Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996. |
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Na primeira metade do século
XX surgem também alguns nomes importantes no campo pedagógico, cuja influência
se faz sentir nos continentes americano e europeu Em 1902,
Thorndike
(1874-1949) ministra o
primeiro curso sobre avaliação educativa na Universidade de Colúmbia e
torna-se o primeiro a aplicar métodos de pesquisa quantitativa a problemas
educacionais. A sua dissertação de doutoramento sobre a Inteligência
Animal (1898) constitui um marco na história da psicologia. No campo do
ensino, Thorndike deu igual valor à recompensa e punição, sucesso e insucesso
e satisfação ou descontentamento do aluno. Com base na ideia do arco reflexo
(teoria do conexionismo), a qual ligou o cérebro e o tecido neuronal com o
comportamento total do organismo, estabeleceu uma ligação
entre as reacções dos alunos e
o meio ambiente, tendo formulado a teoria do estímulo-resposta. Considerou
também que o homem é bom ou mau e passível de modificação, sendo a natureza
humana uma «massa original de tendências»
que poderão ser exploradas quer para o bem, quer para o mal, tudo dependendo
daquilo que se aprende. Thorndike formulou as leis da
aprendizagem, que contribuíram para as bases da tecnologia educativa. Segundo
ele, a aprendizagem passava pela resolução de problemas. Com base em várias
experiências, formulou as três leis da aprendizagem: 1. lei do exercício ou
repetição, segundo a qual, quanto mais vezes for induzido um estímulo-resposta,
designadamente se for acompanhado de resultados positivos, mais duradouro se
tornará o conhecimento adquirido; 2. lei do efeito: baseada na dicotomia
prazer-dor, a conexão entre um estímulo e uma reacção será reforçada ou
será enfraquecida de acordo com um resultado agradável ou desagradável, ou
seja, a satisfação reforça a conexão ao passo que o descontentamento ou a
dor a enfraquecem; 3. lei da prontidão ou da maturidade específica (readiness):
desde que um organismo esteja preparado e predisposto a estabelecer a conexão
entre o estímulo e a resposta o resultado será agradável e a aprendizagem
efectiva; caso contrário esta não se efectivará e o resultado será desagradável. De acordo com os princípios
enunciados, o papel do professor deverá pautar-se por duas regras fundamentais:
contribuir para uma predisposição do aluno para a aprendizagem, de modo a que
dela resulte prazer e interesse, e evitar que ocorram situações que produzam
conexões indesejáveis e provocadoras de desconforto.
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No terceiro volume do
trabalho Psicologia Educativa,
Thorndike formulou os princípios básicos subjacentes à tecnologia educativa,
tais como a actividade do próprio aluno, o interesse (motivação), a preparação
e predisposição mental, a individualização e a socialização. Para a aplicação
destes princípios, o professor deverá controlar as actividades dos alunos no
sentido desejado, tendo em conta os interesses e as aptidões mentais de cada
um, sendo também importante que os estímulos e os materiais utilizados estejam
de acordo com o nível mental dos educandos. Em certa medida, Thorndike
antecipou as regras do ensino programado, tendo inclusive criticado a má
estruturação dos livros utilizados no ensino. Por exemplo, relativamente aos
livros de exercício, estes deveriam estar de tal modo organizados que o aluno
«só pudesse passar para a página dois
depois de ter resolvido todos os problemas da página um e assim sucessivamente.»
Ainda segundo ele, «grandes economias são
possíveis mediante ajudas impressas. (...) O bom professor deverá utilizar
livros e recursos de modo adequado tal como a sua própria perspicácia,
simpatia e magnetismo.[1]» |
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