Criação de páginas com Frontpage

 
Henrique J. C. de Oliveira

<<<

III - DESENVOLVIMENTO DE UM PROTÓTIPO

 

Fase 1: Metodologia e pesquisa do material

A maneira mais fácil de aprendermos a criar páginas consiste em idealizar e desenvolver um projecto simples, mas correctamente estruturado, que sirva de paradigma, isto é, de modelo para outros mais evoluídos. E como o grau de conhecimento não é o mesmo relativamente aos leitores destas linhas, em todas as fases procuraremos explicar pormenorizadamente as actividades a realizar. Deste modo poderá ser alcançado o objectivo final, que é o de permitir a aquisição dos conhecimentos básicos indispensáveis para outros projectos.

Para o nosso protótipo, iremos utilizar uma estrutura idêntica à apresentada na figura 7, ou seja, iremos criar um modelo com uma página inicial de apresentação e três páginas de conteúdos.

A fase inicial consiste na determinação do tema. Vamos partir do princípio que a nossa actividade consiste em efectuar uma breve apresentação da localidade onde vivemos. Logicamente, cada um poderá substituir o tema por outro. A minha família, os primeiros meses do meu filho, a casa dos meus sonhos, álbum familiar, as férias grandes, eis alguns dos muitos temas que poderão iniciar, em substituição da nossa proposta. 

Partamos então do princípio que todos vão desenvolver um módulo idêntico ao nosso, tanto mais que, posteriormente, é fácil aproveitar a estrutura obtida e substituir os conteúdos por outros. O tema está relacionado com a localidade em que vivemos. O módulo vai conter três imagens, antigas ou recentes, ao nosso gosto. Por isso, a primeira tarefa é seleccionar três imagens diferentes e criar um pequeno texto explicativo para cada uma.

Procurem três imagens. Nós deitámos mãos à obra. Encontrámos vários exemplares em livros, fotografias e postais ilustrados. Acabámos por optar por três postais antigos da cidade onde estamos a viver. Estão na nossa frente. Só nos falta o mais difícil: criar os textos para cada um.

Encontrar as imagens foi tarefa fácil. A dificuldade está agora na produção dos textos. Estamos atrapalhados. Como fazer?

Para facilitar o trabalho de produção textual, talvez seja melhor formularmos algumas perguntas relacionadas com as imagens. Mesmo que elas nos surjam desordenadas, registemo-las numa folha de papel, antes que se apaguem da memória. Que perguntas? Eis algumas, tal como nos foram surgindo e que iremos aplicar a cada postal:

           - Quem é o autor da imagem?
           - O que é que a imagem nos mostra?
           - Qual a data em que o registo foi feito?
           - Qual o título mais adequado para a imagem?
           - O que é que a imagem apresenta de mais significativo?

A ordenação lógica não será a mesma que indicámos. Limitámo-nos a registar as perguntas à medida que foram surgindo. Há que ordená-las. E será, certamente, difícil responder a todas.

Se a imagem representa um elemento arquitectónico ligado ao património da terra, poderemos formular outras questões. Vamos aqui reproduzir um dos muitos esquemas para produção textual, retirado do segundo volume da obra Gramática da Comunicação (1), páginas 162-163:

 

Quando se fala de monumento, a descrição poderá ir desde uma obra de arte com dimensões relativamente reduzidas, como uma estátua, por exemplo, até uma edificação de grandes dimensões, tal como um castelo, um forte, um mosteiro, uma igreja, ou seja, uma edificação arquitectónica. Neste caso, aquele que descreve deverá ter uma noção exacta do tipo de edificação, bem como do vocabulário relacionado com a arquitectura. Para aquisição desse vocabulário, poderá servir como ponto de partida a consulta de um dicionário enciclopédico e, para um trabalho mais profundo, a consulta de obra específica sobre arte. (...)

[Para efectuar a sua descrição, utilize] um esquema idêntico ao que a seguir lhe é sugerido:

I - INTRODUÇÃO

     a) Breve apresentação  Onde fica? Onde o vi? Em que circunstâncias?

II - DESENVOLVIMENTO

     a) Aspecto  Proporções: grande? pequeno? alto? Qual o estado de conservação? Qual o plano? (Deverá, caso isso seja possível, dar uma ideia exacta das dimensões.)

     b) O estilo  Qual a época de construção? Quem foi o autor? Qual o estilo? (Para determinar o estilo, deverá recorrer a uma enciclopédia ou livro de arte.)

     c) Os materiais  De que é feito?  Qual o material de construção predominante? É característico da região?

     d) As diferentes partes   Descrevê-lo em pormenor, segundo uma sequência lógica e acentuando sobretudo o que é característico. Utilizar terminologia adequada.

     e) Funções  Para que servia/serve?  Ainda é utilizado? Por que motivo foi construído?

III - CONCLUSÃO

     a) O que penso ou sinto  Indicar as impressões produzidas, algumas reflexões pessoais sobre ele - um juízo crítico: agrada-me? Porquê? Considero-o importante? Porquê? Qual o estado de conservação? Deverá ser preservado? Porquê? Qual a opinião pública acerca dele? Concordo com ela? Justificar.

Se já têm as imagens seleccionadas e os textos criados, não passem à fase de digitalização sem antes realizarem a actividade prática que vos propomos.

Uma das formas de adquirirmos ideias para a criação das nossas páginas passa pela observação e análise de diferentes modelos criados por outras pessoas. Se está ligado à Internet ou tem a possibilidade de utilizar um computador com acesso a ela, pesquise páginas criadas não só por profissionais de comunicação multimédia, como também por outras pessoas que passaram por estas actividades de aprendizagem.

A fim de lhe facilitarmos o trabalho de pesquisa,  observação e análise, vamos indicar alguns endereços de módulos didácticos elaborados por professores. Todos os que aqui referimos se caracterizam por uma grande simplicidade de estruturação; logo, por uma grande facilidade de navegação. Além de simples, estão bem construídos, sem erros e com objectivos pedagógicos.

O número de exemplos de que dispomos é elevado. Como tal, torna-se difícil a nossa selecção. Não os podemos indicar todos, apesar do interesse que apresentam. A maior parte vai ficar por mencionar. Aos respectivos autores,  as nossas desculpas pela omissão.

 

Os dois primeiros endereços que vamos sugerir dizem respeito a duas versões, distanciadas no tempo, de um jornal escolar. Para acederem a eles, sigam as etapas:

1º - Digitem o endereço do «Aveiro e Cultura»:
                                      ww3.aeje.pt/avcultur/hjco/hjco/index.htm

2º - Uma vez aberta a primeira página, seleccionem a opção «Jornais escolares».

3º - Encontram na nova página uma lista de jornais escolares de várias escolas. Procurem a indicação referente ao jornal «Alternativas». Cliquem na imagem relativa a esta publicação. Verificarão que ela vos remete imediatamente para uma página de introdução com uma lista de opções, contendo os vários números já publicados. Quais os que devem seleccionar para comparação, se não quiserem consultar todos os números?

Limitem-se ao primeiro e ao quinto exemplar. Procurem responder às seguintes questões:

          a) - Haverá diferenças significativas na apresentação dos dois números?
          b) - Qual o que mais agradou? Porquê?
          c) - Haverá diferenças de estruturação entre a primeira página e as
                 seguintes?
          d) - Será difícil a consulta das páginas destes jornais?

Note-se que não nos interessam agora os conteúdos. Certamente que serão interessantes; uns mais do que outros. Mas o que agora importa observar são os aspectos relativos à estruturação e apresentação; são esses os aspectos abordados nas quatro questões.

É evidente que não podemos saber quais as vossas respostas, embora virtualmente as consigamos adivinhar. Todavia, para vos facilitar ainda mais a tarefa, vamos tecer algumas reflexões e dar mais algumas «dicas» esclarecedoras.

Reduzam o tamanho das janelas em qualquer das publicações e vejam o que acontece aos campos de textos e imagens nos dois exemplares do jornal.

Façam outra experiência. Têm alguma impressora ligada ao computador? Caso afirmativo, efectuem a impressão da segunda página do jornal número um. Passem ao jornal número cinco e imprimam também a segunda página.

Se já mandaram imprimir as primeiras páginas dos dois jornais, dispõem agora de mais elementos de comparação. Coloquem lado a lado as folhas impressas. Notam algumas diferenças? Haverá algum exemplar que não apresente a página integralmente impressa? Qual o que apresenta melhor aspecto gráfico na versão impressa? E no ecrã do computador? Notam-se algumas diferenças? Qual o que ocupa sempre toda a largura do ecrã quando a imagem é reduzida ou maximizada? Qual o que apresenta margens laterais em branco? Qual a versão que mais vos agrada: a primeira ou a última?

Os factos constatados levam-nos a nova série de questões. A que serão devidas as diferenças de apresentação relativamente ao monitor e à versão impressa? Por que razão a primeira versão, quando impressa, não apresenta a página perfeitamente enquadrada num folha A4, deixando parte da informação cortada na extremidade direita? O que é que terá levado o responsável pelo jornal "Alternativas" a pôr de lado a estrutura dos primeiros números e a estabelecer como padrão futuro a estrutura do exemplar número cinco? O que será preferível: uma página ocupando todo o monitor, mas que fica mutilada quando as páginas são impressas; ou uma página com margens laterais em branco no monitor, mas que permite uma impressão integral em folhas de formato A4?

Já repararam na quantidade de perguntas que temos vindo a colocar-vos? É precisamente desta maneira, mediante a formulação de pergunta sucessivas e para as quais deveremos procurar as respostas, que os nossos conhecimentos podem aumentar. Eles devem ser construídos desta forma, de uma maneira activa. É colocando tijolos sobre tijolos que o muro se vai construindo e tornando cada vez maior e mais consistente.

Os nossos conhecimentos devem ser construídos como um muro para o qual não nos foram fornecidos nem a altura nem o comprimento. Deveremos ir formulando, permanentemente, a argamassa das nossas questões. Devemos ir procurando, permanentemente, novos materiais de construção. Devemos ir adicionando, permanentemente, mais um tijolo ao nosso muro. Até porque há partes do muro que o tempo vai abatendo. E se essa etapa do muro já não nos interessa, acaba mesmo por ficar reduzido a alguns tijolos que, todavia, continuam a fazer parte do muro. Mesmo assim, com menos tijolos aqui ou ali, o muro deve ir sendo progressivamente aumentado. Nunca conseguiremos a totalidade do muro, mas teremos o prazer de o ver cada vez maior e colmatando as brechas da nossa ignorância.

Saltemos do muro e voltemos às páginas. Além das relativas ao jornal, que nos podem servir de modelos, passamos a indicar outros endereços com interesse. Os dois trabalhos seguintes foram feitos por professoras do ensino secundário em duas acções de formação sucessivas.

O primeiro trabalho diz respeito à «Ria de Aveiro». Seria mais rápido para vós indicar-vos o endereço de acesso directo. Como não nos lembramos, vamos recorrer novamente às páginas do «Aveiro e Cultura». Digitem uma vez mais o endereço ww3.aeje.pt/avcultur/hjco/hjco/index.htm.

Uma vez na página inicial, seleccionem a opção «Material didáctico». Irão ter a uma listagem com mais de vinte títulos de trabalhos feitos por professores e alunos. Procurem na listagem a referência a «Ria de Aveiro, Aspectos da» e cliquem sobre ela. Pesquisem o programa e registem as vossas impressões relativas aos tópicos:

               - estruturação do programa: correcta? incorrecta? de que tipo?
               - facilidade de consulta: fácil? difícil?
               - apresentação das páginas: fraca? boa? desagradável? agradável?
               - conteúdos: interessantes? úteis? pertinentes?

Após terem tomado as vossas notas, regressem à listagem geral de material didáctico. Procurem o trabalho «Rio Mondego, Alguns elementos sobre o -». Utilizem os tópicos anteriores e acrescentem-lhes os que a seguir sugerimos:

               - O que é que o segundo módulo didáctico apresenta de inovador relativamente ao anterior?               
               - Haverá diferenças relativamente a estratégias de consolidação dos conhecimentos?
               - Será que essas estratégias de aquisição e consolidação de conhecimentos terão algum interesse para os utilizadores dos programas?

Se tiverem tempo e disposição para isso, consultem outros módulos indicados na listagem e tirem as vossas conclusões. Vejam, por exemplo, na secção relativa às associações culturais, as páginas do CETA (Círculo Experimental de Teatro de Aveiro) e também FA - Famílias Anónimas. Vejam ainda outras páginas existentes na Internet, prestando atenção à sua estruturação e apresentação. Comparem-nas e façam as vossas apreciações críticas.

Antes de terminarmos, alguns estarão certamente curiosos em saber qual seria a nossa opinião se as questões nos fossem devolvidas. Não vamos aqui responder a todas, mas comentar brevemente o porquê da nossa mudança de estrutura relativamente às páginas do jornal escolar «Alternativas».

Se uma página que preencha totalmente o ecrã do monitor poderá ser visualmente agradável, a verdade é que temos verificado que a maior parte das pessoas que recorrem à Internet para pesquisar informação optam geralmente pela impressão. Deste modo, não só ficam com uma registo escrito, que as liberta física e economicamente da Internet, mas sobretudo podem fazer uma leitura mais atenta e reflectida. Logo, se um jornal escolar ou um módulo doutro tipo não perde o atractivo pelo facto de apresentar margens laterais, parece-nos muito mais correcto e amigável que as páginas sejam estruturadas de modo a permitir uma impressão em formato A4 com uma adequada paginação.

Mas esta é uma opção pessoal, subjectiva. Cabe a cada um reflectir sobre as questões formuladas e decidir o que melhor lhe parece.

Tendo em conta os aspectos pedagógicos, relativamente aos dois trabalhos concebidos pelo mesmo grupo de professoras, embora consideremos o primeiro um bom módulo didáctico, parece-nos que o segundo ficou valorizado pelas actividades de verificação de conhecimentos, tanto mais que apresentam uma faceta lúdica.

E por aqui nos ficamos. Já nos alongámos demasiado em informação relativamente a esta fase da aprendizagem.

>>>


(1) - Henrique J. C. de Oliveira, Gramática da Comunicação, 1ª ed., vol. 2, Aveiro, FEDRAVE, 1995, cap. II, pp. 130-178. Neste volume, encontramos diferentes exemplos de textos descritivos, bem como várias propostas de esquemas para descrições de localidades, objectos, edificações, compartimentos, monumentos, paisagens e descrições técnicas.


Página anterior   Página inicial   Página seguinte