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10ª BIENAL DE CERÂMICA DE AVEIRO - 1 de Outubro a 13 de Novembro de 2011

...e do barro nasceu o Artista!

Zé Augusto, poeta do barro. José Augusto Ferreira dos Santos, de seu nome completo, nasceu em pleno bairro da Beira-Mar, nos idos anos 30 do século passado. Cedo percebeu que a sua arte era a cerâmica, a sua vida o barro. Neto e bisneto de marnotos, não teve em nenhum ascendente que lhe transmitisse o vírus bem benigno da arte. Como ninguém sabe imortalizar os seus conterrâneos, moldando-os tão minuciosamente que fazem dele o expoente máximo nessa difícil arte. Santa Joana, S. Gonçalinho, marnotos, salineiras, moliceiros. Cagaréu de gema, reproduz como ninguém e com a alma de quem nasceu na Rua do Vento, uma das muitas que "moram" no seu bairro. À sua oficina vamos muitos, para admirarmos as inúmeras peças que por lá existem.

Artesão ou artista? A ténue linha, que na minha opinião divide esta fronteira, em Zé Augusto não existe. E sinceramente também não me preocupa. Numa altura em que vemos tantos "artistas" a exporem em diversas Galerias, dá-nos gosto ver a obra deste aveirense ilustre.

Quem como ele tem levado o nome de Aveiro por esse mundo fora? Nem ele sabe onde existem obras suas. Espalhadas um pouco por toda a parte, com ele vai a memória colectiva deste povo, à beira-rio plantado, com o som das gaivotas, misturado com o bater dos remos na água, que faz desta terra a cidade dos canais, rainha dos ovos moles, a terra desse grande Homem, artista inconfundível, personalidade de grande relevo, não só entre os seus pares, como também em toda a comunidade.

A Câmara Municipal de Aveiro já o reconheceu. Em 1998 foi condecorado com a Medalha de Prata da Cidade. No dia 12 de Maio. Dia do Município, dia de Santa Joana, a padroeiro que ele tão bem sabe modelar.
 

Carlos Campos

 

 
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