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Textos de Apoio

  Aquilino Ribeiro

  Santuário da Lapa

  Acerca de Trancoso

  Programa da visita

Escola Secundária José Estêvão - Aveiro <> Biblioteca Escolar <> Área Disciplinar de Português <> Visita de Estudo "Terras do Demo" - 12 de Junho de 2010

 Santuário da Lapa

O Santuário abriga, na capela-mor onde pontifica o altar do Menino Jesus da Lapa, o rochedo milagroso com a imagem da Senhora que começou a atrair os peregrinos em vários momentos do ano para rogar graças, obter o perdão pelas faltas humanas ou agradecer os favores do Altíssimo.
 

Debaixo da rocha que forma a gruta onde apareceu a imagem de Nossa Senhora, está o altar da Senhora da Lapa, ladeando irregular e estreita passagem que vai dar ao presépio, de centenas de figurinhas, obra da escola de Machado de Castro. É crença supersticiosa que quem tiver a alma atafulhada de pecados não consegue passar.

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O altar deixa ver um painel de prata e os mármores de Carrara. A servir de altar-mor fica o altar do Menino Jesus, revestido de trajes napoleónicos, aferrolhado por forte gradeamento de ferro e ladeado por quadros de D. Josefa de Óbidos. Também, sob pequena estátua da Mater Dolorosa se divisa o mais pequeno mas significativo altar da Senhora da Boa Morte.

A capela do Santíssimo, jazigo da família do primeiro Conde da Lapa, tem um rico altar de talha joaninha e forma um espaço convidativo para a reflexão.

É notável a cenografia de que se revestem os altares laterais do corpo da igreja.

Junto do arco-cruzeiro, do lado da Epístola, vê-se o altar de Santo António, em que a Virgem, sob uma nuvem circundada de anjos, lhe entrega o Menino, com a indicação de um anjo a relembrar a frase joânica do Evangelho: “Eis a Tua Mãe”!

Do lado do Evangelho, temos o altar da Crucificação ou do Calvário, em que o Senhor, expirado há momentos, é trespassado no lado esquerdo pela lança do soldado romano, na presença de outros que se entretêm repartindo entre si as vestes do Crucificado e jogando os dados da sorte sobre a Sua túnica.

O altar de S. José representa a passagem deste homem que, após o cumprimento da sua discreta mas insubstituível missão, recebe a coroa da justiça e cuja descida é determinada pelo anjo do tempo. Entretanto, o Pai Celeste prepara-se para acolher no Reino Eterno este homem justo. Resta o Altar da Senhora da Soledade, em que a Virgem, aos pés da cruz, contempla os instrumentos da Paixão; o corpo do Senhor está sepultado perante a Senhora lacrimosa ao pé de João Evangelista, José de Arimateia, Nicodemos e as santas mulheres.

Por detrás da capela-mor e no compartimento que rodeia a lapa era a Casa do Peso, assim chamada por nela estarem as balanças onde as pessoas se dirigiam para as próprias pesagens, com vista à futura entrega do mesmo peso em trigo, em cumprimento da promessa à Senhora. Pode ver-se suspenso o grande caimão, um gigantesco ex-voto que testemunha o lendário milagre da mulher, das redondezas ou das bandas do Oriente, que, aflita, se chamou à Senhora, que lhe terá inspirado o arremesso dos novelos para que, tendo-os engolido, o caimão ficasse engasgado e a mulher  liberta do perigo.


Animal, outrora pendurado, actualmente restaurado e colocado numa vitrina.

Um rico espólio de paramentos de pratas compõem de modo excelente o tesouro da Fábrica do Santuário.

Na sacristia pode apreciar-se belo paramenteiro e seis ex-votos em pedrelas de notável interesse e acentuado valor. Muitos outros quadrinhos há aqui como no concelho, a atestar a devoção e as graças que ilustram as necessidades e orações dos crentes, nos finais do século XVIII, um pouco por todo o século XIX e ainda pelo século passado.

A igreja, vista do exterior ostenta uma frontaria com o triângulo pretensamente apoiado em duas colunas embutidas no muro frontal; à cabeceira, por detrás do passadiço que dá para o colégio, o campanário com os dois sinos que encarrega de dar as horas e de chamar os devotos para os ofícios culturais.


Aquilino e o Colégio da Lapa

«No recreio da tarde, uma revoada de rapazinhos, pouco mais ou menos da minha idade, precipitou-se pela camarata, vindos uns das aulas, outros da sala de estudo. Em breve acheí-me no meio deles como em pleno arraial. (...) Cá está o novo! (...) Éramos entre cinquenta a sessenta rapazinhos, e no recreio fazíamos guerras assanhadas e quebrávamos denodadamente a pinha uns aos outros como nunca. Pulmões lavados pelos mil metros de altitude, comíamos carne de cabra de manhã, ao meio dia e à noite; e apanhávamos palmatoadas pela medida grande, louvado seja Deus, a qualquer hora.»

Aquilino Ribeiro, Uma Luz ao Longe.

 

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