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Os escanzelados
Aparecem agora
Em corpos de crianças
Infelizes,
A quem foi negado
O direito à infância.
E é um trabalho duro,
De sol a sol,
O que lhes enche
O corpo de leite
Ressequido e áspero
precocemente
Meninos seminus
Caminhando descalços
A endireitar tijolos
Fumegando ao sol.
Meninas pequenas
Em frente a grandes teares,
Numa monotonia e pressa
Quase adultas,
Raspando seus dedos frágeis
Na lã grossa
Dos tapetes
Das senhoras com dinheiro.
Meninas-senhoras,
Senhoras “meninas”,
Que por cinco bagos de arroz
Entregam o corpo
(Como se a alma não fosse
junto),
À sorte de quem
O quer violar
E pagar.
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