Literárias

 

CANTO DO SUPER-PÁSSARO 

Ji

Uu

Aa

P' gikk

P' p' gikk

Beckedikee

Lampedigaal

P' p' beckedikee

P' p' lampedigaal

Ji uu Oo Aa

Brr  Bredikekke

Ji uu Oo ii Aa

Nz' dott Nz' dott

Doll

Ee P' gikk

Lampedikrr

Sjaal

Briiniiaan

Ba baa”

 

(1946)

Kurt Schwitters

Augusta bolte (sic)

Traduzido por Mário Cesariny

A Capital, 20.09.1972

Comentário

Como será, no original, o texto deste Poeta alemão, que se presume ser Surrealista?

 

 

 

En ressortant de sa chambre, il se heurta à un soldat en béret rouge assis sur un pliant qui le salua d'un «good morning, bwana» (2). /.../

(2) «Bonjour, patron», en swahili.

SARTHE,  Zaïre adieu, Editions Gérard de Villiers, page 34, 1997

Comentário

1. Fenómeno único: há duas línguas iguaizinhas, o Inglês e o Swahili, mas pertencendo a famílias linguísticas e culturais, totalmente, diferentes.

2. Ou será que, como no Chinês, se escrevem da mesma maneira, mas têm pronúncias diferentes?

 

 

Citação de cor:

Ah!, fit-il en français.

VERNE, Jules, Les enfants du capitaine Grant, Aventures en  Amérique du Sud, 1866.

Comentário

Como se dirá “ah” em castelhano da Patagónia?

 

 

» Agarrou-me no cabelo com as duas mãos e puxou até que gritei de dor. Tem lágrimas nos olhos – comentou, e largou-me.

  Vejo que está tudo em ordem. Temos de ter cuidado porque já fomos enganados duas vezes por perucas e uma por tinta. Podia contar-lhe histórias sobre tinta de cabelo ruivo que iriam chocar a sua maneira de ser.

» Foi até à janela e gritou, com quantas forças tinha, que a vaga estava preenchida. Lá de baixo, veio um rugido de decepção e as pessoas partiram em tropel cada uma para o seu lado, até que não ficou uma única cabeça vermelha à vista, a não ser a tainha e a do gerente.

/.../ sou um dos beneficiários do fundo /.../. O fundo destinava-se, é claro, à propagação e expansão dos cabeças vermelhas /.../.

DOYLE, Conan, As aventuras de Sherlock Holmes, Biblioteca Visão, Printer, Indústria Gráfica, SA, Barcelona, pág. 51

Comentário

A palavra “rainha” presta-se a muitas gralhas e, neste caso, o t  é mesmo a tecla ao lado do r.

Consta que, há umas dezenas de anos, num jornal de Coimbra, onde, possivelmente, ainda se usava o teclado HCESAROP, se publicaram as seguintes correcções, em números sucessivos:

“Pedimos desculpa, aos nossos leitores, porque, ontem, falámos das Festas da Tainha Santa, quando, como é óbvio, queríamos dizer Sainha Santa”. E, parece que, no dia seguinte, terá saído nova correcção, onde se emendavam as  duas gralhas, escrevendo “Bainha Santa”. “Se non è vero, è ben trovato”.

 

 

/.../ Só disparam à minha voz, gritou o sargento. Estas palavras fizeram compreender ao cego o perigo em que estava. Pôs-se de joelhos, implorou, Por favor, ajudem-me, digam-me por onde devo ir. Vem andando, ceguinho, vem andando, disse de lá um soldado em tom falsamente amigável, o cego levantou-se, deu três passos, mas estacou outra vez, o tempo do verbo pareceu-lhe suspeito, vem andando não é vai andando, vem andando está a dizer-te que por aqui, por aqui mesmo, nesta direcção, chegarás onde te estão a chamar, ao encontro da bala que substituirá em ti uma cegueira por outra. /.../

SARAMAGO, José, Ensaio sobre a cegueira, Prémios Nobel, Diário de Notícias, pág. 87, 2003

Comentário

O tempo não tem nada de suspeito, dado que é o mesmo, nos dois casos.

 A grande diferença é que em “vem andando”, trata-se do verbo vir, e em “vai andando”, o verbo é ir.