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Silvo estridente

 
           
 

 

 

oou o silvo na altaneira sirene dos Bombeiro! É momento de aflição para uns, de conforto para outros, de esperança para todos!

De dia como de noite, os bombeiros correm ao quartel e as viaturas adequadas já estão a trabalhar, prontas para transportar os homens que irão enfrentar todos os perigos. Há que seguir e não temer. Os pais, as esposas, os filhos e demais familiares estão desde há muito mentalizados do dever do Bombeiro, mas quantos deles não terão no pensamento e nos lábios uma oração de protecção e desejo duma feliz actividade e regresso!


É a missão do Bombeiro. a bem da Humanidade, que está em causa e é acima de tudo que os Soldados da Paz empregam os seus esforços para minimizar os prejuízos pessoais ou materiais.

Grande lição de abnegação dos Soldados da Paz, que acompanho desde menino, já que nasci – em 17 de Novembro de 1921 – ao lado do quartel dos Bombeiros da Companhia Voluntária de Salvação Pública "Guilherme Gomes Fernandes", mais propriamente na Rua do Gravito (paredes meias onde também nasceu o talentoso Bispo D. João Evangelista de Lima Vidal), freguesia da Vera-Cruz.

Os meus primeiros passos foram dados pelo actual largo do Capitão Maia Magalhães. É que a padaria do meu pai (o meu pai era industrial de padaria) tinha saída pela estreita viela da Granja e quando de dia os sinos rebatiam no campanário da Câmara Municipal (naquela época não havia sirene, o alarme era feito nos sinos por toques que localizavam a zona e a espécie do sinistro) lá partia eu em corrida, para a boca daquela Viela, ver sair os bombeiros, que então, por 1926, já possuíam um velho automóvel para seu transporte, que era a minha maior predilecção.

Quantas vezes o meu pai, a minha mãe e até o meu irmão mais velho me iam buscar, receosos da minha traquinice em me meter na viatura. Até a Ti Maria do Barros, a Emilinha do Ribeiro e tantas outras me punham a mão e me levavam ou obrigavam a ir para casa.

Agora, quase velho, como recordo com saudade a meninice que vivi em comunhão com os Bombeiros Novos – velhos vizinhos meus que muito admiro e que não esqueço e não canso de enaltecer.

Com surpresa minha, fui agora convidado para escrever a algo a propósito desta Corporação e do seu 75.º aniversário. Não podia, como nato "cagaréu" e director do jornal mais antigo do Concelho de Aveiro em circulação – o "ECOS DE CACIA" – furtar-me a tão honrosa distinção, e, embora modestamente, também não encontraria melhor motivo para colaborar neste opúsculo que ficará perpetuado através das gerações.

Esta resenha, que faz parte da minha vida, é também uma recordação dos primeiros anos dos Bombeiros Novos de Aveiro.

O seu novo Quartel-Sede, que vamos inaugurar, será a futura casa dos Soldados da Paz que a gente da Beira-Mar acarinha e os seus filhos continuarão, por Dever e Brio, a guarnecer através dos tempos.

 
 

Manuel Ferreira Marques Damião

 
 

pág. 35

   

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