João,
não tendo encontrado nenhum sentido para a sua vida, começou a
drogar-se aos dez anos. Assim, deixou de sofrer tanto, porque a
droga o fechava interiormente, impedindo-o de conviver tão
abertamente com os pais. Mas, quando o efeito da droga passava,
voltava a sentir-se mal, angustiado, sem nenhuma razão para viver.
Numa
noite como esta, cansou-se de tudo e de todos e suicidou-se. Era uma
noite fria e escura. Não existiam estrelas de amor. A Lua, voltada
para ele, reflectia e esforçava-se por lhe mostrar qual o caminho
certo, Mas João estava cego. Não a viu, porque o seu coração
estava cansado de viver.
Todos
juntos, temos de nos esforçar para minimizar estas situações.
Hoje, não vejo o céu cheio de estrelas; está escuro e frio, mas o
meu coração está cheio de amor.
Carla
Sofia Correia, N.º 9. Turma C, 11º Ano
MEIA
NOITE, HORA DE CRIME
O
inverno estava tenebroso. A Lua, larga e congelada como uma bola de
neve, brilhava sinistramente. Sob a ténue claridade das estrelas, a
floresta, vasta e cinzenta, adquiria um aspecto fantasmagórico.
O
que estaria eu ali a fazer, envolto naquela escuridão enregelante?
Não me lembrava de nada, a não ser de que estava perdido e
terrivelmente assustado. Continuei a percorrer aquele caminho
inclinado e escorregadio, sentindo que me estava a embrenhar cada
vez mais naquela gélida floresta.
Depois
de caminhar algum tempo, deparei com uma casa de madeira, isolada e
provavelmente abandonada. Fiquei indeciso, sem saber o que fazer.
Decidi finalmente aproximar-me. De súbito, lembrei-me que tinha uma
caixa de fósforos no bolso. Acendi um. A chama pintou de dourado
tudo aquilo que me rodeava, Avancei então. Ao abrir a porta, fiquei
petrificado com o que vi. Várias cabeças de pessoas estavam
dispostas sobre uma mesa. Horrorizado, soltei um grito estridente!
O
que se passou a seguir foi muito rápido: dois vultos saídos de não
sei de onde agarraram-me, amordaçaram-me, ataram-me pés e mãos e
atiraram-me para uma arrumação. Estava aterrorizado, sem saber o
que fazer. Parecia que eles estavam a falar de mim. Pus-me à escuta
e eis o que ouvi:
-
Temos de nos livrar do empecilho do garoto... à meia-noite... não
pode escapar. Descobriu o nosso refúgio. Viu as cabeças de cera
que roubámos do museu. Se o deixamos fugir, estamos tramados!
Devo
ter desmaiado, porque, momentos depois, senti que alguém me
empurrava. Pensei se já seria meia-noite. Um calafrio percorreu-me
a coluna. Ouvi alguém dizer:
-
Filho... Acorda!
Não
queria acreditar no que escutava! O que estaria a minha mãe a fazer
ali? Teria ido procurar-me e tê-la-iam também capturado? Voltei a
ser abanado e perguntei:
-
já é meia-noite?
Pareceu-me
que a minha mãe se estava a rir. Então ela disse-me:
-
Meia-noite?! É já meio-dia. Estiveste a ver o filme da noite, não
foi, meu malandreco?
Abri
então os olhos e vi que estava no meu quarto e a minha mãe
inclinada, a tentar tirar-me da cama. Afinal, não passara de um
pesadelo!
A
partir desse dia, prometi a mim mesmo que nunca mais assistiria aos
filmes de terror na televisão!
Ana
Silva, N.º 2, 8º H.
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