Henrique J. C. de Oliveira, Relatório do Inquérito Linguístico realizado na Gafanha do Carmo, Aveiro, 1967.

A EIRA

Nas traseiras e a pequena distância de casa, (por vezes não dista mais do que um metro) fica situada uma ampla eira, assente sobre uma cama de bocados de tijolo, como pude observar numa casa ao lado da do meu informador, onde estavam a construir uma. É nela que são «esbulhadas» e secas as espigas de milho. Também aqui é retirado o feijão do seu invólucro, com a ajuda do malho. Com efeito, numa das últimas vezes que fui à Gafanha do Carmo, pude ver um grupo de homens que batiam vigorosamente as vagens secas de feijão, enquanto um «rancho» de miúdos ia apanhando e «botando» para uns cestos os grãos espalhados pela eira.

   
 

Fig. 34 - Pormenor da fotografia reproduzida no começo deste trabalho. Clicar para leitura do texto explicativo.

 

Vêem-se também, com frequência, vários montículos de caruma, as chamadas «medas de bicas», das quais se observa um exemplo na fotografia da figura 34, já anteriormente apresentada, mas agora com um enquadramento diferente e vários objectos em destaque. Mesmo por detrás dos «velhotes», vêem-se as acima referidas «medas de bicas» (3). Estas têm um terrível e implacável inimigo, o vento e as nortadas, que quando sopram com mais fúria, não se compadecem com nada. Como disse o ti Melro, «quando vem o bento, chápa-las bicas», ou seja, toda a caruma é espalhada e atirada para o chão.

Como se pode ainda ver na mesma foto, o material de construção mais usado na região são as «adobas». Assim, o poço onde está o engenho, os muros e as paredes das casas são feitos com este tipo de material, vulgarmente conhecido por adobes, que o meu informador designou por «adobas».

Clique-se na figura 34 e vejam-se as informações complementares aí fornecidas.

 

 

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