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Ver... para além de olhar - 4 a 26 de Setembro de 2010



O Caçador de Imagens
 

António Carretas é cada vez mais um nome a fixar no exigente universo fotográfico. Nasceu em Elvas, mas tem Aveiro no coração, onde reside.

A sua obra é uma viagem de vida, um trabalho sem fronteiras ou cidadania, feito de percurso imenso à volta do mundo, de contactos com povos e culturas diferentes, humanista.

Essa é uma forma de observar o mundo, de comparar formas de vida, de saber estar no local e hora certa para registar e parar o tempo através da sua objectiva.

Fez deste «Hobby» uma paixão e uma causa, mesmo um desígnio pessoal, mostrando o quanto isso é importante no compromisso social e na formação do ser humano.

Reconheço o enorme esforço estético do António Carretas, nessa actividade mental permanente na construção das suas imagens mais díspares: paisagens de terra e mar, casas, rostos, texturas e composições. Todas essas fotográficas ou estruturas são envolvidas de uma atmosfera muito afectiva.

Eu só falo do que observei e senti nessa exposição, numa primeira, e simples análises de espectador.

Não sou um erudito em fotografia, nem tão pouco tenho a pretensão de fazer algumas apreciações críticas aos trabalhos deste amigo, nos domínios técnicos. Esse acto livre e misterioso de difícil descodificação deixo para outros "experts" na matéria. Só constato que a actividade de um fotógrafo a esse elevado nível, pressupõe uma enorme solidão, grande, estudo e reflexão, que me serve como busca do seu próprio sentido de vida.

São muitos os desafios e múltiplas as expectativas que o artista coloca a si mesmo, preocupações constantes no domínio técnico.

O mais importante elemento na fotografia é a capacidade intelectual ou a consciência de saber encontrar as condições ideais de fazer passar pela objectiva o desasado momento de luz.

Todos sabemos que um objecto ou paisagem sofre, durante um dia de variadas e infindáveis tonalidades de cor.

A máquina tem que estar por perto, para registar esse momento. É aí que o fotógrafo tem de estar.

Vão longe os tempos, o século dezanove é disso testemunho, dos primários caixotes fotográficos, das fotos de costumes e de família em que o slogan dos laboratórios era: «Você prime o botão, nós fazemos o resto.» Desde estes dias longínquos que assistimos a uma enorme evolução de tecnologia em todos os domínios da fotografia, desde o preto e branco até à cor dos nossos dias.

As imagens ou registos a preto e branco não foram superadas pelas fotos coloridas; estas simplesmente apresentam outras características, entre elas uma maior fidelidade.

Nos vários elementos formais de uma fotografia é a cor a responsável pelo impacto mais mediático. Compete ao fotógrafo em consciência envolver a imagem dum clima de cor ou temperatura corresponde a um estado de espírito diferente.

Com o António Carretas, a sua inquietação e pesquisa leva-o a subverter tons e matizes e a transmitir novas emoçoes.

Não o preocupa a exacta reprodução de uma imagem. Como os pintores impressionistas foram capazes de perceber, as cores passam por mutações constantes, de acordo com a luz e com a sua proximidade.

São quarenta anos fotografar, a namorar a luz a musa inspiradora de todas objectivas.

Ao António Carreta, os nossos parabéns por esta magnifica exposição que vem comemorar a esta sua galeria, intitulada "Ver ... para além de olhar". Aveiro-Arte agradece esta sua iniciativa, desejando que esta mostra seja uma forma de estabelecer diálogos entre os espectadores. Ao caçador de imagens aqui presente, António Carretas, o nosso muito obrigado.

A direcção

Hélder Bandarra


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