Seminário
de Diamante


Altino Moreira Cardoso, Seminário de Diamante 1930-2005, 1ª ed., Amadora Sintra, 2005, 240 pp.


BREVE HISTÓRIA
DOS 75 ANOS DO SEMINÁRIO

 

No dia 23 de Outubro de 1930, o Seminário de Vila Real, também conhecido como Seminário de Santa Clara, pois foi construído no lugar do antigo convento do mesmo nome, abriu as suas portas aos primeiros alunos. A Bula da criação da Diocese de Vila Real ("Apostolicae Praedecessorum Nostrarum" de 20 de Abril de 1922) recomendava que logo que fosse possível se criasse um seminário diocesano.

Entretanto o bispo deveria providenciar da melhor maneira, mandando os alunos para os seminários mais próximos.

Quando D. João Evangelista tomou posse da diocese, em 24 de Outubro de 1923, encontrou já a funcionar um pequeno seminário em Gralhas, Montalegre, numa casa rústica. Fundado em 1921 e ainda sob a administração do seminário da diocese de Braga, era já o fermento do futuro seminário de Vila Real. No ano lectivo de 1923/24, cerca de vinte alunos recebem aí os primeiros cuidados da sua formação. Foi seu reitor o P. Dr. Serafim de Oliveira, formado em Filosofia pela Universidade Gregoriana.

O pequeno Seminário de Gralhas foi extinto por D. João de Lima Vidal, por decreto, a 27 de Fevereiro de 1925, apresentando várias razões entre as quais a reivindicação da casa pela diocese de Braga. Entretanto D. Manuel Vieira de Matos, a 8 de Janeiro de 1924, tendo ficado herdeiro único da casa de Poiares, cedeu-a com os seus terrenos adjacentes, para aí ser instalado um pequeno Seminário Salesiano que viria a receber os alunos da Diocese até ao ano de 1930/31. Foi pelo decreto de 2 de Abril de 1924 que D. João criou o Pequeno Seminário de Poiares da Régua. No ano lectivo de 1924/25 frequentaram-no 20 alunos. Depois estes alunos continuavam os estudos eclesiásticos no Seminário Conciliar de Braga. Os últimos alunos da diocese a ir para o Seminário de Braga terminaram o curso em 1936.

Quando D. João chegou a Vila Real já encontrou uma atmosfera de simpatia e de piedade para com o seminário diocesano que se deveria construir no coração da diocese. Até já se pensava que este deveria ser construído no velho Convento de Santa Clara que se tornara propriedade do Estado em 1911. Por isso era necessário comprá-lo ao Estado ou, o que era conveniente para ambas as partes, adquiri-lo em troca pelo edifício e anexos do Liceu Camilo Castelo Branco, pertença de Mons. Jerónimo Amaral. O Congresso da República, pela lei 1693 de 11 de Dezembro de 1924, autorizou a troca que se efectuou em 25 de Abril de 1925. Uma vez que a diocese, nesse tempo, não tinha personalidade jurídica civil, foi necessário criar uma sociedade anónima, sob a denominação "Auxiliadora Transmontana" que ficasse proprietária do convento e anexos, já então pertença de Mons. Jerónimo, um dos sócios fundadores, e que este trazia para a fundação. Este facto ocorreu em 19 de Fevereiro de 1930. Só em 1941, após a Concordata entre Portugal e a Santa Sé, é que a diocese tomou posse do Seminário.

Em 18 de Fevereiro de 1926, começou a demolição do Convento de Santa Clara e em 25 de Julho do mesmo ano, D. João Evangelista foi ao Brasil a fim de angariar fundos para a construção do Seminário. Em Junho de 1927, começou a construção da ala sul do seminário e em 23 de Outubro de 1930 foi a entrada dos primeiros 21 alunos. No dia 24, 7 anos após a entrada de D. João na diocese, teve lugar a abertura solene do Seminário, com as duas alas a funcionar. No ano lectivo de 1931/32 ingressaram no Seminário, para além dos alunos que vieram para o 10 ano, os alunos de Poiares e de Braga, e outros que vieram do Liceu de Chaves e até de Ordens Religiosas.

Em 31 de Outubro de 1933, D. João Evangelista deixa a diocese de Vila Real e é substituído por D. António Valente da Fonseca, seu Bispo Auxiliar, que continuou as obras.

Em 1940 terminaram o curso 3 alunos dos 21 que entraram para o Seminário em 1930 e ali fizeram todos os seus estudos. Em 1942 estava pronta a ala nascente, em 1951 fechava-se o quadrado com a ala norte e, finalmente, em 1953 terminavam as obras.

Até 1966 o Seminário de Vila Real funcionou como Seminário Maior e Menor e nele era dada toda a formação: humanística, científica e espiritual.

Para as disciplinas de Direito Canónico, História da Igreja, Sagrada Escritura, Moral e Teologia Dogmática, todos os professores eram formados nas universidades católicas, quase sempre na Gregoriana em Roma.

Durante anos, o Seminário de Vila Real foi a única instituição de ensino superior existente no distrito.

Desde o ano lectivo de 1966/67 segue-se um novo período e uma nova fase da vida do Seminário. Outro Bispo, outro Vice-reitor, outro estilo de educação, outra maneira de tratar com os seminaristas.

Os alunos do Curso Teológico passaram a viver e frequentar o Seminário Maior do Porto. No ano lectivo de 1966/67 foram os alunos do 10 e 20 anos do Curso Teológico e no ano seguinte os restantes.

Desde então o Seminário de Vila Real passou a Seminário Menor e assim tem funcionado até ao presente.

Desde então até hoje o Seminário tem sido importante na vida da diocese (é o seu coração) e uma realidade marcante na vida de todos aqueles (padres e leigos) que aí estudaram e nele viveram alguns anos das suas vidas.

Altino Moreira Cardoso


  Página anterior Índice Página seguinte