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III -
DESENVOLVIMENTO DE UM PROTÓTIPO
Fase 1: Metodologia e pesquisa do material
A
maneira mais fácil de aprendermos a criar páginas consiste
em idealizar e desenvolver um projecto simples, mas
correctamente estruturado, que sirva de paradigma, isto é, de
modelo para outros mais evoluídos. E como o grau de
conhecimento não é o mesmo relativamente aos leitores destas
linhas, em todas as fases procuraremos explicar
pormenorizadamente as actividades a realizar. Deste modo
poderá ser alcançado o objectivo final, que é o de permitir
a aquisição dos conhecimentos básicos indispensáveis para
outros projectos. Para
o nosso protótipo, iremos utilizar uma estrutura idêntica à
apresentada na figura 7, ou
seja, iremos criar um modelo com uma página inicial de
apresentação e três páginas de conteúdos. A
fase inicial consiste na determinação do tema. Vamos partir
do princípio que a nossa actividade consiste em efectuar uma
breve apresentação da localidade onde vivemos. Logicamente,
cada um poderá substituir o tema por outro. A minha família,
os primeiros meses do meu filho, a casa dos meus sonhos,
álbum familiar, as férias grandes, eis alguns dos muitos
temas que poderão iniciar, em substituição da nossa
proposta. Partamos
então do princípio que todos vão desenvolver um módulo
idêntico ao nosso, tanto mais que, posteriormente, é fácil
aproveitar a estrutura obtida e substituir os conteúdos por
outros. O tema está relacionado com a localidade em que
vivemos. O módulo vai conter três imagens, antigas ou
recentes, ao nosso gosto. Por isso, a primeira tarefa é
seleccionar três imagens diferentes e criar um pequeno texto
explicativo para cada uma. Procurem
três imagens. Nós deitámos mãos à obra. Encontrámos
vários exemplares em livros, fotografias e postais
ilustrados. Acabámos por optar por três postais antigos da
cidade onde estamos a viver. Estão na nossa frente. Só nos
falta o mais difícil: criar os textos para cada um. Encontrar
as imagens foi tarefa fácil. A dificuldade está agora na
produção dos textos. Estamos atrapalhados. Como fazer? Para
facilitar o trabalho de produção textual, talvez seja melhor
formularmos algumas perguntas relacionadas com as imagens.
Mesmo que elas nos surjam desordenadas, registemo-las numa
folha de papel, antes que se apaguem da memória. Que
perguntas? Eis algumas, tal como nos foram surgindo e que
iremos aplicar a cada postal:
- Quem é o autor da imagem?
-
O que é que a imagem nos mostra?
-
Qual a data em que o registo foi feito?
-
Qual o título mais adequado para a imagem?
-
O que é que a imagem apresenta de mais significativo? A
ordenação lógica não será a mesma que indicámos.
Limitámo-nos a registar as perguntas à medida que foram surgindo. Há que ordená-las.
E
será, certamente, difícil responder a todas. Se
a imagem representa um elemento arquitectónico ligado ao
património da terra, poderemos formular outras questões.
Vamos aqui reproduzir um dos muitos esquemas para produção
textual, retirado do segundo volume da obra Gramática da
Comunicação (1), páginas 162-163:
Quando se fala de
monumento, a descrição poderá ir desde uma obra de
arte com dimensões relativamente reduzidas, como uma
estátua, por exemplo, até uma edificação de grandes
dimensões, tal como um castelo, um forte, um mosteiro,
uma igreja, ou seja, uma edificação arquitectónica.
Neste caso, aquele que descreve deverá ter uma noção
exacta do tipo de edificação, bem como do vocabulário
relacionado com a arquitectura. Para aquisição desse
vocabulário, poderá servir como ponto de partida a
consulta de um dicionário enciclopédico e, para um
trabalho mais profundo, a consulta de obra específica
sobre arte. (...)
[Para efectuar a
sua descrição, utilize] um esquema idêntico ao que a
seguir lhe é sugerido:
I -
INTRODUÇÃO
a) Breve apresentação Onde fica? Onde o
vi? Em que circunstâncias?
II -
DESENVOLVIMENTO
a) Aspecto Proporções: grande? pequeno?
alto? Qual o estado de conservação? Qual o plano?
(Deverá, caso isso seja possível, dar uma ideia exacta
das dimensões.)
b) O estilo Qual a época de construção?
Quem foi o autor? Qual o estilo? (Para determinar o
estilo, deverá recorrer a uma enciclopédia ou livro de
arte.)
c) Os materiais De que é feito? Qual
o material de construção predominante? É característico
da região?
d) As diferentes partes Descrevê-lo
em pormenor, segundo uma sequência lógica e acentuando
sobretudo o que é característico. Utilizar
terminologia adequada.
e) Funções Para que servia/serve?
Ainda é utilizado? Por que motivo foi construído?
III -
CONCLUSÃO
a) O que penso ou sinto Indicar as
impressões produzidas, algumas reflexões pessoais
sobre ele - um juízo crítico: agrada-me? Porquê?
Considero-o importante? Porquê? Qual o estado de
conservação? Deverá ser preservado? Porquê? Qual a
opinião pública acerca dele? Concordo com ela?
Justificar. |
Se
já têm as imagens seleccionadas e os textos criados, não passem
à fase de digitalização sem antes realizarem a actividade
prática que vos propomos.
Uma
das formas de adquirirmos ideias para a criação das nossas
páginas passa pela observação e análise de diferentes
modelos criados por outras pessoas. Se está ligado à
Internet ou tem a possibilidade de utilizar um computador com
acesso a ela, pesquise páginas criadas não só por
profissionais de comunicação multimédia, como também por
outras pessoas que passaram por estas actividades de
aprendizagem. A
fim de lhe facilitarmos o trabalho de pesquisa,
observação e análise, vamos indicar alguns endereços de
módulos didácticos elaborados por professores. Todos os que
aqui referimos se caracterizam por uma grande simplicidade de
estruturação; logo, por uma grande facilidade de
navegação. Além de simples, estão bem construídos, sem
erros e com objectivos pedagógicos. O
número de exemplos de que dispomos é elevado. Como tal,
torna-se difícil a nossa selecção. Não os podemos indicar
todos, apesar do interesse que apresentam. A maior parte vai ficar por mencionar.
Aos respectivos autores, as nossas desculpas pela
omissão. Os
dois primeiros endereços que vamos sugerir dizem respeito a duas versões,
distanciadas no tempo, de um jornal escolar. Para acederem a
eles, sigam as etapas: 1º
- Digitem o endereço do «Aveiro e Cultura»:
ww3.aeje.pt/avcultur/hjco/hjco/index.htm 2º
- Uma vez aberta a primeira página, seleccionem a opção
«Jornais escolares». 3º
- Encontram na nova página uma lista de jornais escolares de
várias escolas. Procurem a indicação referente ao jornal
«Alternativas». Cliquem na imagem relativa a esta
publicação. Verificarão que ela vos remete imediatamente
para uma página de introdução com uma lista de opções,
contendo os vários números já publicados. Quais os que
devem seleccionar para comparação, se não quiserem
consultar todos os números? Limitem-se
ao primeiro e ao quinto exemplar. Procurem responder às
seguintes questões:
a) - Haverá diferenças significativas na apresentação dos
dois números?
b) -
Qual o que mais agradou? Porquê?
c) - Haverá diferenças de estruturação entre a primeira
página e as
seguintes?
d) - Será difícil a consulta das páginas destes jornais?
Note-se que não nos
interessam agora os conteúdos. Certamente que
serão interessantes; uns mais do que outros. Mas o que agora
importa observar são os aspectos relativos à estruturação
e apresentação; são esses os aspectos abordados nas quatro
questões. É
evidente que não podemos saber quais as vossas respostas,
embora virtualmente as consigamos adivinhar. Todavia, para vos
facilitar ainda mais a tarefa, vamos tecer algumas reflexões
e dar mais algumas «dicas» esclarecedoras. Reduzam
o tamanho das janelas em qualquer das publicações e vejam o
que acontece aos campos de textos e imagens nos dois
exemplares do jornal. Façam
outra experiência. Têm alguma impressora ligada ao
computador? Caso afirmativo, efectuem a impressão da segunda
página do jornal número um. Passem ao jornal número cinco e
imprimam também a segunda página. Se
já mandaram imprimir as primeiras páginas dos dois jornais,
dispõem agora de mais elementos de comparação. Coloquem
lado a lado as folhas impressas. Notam algumas diferenças?
Haverá algum exemplar que não apresente a página
integralmente impressa? Qual o que apresenta melhor aspecto
gráfico na versão impressa? E no ecrã do computador?
Notam-se algumas diferenças? Qual o que ocupa sempre toda a
largura do ecrã quando a imagem é reduzida ou maximizada?
Qual o que apresenta margens laterais em branco? Qual a
versão que mais vos agrada: a primeira ou a última? Os
factos constatados levam-nos a nova série de questões. A que
serão devidas as diferenças de apresentação relativamente
ao monitor e à versão impressa? Por que razão a primeira
versão, quando impressa, não apresenta a página
perfeitamente enquadrada num folha A4, deixando parte da
informação cortada na extremidade direita? O que é que
terá levado o responsável pelo jornal
"Alternativas" a pôr de lado a estrutura dos
primeiros números e a estabelecer como padrão futuro a
estrutura do exemplar número cinco? O que será preferível:
uma página ocupando todo o monitor, mas que fica mutilada
quando as páginas são impressas; ou uma página com margens
laterais em branco no monitor, mas que permite uma impressão
integral em folhas de formato A4? Já
repararam na quantidade de perguntas que temos vindo a
colocar-vos? É precisamente desta maneira, mediante a
formulação de pergunta sucessivas e para as quais deveremos
procurar as respostas, que os nossos conhecimentos podem
aumentar. Eles devem ser construídos desta forma, de uma
maneira activa. É colocando tijolos sobre tijolos que o muro
se vai construindo e tornando cada vez maior e mais
consistente. Os
nossos conhecimentos devem ser construídos como um muro para
o qual não nos foram fornecidos nem a altura nem o
comprimento. Deveremos ir formulando, permanentemente, a
argamassa das nossas questões. Devemos ir procurando,
permanentemente, novos materiais de construção. Devemos ir
adicionando, permanentemente, mais um tijolo ao nosso muro.
Até porque há partes do muro que o tempo vai abatendo. E se
essa etapa do muro já não nos interessa, acaba mesmo por
ficar reduzido a alguns tijolos que, todavia, continuam a
fazer parte do muro. Mesmo assim, com menos tijolos aqui ou
ali, o muro deve ir sendo progressivamente aumentado. Nunca
conseguiremos a totalidade do muro, mas teremos o prazer de o
ver cada vez maior e colmatando as brechas da nossa
ignorância. Saltemos
do muro e voltemos às páginas. Além das relativas ao
jornal, que nos podem servir de modelos, passamos a indicar
outros endereços com interesse. Os dois trabalhos seguintes
foram feitos por professoras do ensino secundário em duas
acções de formação sucessivas. O
primeiro trabalho diz respeito à «Ria de Aveiro». Seria
mais rápido para vós indicar-vos o endereço de acesso
directo. Como não nos lembramos, vamos recorrer novamente às
páginas do «Aveiro e Cultura». Digitem uma vez mais o
endereço
ww3.aeje.pt/avcultur/hjco/hjco/index.htm. Uma
vez na página inicial, seleccionem a opção «Material
didáctico». Irão ter a uma listagem com mais de vinte
títulos de trabalhos feitos por professores e alunos.
Procurem na listagem a referência a «Ria de Aveiro, Aspectos
da» e cliquem sobre ela. Pesquisem o programa e registem as
vossas impressões relativas aos tópicos:
- estruturação do programa: correcta? incorrecta? de que
tipo?
- facilidade de consulta: fácil? difícil?
- apresentação das páginas: fraca? boa? desagradável?
agradável?
- conteúdos: interessantes? úteis? pertinentes? Após
terem tomado as vossas notas, regressem à listagem geral de
material didáctico. Procurem o trabalho «Rio Mondego, Alguns
elementos sobre o -». Utilizem os tópicos anteriores e acrescentem-lhes
os que a seguir sugerimos:
- O que é que o segundo módulo didáctico apresenta de
inovador relativamente ao anterior?
- Haverá diferenças relativamente a
estratégias de consolidação dos conhecimentos?
- Será que essas estratégias de aquisição e consolidação de
conhecimentos terão algum
interesse para os utilizadores dos programas? Se
tiverem tempo e disposição para isso, consultem outros
módulos indicados na listagem e tirem as vossas conclusões.
Vejam, por exemplo, na secção relativa às associações
culturais, as páginas do CETA (Círculo Experimental de
Teatro de Aveiro) e também FA - Famílias Anónimas. Vejam
ainda outras páginas existentes na Internet, prestando
atenção à sua estruturação e apresentação. Comparem-nas
e façam as vossas apreciações críticas. Antes
de terminarmos, alguns estarão certamente curiosos em saber
qual seria a nossa opinião se as questões nos fossem
devolvidas. Não vamos aqui responder a todas, mas comentar
brevemente o porquê da nossa mudança de estrutura
relativamente às páginas do jornal escolar «Alternativas». Se
uma página que preencha totalmente o ecrã do monitor poderá
ser visualmente agradável, a verdade é que temos verificado
que a maior parte das pessoas que recorrem à Internet para
pesquisar informação optam geralmente pela impressão. Deste
modo, não só ficam com uma registo escrito, que as liberta
física e economicamente da Internet, mas sobretudo podem
fazer uma leitura mais atenta e reflectida. Logo, se um
jornal escolar ou um módulo doutro tipo não perde o
atractivo pelo facto de apresentar margens laterais, parece-nos muito mais correcto e amigável que as páginas
sejam estruturadas de modo a permitir uma impressão em
formato A4 com uma adequada paginação. Mas
esta é uma opção pessoal, subjectiva. Cabe a cada um
reflectir sobre as questões formuladas e decidir o que melhor lhe
parece. Tendo
em conta os aspectos pedagógicos, relativamente aos dois
trabalhos concebidos pelo mesmo grupo de professoras, embora
consideremos o primeiro um bom módulo didáctico, parece-nos
que o segundo ficou valorizado pelas actividades de
verificação de conhecimentos, tanto mais que apresentam
uma faceta lúdica. E
por aqui nos ficamos. Já nos alongámos
demasiado em informação relativamente a esta fase da
aprendizagem.
>>>
(1)
- Henrique J. C. de
Oliveira, Gramática da Comunicação, 1ª ed., vol. 2,
Aveiro, FEDRAVE, 1995, cap. II, pp. 130-178. Neste volume,
encontramos diferentes exemplos de textos descritivos, bem
como várias propostas de esquemas para descrições de
localidades, objectos, edificações, compartimentos,
monumentos, paisagens e descrições técnicas.
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