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farol n.º 28 - mil novecentos e sessenta e oito ♦ sessenta e nove, pág. 13.

Para viver na liberdade de espírito

Francisco José Paula dos Santos Piçarra
(6.º ano e)
 

Mais um dia passou. Como habitualmente, faço o meu exame de consciência... Que fiz eu? Como vivi mais 24 horas que Deus, por sua infinita bondade, se dignou dar-me?

Começo a analisar o que me aconteceu. Tudo igual: a preguiça ao levantar cedo, as aulas, os professores, os companheiros, as mesmas conversas insípidas e sem sentido, a secretária rectangular, o estudo apurado, mas sem vontade, tudo análogo, tudo igual! Parece que este dia nada trouxe de novo para mim.

Mas não. Todos os dias que passam são portadores de mensagens morais e espirituais, por mais pequenas que elas sejam. Hoje tive aula de religião. Que problema nela se abordou? Foi este: «o sentido do nosso viver, do nosso existir. Eis com que preencher hoje o meu diário. Depois do que ouvi, é bom que tire conclusões, que capte a tal mensagem!... A minha vida pode comparar-se a uma viagem de barco pelo rio!...

Eu parti de um ponto e caminho para chegar a um outro fim. O barco é o meu mundo limitado, o mundo daqueles que me rodeiam a toda a hora. O rio representa toda a terra, o planeta em que existo.

Porque vivo?... Por ver andar os outros?... Não, não pode ser assim, porque para além do meu corpo material, possuo um espírito, uma consciência, uma personalidade própria!

Porque vivo?... Para ser egoísta? Para me fechar dentro do meu «mundo material?... Não, não posso tomar tal atitude, porque no mundo onde me situo há milhões e milhões de homens, em tudo iguais a mim, mas que, devido ao ódio e egoísmo de muita gente, não possuem o mínimo de condições tanto materiais como espirituais! Eu não posso ficar indiferente ao seu grito de «socorro».

Porque vivo, então? Vivo para ser livre, para ser consciente, para ser homem! Ao longo de cada dia que passa, tenho de fazer um esforço, para ter mais domínio sobre as minhas inclinações falsas e desumanas! Devo procurar, em todos os meus actos, ser útil à minha consciência, a Deus e à sociedade em que estou integrado. Em resumo: vivo, existo, para construir um mundo mais verdadeiro, onde haja mais paz e amor, mais sentido de vida!...

 

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09-06-2018