índice do almanaque
DO "LIVRO DAS FORTALEZAS" DE DUARTE DARMAS
edição de 1943, fac-similada da de 1520/30

A FORTALEZA DE NOUDAL

Pesquisa de Pedro Cuncos

Está a povoação de Noudal, também designada por Noudar, situada no topo de um largo outeiro, na margem esquerda da ribeira de Murtega, afluente do rio Ardila, do concelho de Barrancos, a 500 metros da raia espanhola. Presume-se que a sua fundação seja remotíssima, pelo que deve ter começado por um castro de povoamento, e constituiria já um florescente oppidum à chegada dos romanos. A sua importância militar foi sempre grande através dos séculos, mercê da situação que desfruta entre duas linhas de água, a 300 metros das passagens enfragadas da ribeira de Murtega e dum seu afluente da margem direita, que ali serve de fronteira a guardar a importantíssima estrada militar que, vindo da Bética, passava por Jerez de los Caballeros e Oliva de Jerez, ligando Noudar a Moura. Estas razões fortes levaram certamente os romanos a transformar o castro lusitano em inexpugnável fortaleza, numa potente base da sua ocupação. Aos suevos e alanos teria igualmente / p. 10 / despertado todo o interesse, mantendo sempre a fortaleza em eficiente estado de defesa durante as lutas contra os vândalos e visigodos, como depois o teriam feito os mouros, que lhe mudaram o nome para Nodar ou Nodal.

El-rei D. Dinis, fixada a fronteira com Castela naquelas terras, então quase ermas, de além Guadiana, mandou logo restaurar a fortaleza de Nodar em 1295, dando foral à povoação com todos os privilégios, isenções e regalias da de Évora, e fazendo-a couto do reino ou de homiziados, para que mais fácil e rapidamente fosse povoada. Depois o seu forte castelo e cerca amuralhada foram sucessivamente restaurados nos reinados de D. Fernando e de D. João I, sendo ainda em tempos de D. Manuel uma próspera e pujante vila Alentejana, guarda vigilante da nossa fronteira com a Espanha. É desse tempo a fortaleza representada nos desenhos de Duarte Darmas.
 

 

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