BOLETIM   CULTURAL   E   RECREATIVO   DO   S.E.U.C.  -   J.  ESTÊVÃO


2001 - Entrada do Milénio - Ano Europeu das Línguas - Comemoração dos 150 Anos da criação do Liceu de Aveiro

PÁGINA 1
Editorial

Arsélio Martins

PÁGINA 2
Medidas Peda-
gógicas

João Paulo C. Dias

PÁGINA 3
Dificuldades
escolares no
SEUC Sec.

Helena Silva &
Rosário Ruivo

PÁGINA 4 
A árvore da
amizade
Um olhar sobre
a velhice
O poeta
Ana Cláudia Almeida / Ana
Maria Silva /
Lialiana Borrego

PÁGINA 5
Contos portugueses
A riqueza e a
Fortuna

PÁGINA 6
11 de Setembro de 2001

PÁGINA 7
Natal 2001:
Um conto e um
poema
João Paulo Correia & Henrique J. C. de Oliveira

PÁGINA 8
Ciência na nossa
Vida
Núcleo de Estágio
de Fís.-Química

PÁGINA 9
Braga - A minha
cidade
Paulo Soares

PÁGINA 10
S. Martinho festejado
na escola

H.J.C.O.

PÁGINA 11
Tempo
Isabel Bernardino

PÁGINA 12
Divulgação e
Internet

H.J.C.O.

PÁGINA 13
Francês - Actividades
extra-curriculares
Alunos de Francês

PÁGINA 14
Se bem me lembro
Paula Tribuzi

PÁGINA 15
Hora do Recreio

PÁGINA 16
Fac-símile da 1ª página

 


11 de Setembro de 2001

 

Em 11 de Setembro o mundo assistiu, em directo, ao maior atentado terrorista da história do mundo. De tal modo parecia um acontecimento fantástico e quase impossível, que não acreditei quando disseram que os Estados Unidos estavam a viver momentos de elevada angústia. Pensei que se tratava de uma brincadeira do funcionário que me dera a notícia. E continuei impávido e sereno o trabalho que estava a fazer.

Ao fim da tarde, saí da escola, onde estava a trabalhar, e entrei num café da cidade para tomar uma bebida fresca. Ao fundo da sala, a televisão estava ligada, mas as imagens eram de publicidade. Pouco depois, volto a olhar para o televisor e fico ainda incrédulo com aquilo que os olhos me mostravam. Tão incrédulo, que perguntei ao empregado se era um filme, tanto mais que, na véspera, um canal televisivo tinha passado um em que o tema era precisamente o mesmo: o terrorismo.

Era um filme com algumas semelhanças com o que na realidade aconteceu. Um grupo terrorista decidira lançar uma bomba biológica sobre os Estados Unidos, tendo para isso desviado um avião comercial. Mas, na ficção, a acção tem um desfecho que não aconteceu na vida real. A ameaça trazida por aquele avião desviado é eliminada a tempo. Uma equipa americana de missões especiais consegue penetrar em pleno voo, a grande altitude, no compartimento de carga do avião, graças a um aparelho mantido secreto e em fase experimental. E, depois de muitas peripécias, em que o herói é ajudado por uma hospedeira de bordo, a situação é controlada: os terroristas são abatidos e o herói consegue substituir os pilotos friamente assassinados e aterrar de emergência, pondo em prática os poucos conhecimentos que tinha adquirido numa escola de pilotagem.

Quem dera que a realidade tivesse sido como na ficção!

A partir de 11 de Setembro de 2001, data tristemente célebre e já histórica, o mundo abriu repentinamente os olhos para a realidade: ninguém está seguro!

Aquilo que consideramos uma invenção de paz, para servir o Homem, pode bruscamente tornar-se uma arma mortífera. Neste caso concreto, a arma insuspeitada de terroristas sem escrúpulos, de há longa data «magistralmente» organizados, talvez se tenha tornado a arma de libertação de milhares de pessoas, há vários anos submetidas a um regime de barbárie pior que todas as Idades Médias europeias: gente sem liberdade, mulheres que não podiam sequer mostrar a cara nem viver como seres humanos dignos e a quem nem a assistência hospitalar era permitida, pessoas reduzidas a um regime dito religioso que atentava contra a própria dignidade humana. Como é possível que um só elemento tenha conseguido submeter um país inteiro, fazendo mergulhar os habitantes num período de terror que se prolongou por quatro longos anos?

A resposta foi já fornecida por um dos ministros do próprio causador do terror. O homem mais falado e mais procurado nos últimos meses andava sempre com elevadas quantias de dinheiro, distribuindo-o livremente, dando frequentemente cinquenta mil ou cem mil dólares de cada vez àqueles que o rodeavam. Com esta magnânima generosidade conseguiu comprar a liberdade de milhares de pessoas, fazendo impunemente aquilo que queria.

Esperemos que a morte de cinco milhares de pessoas inocentes, que iniciavam mais um dia de trabalho, contribua ao menos para a libertação de muitos milhares de outras pessoas e, sobretudo, para que o Homem passe a estar mais atento a todos os perigos que frequentemente o ameaçam e para os quais é ele próprio quem contribui.

Os números que passamos a transcrever permitem-nos ficar com uma ideia da grandiosidade daquelas duas torres gémeas, símbolo não apenas de uma América, que se julgava em relativa segurança, mas sobretudo um símbolo da capacidade criativa e criadora do Homem.

● Data de inauguração: 4 de Abril de 1973
● Arquitecto: Minoru Yamasaki

● Betão utilizado: 325.000 m
3
● Aço utilizado: 200.000 t.

● Superfície ocupada: 65.000 m
2
● Tinta utilizada anualmente para manutenção: 250.000 latas
● Cabos de alimentação eléctrica e comunicações: 50.000 km
● Total de janelas: 43.600

● Superfície em vidro: 56.000 m
2
● Equipamentos para ar condicionado: 49.000 t.
● Escadas: 13 km de extensão
● Ascensores: 99
● Lotação: 50.000 pessoas
● Turistas por ano: 2 milhões

Para destruir tudo isto, apenas dois aviões desviados por pilotos suicidas com cerca de 80.000 litros de combustível cada um.

Se alguma vez este obelisco abatido voltar a surgir, qual fénix renascida, passará também a simbolizar não só a arrogância perdida de uma nação que se julgava segura, mas também o renascer para a liberdade de milhares de pessoas oprimidas pelo poder económico e anti-ocidental de um só.


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