Directores da Revista, Arquivo do Distrito de Aveiro, Vol. III, pp. 3-4

CAMINHANDO SEMPRE

DOIS anos completos de vida já tem o ARQVIVO DO DISTRITO DE AVEIRO; o que a muitos se afigurou uma utopia, é hoje uma realidade visível.

Com infinita satisfação vêem os fundadores e directores desta revista os seus esforços premiados e reconhecidos como úteis aos povos do Distrito de Aveiro e à Nação.

Não merece esta revista apenas pelos estudos e documentação que em suas Páginas arquiva; merece também pelo estímulo que está dando à formação de investigadores e historiadores da região.

É já notável o número de pessoas ilustres que a ela estão prestando a sua colaboração e auxílio, sinal certo do apreço em que a têm, e do alto valor dos seus objectivos.

Se a nossa dedicação e sacrifícios pelo ARQVIVO são grandes, muito maior é a nossa gratidão por todos aqueles que connosco colaboram, e desinteressadamente, justo é confessá-lo.

Homens notáveis nas letras e nas ciências trazem-nos o fruto dos seus estudos e investigações, outros trazem-nos palavras de louvor e entusiasmo pela obra a que metemos ombros; outros, finalmente, de mui diversa maneira concorrem para o triunfo da empresa.

Faltas tem havido e terá de haver na nossa obra; muitas são, no entanto, estranhas à nossa vontade.

Procuraremos, porém, remediar essas faltas; tentaremos melhorar a obra quanto nos for possível, e assim havemos de ir correspondendo à confiança e amizade daqueles que de perto e de longe acarinham o nosso plano e protegem e auxiliam o ARQVIVO, guarda de relíquias sagradas das nossas terras, das nossas / 4 / tradições, e dos nossos desejos. E o ARQUIVO, obra independente, e profundamente nacionalista que merece já os aplausos dos contemporâneos, merecerá mais tarde as bênçãos dos vindouros, ele produzirá os seus frutos e benefícios; ele dará alguma tranquilidade e prazer a muitos espíritos cansados das inglórias lutas humanas e atormentados por dúvidas dolorosas.

Temos sempre bem presentes as maravilhosas palavras com que o saudoso Dr. Jaime de Magalhães Lima, talentoso e santo, honrou esta publicação no seu início. Fecundidade das relíquias foi o título expressivo do seu artigo, e nele disse: «Eis que agora as relíquias vivem, aquecem e iluminam como a luz de uma lâmpada imperecível, e dos seus jazigos se desentranha uma insondável profusão de riquezas».

Nós desejamos ardentemente que estas palavras correspondam a uma realidade, e por isso, sempre cheios de fé ardente nos altos destinos da nossa Pátria, continuaremos a coligir materiais onde o futuro possa fixar as suas raízes.

O terceiro ano de publicação do ARQUIVO DO DISTRITO DE AVEIRO vai começar.

Aveiro, 2 de Março de 1937.

ANTÓNIO GOMES DA ROCHA MADAHIL
FRANCISCO FERREIRA NEVES
JOSÉ PEREIRA TAVARES

 

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