PEDE-ME a Comissão Organizadora da Homenagem à A. H. dos
Bombeiros Voluntários de Aveiro algumas palavras para inserir no n.º 2
da «HUMANITÁRIA», em comemoração das Bodas de Diamante da prestimosa
colectividade aveirense, e eu tenho como dever não me escusar ao honroso
pedido, na modesta proporção do que possa e saiba dizer.
Embora alheio, em
pormenor, à vida intensa da benemérita Associação, não posso ser alheio
ao seu valor como elemento de abnegação e de sacrifício em favor da
linda capital do nosso distrito. Os Bombeiros, soldados da Paz por
excelência, formam uma classe à parte na vida das terras em que exercem
a sua nobilíssima missão, e durante 75 anos de heroísmos sem conta —
grimpa gloriosa atingida em nobre apostolado de ternura humana —
certamente que a À. H. dos Bombeiros Voluntários de Aveiro tem cumprido
a sua tarefa de maneira a dar a Aveiro a garantia solene de que nela
podem confiar os seus habitantes.
Eu sei, todos nós
sabemos, que nas horas de perigo iminente os Bombeiros são os primeiros
Amigos com que podemos contar. Eles dão sempre o seu sangue e a sua vida
pelo seu semelhante, sem exigirem qualquer prémio. Caminhando para a
luta com o coração a transbordar de ternura por todos aqueles que se
encontram em perigo, quantas vezes, nas grandes catástrofes, sucumbem,
de sorriso nos lábios, enquanto nos seus lares fica a viuvez e a
orfandade a testemunhar rasgos de heroísmo que não visam a recompensas
que não sejam as do dever cristão humanamente cumprido.
Laboriosa, nobre e
lavada ascensão é, portanto, a levada a efeito pelos fieis servidores da
A. H. dos Bombeiros Voluntários de Aveiro durante estes 75 anos de amor
pela sua terra e pela vida e bens dos seus habitantes, e tudo quanto
possa dizer-se — por maiores montanhas de louvores que se teçam em volta
de tamanha obra — não passa dum pálido reflexo daquilo que Aveiro e o
seu povo lhe deve.
E que isto é uma
verdade suprema, atesta-o a homenagem que um grupo de aveirenses
ilustres promove nesta gloriosa data, rodeando de afectivos carinhos e
de festivas galas a benemérita Associação, homenagem a que eu me
associo, de alma ajoelhada, com estas modestíssimas palavras.
Espinho, Janeiro de
1957
CARLOS DE MORAIS |