Fátima Manuela Bóia, Poemas

                       "Imagem"

De longe,
Consigo ver o teu coração
A chorar lágrimas de sangue...
Consigo ver a ondulação constante
Da tua alma perdida...
A dor que se refugia
Num corpo fechado, que não se partilha...
Estabelece-se, então, uma intensa
Relação entre o teu ser e o papel...
Descreves o deserto da vida,
Onde falta o alimento,
O teu alento para o dia-a-dia...
Questionas a sua razão
E não compreendes as suas consequências...
Pedes ajuda a um anjo e à justiça...
De repente, tudo te parece morto e petrificado...
Estás só no mundo,
Rodeado de gente que não é gente...
As árvores não dão flor
E as nuvens taparam o sol...
Tudo se torna cinzento e escuro...
Decides olhar para o céu...
Reparas naquela que te tem vindo a seguir...
Aquela que, a sudeste, brilhará sempre,
Cuidando daqueles que ilumina...


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