Francisco José Paula
dos Santos Piçarra
(6.º ano e)
Mais um
dia passou. Como habitualmente, faço o meu exame de consciência...
Que fiz eu? Como vivi mais 24 horas que Deus, por sua infinita
bondade, se dignou dar-me?
Começo a analisar o que me aconteceu. Tudo igual: a preguiça ao
levantar cedo, as aulas, os professores, os companheiros, as mesmas
conversas insípidas e sem sentido, a secretária rectangular, o
estudo apurado, mas sem vontade, tudo análogo, tudo igual! Parece
que este dia nada trouxe de novo para mim.
Mas não. Todos os dias que passam são portadores de mensagens morais
e espirituais, por mais pequenas que elas sejam. Hoje tive aula de
religião. Que problema nela se abordou? Foi este: «o sentido do nosso
viver, do nosso existir. Eis com que preencher hoje o meu diário.
Depois do que ouvi, é bom que tire conclusões, que capte a tal
mensagem!... A minha vida pode comparar-se a uma viagem de barco
pelo rio!...
Eu parti de um ponto e caminho para chegar a um outro fim. O barco é
o meu mundo limitado, o mundo daqueles que me rodeiam a toda a hora.
O rio representa toda a terra, o planeta em que existo.
Porque vivo?... Por ver andar os outros?...
Não, não pode ser assim,
porque para além do meu corpo material, possuo um espírito, uma
consciência, uma personalidade própria!
Porque vivo?... Para ser egoísta? Para me fechar dentro do meu
«mundo material?... Não, não posso tomar tal atitude, porque no mundo
onde me situo há milhões e milhões de homens, em tudo iguais a mim,
mas que, devido ao ódio e egoísmo de muita gente, não possuem o
mínimo de condições tanto materiais como espirituais! Eu não posso
ficar indiferente ao seu grito de «socorro».
Porque vivo, então? Vivo para ser livre, para ser consciente,
para ser homem! Ao longo de cada dia que passa, tenho de fazer um
esforço, para ter mais domínio sobre as minhas inclinações falsas e
desumanas! Devo procurar, em todos os meus actos, ser
útil à minha consciência, a Deus e à sociedade em que estou integrado. Em resumo: vivo, existo, para construir um mundo mais
verdadeiro, onde haja mais paz e amor, mais sentido de vida!... |