Dante Alighieri

por

André Freixieiro


Dante nasceu em Florença, província da Toscânia, em Itália, em 1265. A sua família pertencia a um dos dois partidos políticos da cidade: os Guelfos. O pai foi Alighiero di Bellincione degli Alighieri, que se supõe ter falecido por 1283.

Ainda criança, Dante teve uma simpatia exaltada por Beatriz (familiarmente “Bice”), possivelmente filha de Folco de Portinari e de Cilia Capousacchi. Beatriz veio a casar com Simone dei Bardi e faleceu aos 24 anos (1290). 

A paixão por Beatriz vai acompanhá-lo ao longo de toda a vida. Na Vita Nova, obra escrita em honra de Beatriz, são narrados, em prosa e verso, os momentos que esta lhe inspirou.

«Eis-nos chegados, disse Beatriz, ao céu todo de pura luz - incorpóreo, imaterial...»

Pensa-se que tenha feito os primeiros estudos na escola dos Dominicanos de Santa Maria Novella e no convento de Santa Croce dos Franciscanos. Na época de Dante, os estudos compreendiam: 1º, um curso chamado “Trívio” (gramática, lógica e retórica); um 2º, chamado “Quadrívio” (aritmética, geometria, música e astrologia); em seguida estudava-se filosofia (ciência natural, ciência moral, ciência divina ou teologia).

As obras de Dante mostram uma vastíssima instrução humanística. Conhecia muito bem a Literatura Latina; mas Virgílio foi para ele o Poeta por excelência, que lhe serviu de modelo o Mestre. Pensa-se que estudou nas famosas escolas teológicas e filosóficas de Bolonha, Pádua e talvez também em Paris.

Ao longo da Divina Comédia mostra que Brunetto Latini foi para ele um homem de muita ciência e de segura reputação, com o qual se ligou de uma forma afectuosa e de quase fraterna intimidade, de onde tirou como fruto úteis ensinamentos.

O Poeta tomou parte no Combate de Campaldino (1289) entre os Guelfos de Florença e os Gibelinos de Arezzo. Fez parte da administração da cidade de Florença, chegando em 1300 a ser embaixador em S. Gemignano.

Desposou Gemma Manetto Donati e dela teve três filhos.

Florença encontrava-se, sobretudo nos dez últimos anos do séc. XIII, em ebulição e em rebelião, dadas as lutas políticas entre os dois grandes partidos que ensombravam a vida da cidade: os Guelfos e os Gibelinos. Dentro destes dois partidos existiam facções que se digladiavam entre si.

As desventuras de Dante provieram do seu desempenho nas funções de magistratura El Priorato (Priori delle Arti), dado que houve graves tumultos e velhas contendas entre as facções dos Cerchieschi (os Brancos) e os Donateschi (os Negros), divisões do partido Guelfo em Florença. Os novos Priores chamaram do exílio os Brancos e então os Negros apelaram para o Papa que, para remediar o conflito, pensou em Carlos de Valois. Este, em 1301, veio para Itália a rogo do Papa Bonifácio VIII e foi a Florença para pacificar os rivais, vindo a ser causa de maior discórdia, porque entregou a cidade aos Negros. Consequentemente, Dante teve de emigrar em 1302.

Dante foi condenado à revelia, com outros fugitivos de Florença, Brancos como ele, sob a acusação de fraude e de manejos contra o Papa e Carlos de Valois. O poeta foi multado e obrigado a manter-se afastado de Florença durante dois anos e a perder a elegibilidade para todas as funções públicas.

Como proscrito, ele irá sentir como é amargo o pão alheio e como é duro “subir e descer a escada dos outros“.

Esteve exilado nas cidades de Roma, Siena, Arezzo, Verona, Bolonha e Pádua.

Em 1306 esteve em Lunigiana, hospedado na casa da antiga e ilustre família Malaspina, a quem se refere no “Purgatório” “Divina Comédia” (Canto VIII, vv. 118 e seguintes). Por 1310 chegou a Itália Henrique de Luxemburgo, denominado Henrique VII, com o fim de tomar Florença (“Divina Comédia” “Paraíso”, Cantos IX, vv. 133-142 e Canto XVII, vv. 51). Porém, o soberano morre no ano seguinte. Nos últimos anos esteve em Ravena, na Corte de Guido Novello da Polenta, neto de Francesca de Remini. Chegou a estar em Veneza como embaixador de Guido, mas, regressado a Ravena, morre de 13

para 14 de Setembro de 1321. Teve duas épocas importantes na sua vida: 36 anos em Florença e 20 como exilado.

Dante escreveu as seguintes obras: em italiano “Vita Nova”, “Convívio”, “Rime” e “Divina Comédia”; em latim os tratados “DE VULGARE ELOQUENTIA “, “DE MONARCHIA “, “EPISTOLAS”, “ECLOGAS” (2), “QUAESTIO DE AQUA ET TERRA “.

Dante domina todo o século XIII e é um dos génios da Idade Média. No tratado “DE MONARCHIA” (séculos XIII e XIV) afirma:

«A paz universal, eis aqui a perfeição, o fim último para o qual o género humano se dirige, cumprindo a sua LEI.”

Dante, no seu tempo, esperava que a Justiça e a Paz, veemente aspiração da sua alma de homem consciente, fossem a base definitiva da ordem social na Humanidade.

Sem dúvida que a “Divina Comédia”, obra-prima de Dante, ilustrou o espírito de gerações ao longo de três séculos nela vibra a profunda convicção da grandeza e da virtude moral do Cristianismo.

 

Mundo Dantesco

No poema alegórico-didáctico que é a “Divina Comédia“, obra máxima da literatura Italiana e que só mais tarde foi chamada Divina, Dante narra uma viagem imaginária na qual visita os Círculos Infernais, primeiramente guiado por Virgílio, seu Mestre, descendo até ao centro da Terra, onde reside Lúcifer, Príncipe dos Demónios. Daí, voltando à superfície do globo terrestre, sobe à montanha sagrada do Purgatório e agora, guiado pela sua amada Beatriz, chega ao Paraíso. Voa então pelos nove Céus até ao Empíreo e esta sublime viagem acaba na suprema e beatífica visão de Deus.

A acção do poema desenrola-se em sete dias: da tarde do dia 7 até à tarde de 14 de Abril de 1300.

A “Divina Comédia” aparece escrita em tercetos e está dividida em 3 partes: a 1ª é subdividida em 34 pequenos cantos e a 2ª e a 3ª em 33.

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