Dia da África

PÁGINA 1
O Ensino Recorrente
Prof. João Paulo

PÁGINA 2
Dois castigos sem ter de quê
Prof. H. J. C. O.


PÁGINA 3
Dia da Poesia
Entrevista a Teresa Castro
Profª Paula Tribuzi

 

PÁGINA 4 
A família há alguns anos
Odete Nogueira, 12º Turma E

 

PÁGINA 5
Voltar de novo a estudar?
A. Alberto Teixeira, 12º M


PÁGINA 6
Avaliação do Ensino Recorrente
Profs. Cristina Campizes e João Paulo

 

PÁGINA 7
Dia da África

PÁGINA 8
Literatura Africana em Língua Portuguesa
Nilton Garrido Sec. Turma SA

 

 

PÁGINA 9
O Movimento da Negritude
Nilton Garrido Sec. Turma SA

 

PÁGINA 10
Poetas da Casa

 

PÁGINA 11
Televisão - Janela aberta para o mundo?
Trabalho de grupo Sec.

 

PÁGINA 12
Hora do Recreio

No dia 25 de Maio foi celebrado o Dia da Escola. Houve exposições e diversas actividades. À noite festejou-se o Dia da África. Os alunos provenientes dos PALOP’s organizaram uma exposição em que nos mostraram imagens das suas terras: Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Guiné, Angola e Moçambique. São prova disto as imagens. E como nestes países se fala Português, tens, além de poemas, algumas páginas relacionadas com a literatura africana de língua portuguesa.

PARTIDA PARA O CONTRATO

O rosto retrata a alma
amarfanhada pelo sofrimento

Nesta hora de pranto
vespertina e ensanguentada
Manuel
o seu amor
partiu para São. Tomé
para lá do mar

Até quando?

Além no horizonte repentinos
o sol e o barco
se afogam
o mar
escurecendo
o céu escurecendo a terra
e a alma de mulher

Não há luz
não há estrelas no céu escuro
Tudo na terra é sombra

Não há luz
Não há norte na alma da mulher

Negrura
Só negrura...

Agostinho Neto
(Angola: 1922-1979)

 

 

MULHER

Chamam-te linda, chamam-te formosa,
Chamam-te bela, chamam-te gentil...
A rosa é linda, é bela, é graciosa,
Porém a tua graça é mais subtil.

A onda que na praia, sinuosa,
A areia enfeita com encantos mil,
Não tem a graça, a curva luminosa
Das linhas do teu corpo, amor e ardil.

Chamam-te linda, encantadora ou bela;
Da tua graça é pálida aguarela
Todo o nome que o mundo à graça der.

Pergunto a Deus o nome que hei-de dar-te
E Deus responde em mim, por toda a parte:
Não chames bela — chama-lhe Mulher!

Rui de Noronha
(Maputo: 1909-1942)

 

 

LEVARAM-NO

Levaram-no!
A casa ficou sem ninguém
O barulho da porta ao bater
Com o barulho do vento se misturou

Levaram-no!
O chorar das crianças
Sem ninguém

Levaram-no!
O cansaço repartindo-se por todas as almas

Crianças, crianças,
Não chorem

Levaram-no!
A casa ficou sem ninguém

Mulheres olhando
Sem ver
Mães erguendo mãos para o céu
Sem ver nada

José Carlos Schwartz
(Bissau: 1949-1977)

Clica na película fotográfica para poderes ver o resto do rolo.

O NOVO CANTO DA MÃE

Mãe
Nós somos os teus filhos
Que sem vergonha
Quebraram as fronteiras do silêncio.
Os filhos sem manhãs
Que rasgaram as noites que cobriam
As carnes das tuas carnes.

Nós somos, Mãezinha,
Os teus filhos,
Os pés descalços,
Esfomeados,
Os meninos das roças,
Do cais,
Os capitães d’areia,
Os meninos negros à margem da vida
Que despedaçaram o destino do teu
ventre,
Que endireitaram os instantes
Que marcaram socalcos na terra firme,
Na profundidade das trevas da tua vida.

Nós somos, Mãezinha, os teus filhos,
Sexos que germinaram vida,
Forças que desfloraram a virgindade dos dogmas
Fecundaram minérios de esperança,
Olhos, dinamite de amor,
Mãos que esfacelaram a espessura dos obós.

Tomás Medeiros
(S. Tomé: 1931)

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