In: Manuel Cintra Ferreira, A Desaparecida, Nº 4, Algueirão, Secretaria de Estado da Reforma Educativa, M. E., SD, 28 pp.

A Desaparecida

Texto de Manuel Cintra Ferreira

Brochura acerca do filme «A Desaparecida» - Dim. 21x14,5 cm - Clicar para ampliar.

    O Filme

    Sinopse

   Crítica

   Situação do filme na história do cinema

   Relações interdisciplinares

   O Realizador

   A família fordiana

   Filmografia

   Opiniões

    Bibliografia Sobre John Ford

    Filmatologia Complementar
   Ficha Técnica

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A Desaparecida
O filme

Imagem do filme «A Desaparecida» - Clicar para ampliar.Título português: A Desaparecida; Título original: The Searchers; Realização: John Ford; Argumento: Frank S. Nugent, segundo o romance «The Searchers» de Alan LeMay; Fotografia: Winton C. Hoch e Allred Gilks (em Technicolor e VistaVision); Direcção Artística: Frank Hotaling, James Basevi e VicIar Gangeling; Figurinos: Frank Beetson e Ann Peck; Música: Max Steiner: Canção «The Searchers», de Stan Jones, por Stan Jones e «The Sons of the Pionners»; Som: Hugh McDowell e Howard Wilson; Montagem: Jack Murray; Efeitos Especiais: George Brown; Intérpretes: John Wayne (Ethan Edwards), Jelfrey Hunter (Martin Pawlet), Vera Miles (Laurie Jorgensen), Ward Bond (Capitão-Reverendo Samuel Clayton), Natalie Wood (Debbie Edwards), John Qualen (Lars Jorgensen), Olive Carey (Sra Jorgensen), Harry Brandon (Chele Scar), Ken Curtis (Charlie McCorry), Harry Carey Jr (Brad Jorgensen), António Moreno (Emilio Figueroa), Hank Worden (Mose Harper), Lana Wood (Debbie em criança), Walter Coy (Aaron Edwards), Dorothy Jordan (Martha Edwards), Pippa Scott (Lucy Edwards), PaI Wayne (Tenente Greenhill), Beulah Archulletta (Look), Jack Pennick (soldado), Peter Mamakos (Futterman), Bill Steele (Nesby), Clyff Lyons (Coronel Greenhill), Rilly Cartledge, Chuck Hayward, Slim Hightower, Fred Kennedy, Terry Wilson (duplos), Away Luna, Billy Yellow, Bob Many Mules, Exact/y Sonnie Betsuie, Feather Hat Jr, Harry Black Horse, Jack Tin Horn, Many Mules Son, Percy Shooting Star, Pele Grey Eyes, Pipe Line Begishe, Smile White Sleep (índios Comanches), Mae Marsh, Dan Borzage; Produção: Merion C. Cooper, C. V. Whitney e Patrick Ford, para C. V. Whitney Pictures-Warner Brothers; Duração Original: 119 minutos; Filmado de Fevereiro ao Verão de 1955 em Monument Valley, Utah e Colorado; Estreia Mundial: Nova Iorque, a 26 de Maio de 1956; Estreia em Portugal: Cinema Império, a 17 de Julho de 1957.
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Sinopse

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Texas, 1868. Uma porta abre-se sobre a planície. Ao longe um cavaleiro avança. Ethan Edwards regressa a casa de onde partira 7 anos antes, para lutar no Exército Confederado na guerra entre os Estados, e, no seu termo, possivelmente nas forças de Maximiliano do México na luta contra os juristas (segundo John Ford) o que explica a medalha e as moedas de ouro recém-cunhadas. Para o cavaleiro que regressa (como Ulisses) o tempo parou no momento da partida. Confunde a sobrinha pequena com a mais velha, que deixara com aquela idade, e tem uma reacção contrafeita ao encontrar em casa a criança mestiça que, muitos anos antes, salvara de um ataque dos índios «<apenas porque estava por ali»). O encontro de Ethan com Martha mostra-nos que estiveram apaixonados um pelo outro no passado, e que ela optou por casa com Aaron (irmão de Ethan) por segurança, face ao espírito inquieto e aventureiro de Ethan.

No dia seguinte chega à granja um grupo de cavaleiros chefiados pelo reverendo e capitão de rangers Samuel Clayton. Vem em perseguição de um grupo de índios que roubaram o gado de um dos vizinhos. Clayton não fica particularmente entusiasmado com a chegada de Ethan (que toma o lugar de Aaron na perseguição) porque este lhe lembra o juramento prestado à bandeira confederada.

O roubo do gado revela-se ser uma armadilha dos índios para afastar os fazendeiros das suas terras, para atacarem uma delas. É a de Aaron que é escolhida, e no regresso Ethan depara com os cadáveres mutilados do irmão, da cunhada e do sobrinho. As duas jovens, Lucy e Debbie foram raptadas. Com a morte na alma, Ethan interrompe a cerimónia fúnebre para se lançar em perseguição dos índios. Com ele parte um grupo de rangers chefiados por Calyton, e o jovem mestiço Martin Pawley. Depois de ser ludibriado, o grupo cai numa emboscada e é forçado a regressar. Ethan, Martin e Brad Jorgensen (noivo de Lucy) continuam a perseguição. Numa garganta Ethan descobre o cadáver mutilado de Lucy e Brad enlouquecido ataca sozinho o acampamento índio sendo abatido. Ao fim de dois anos de esforços inúteis para / 5 / encontrarem os raptores de Debbie, Martin e Ethan regressam, com Ethan garantindo a sobrevivência de Debbie (que seria criada como índia para fazer parte da tribo) e que a encontrariam fosse como fosse 4ão certo como a Terra girar".

De volta à granja dos Jorgensen Martin e Laurie (a filha deles) retomam o namoro, e Ethan encontra uma carta à sua espera de um tal Futterman (dono de um isolado posto de venda) onde escreve que tem uma pista para encontrar a desaparecida. Futterman indica-lhes a tribo comanche «Nawyecky» comandada por Scar. Com os cúmplices tenta roubá-lo de noite mas Ethan arma-lhes uma ratoeira e são abatidos.

Na granja Laurie recebe uma carta de Martin que lhe dá conta da sua peregrinação com Ethan, à mistura com episódios picarescos como a compra de uma mulher índia, a que dá o nome de «Look», quando julgava ter adquirido uma manta. Encontram um acampamento índio destruído pela cavalaria e no meio dos cadáveres o de «Look». Entre as cativas brancas não encontram Debbie. Muito mais tarde, no Novo México, o velho Moses Harper diz-lhes que conhece alguém que sabe do paradeiro de Debbie. É um mexicano que tem negócios com os «Nawyecky» e que lhe apresenta o chefe Scar. Frente a frente os dois adversários medem-se com ódio. Ethan e Martin encontram Debbie como uma das mulheres de Scar. Debbie corre ao acampamento para os avisar do ataque iminente dos comanches, mas Ethan cego pelo ódio, pretende abatê-la, sendo impedido por uma seta envenenada. Conseguem fugir, depois de um breve combate.

Cinco anos, entretanto, passaram na perseguição, quando regressam mais uma vez a casa dos Jorgensen, que se preparavam para celebrar o casamento de Laurie com Charlie McCorry. Martin luta com Charlie enquanto Clayton dá voz de prisão a Ethan pela morte de Futterman. Nesse momento surge uma patrulha de cavalaria que vem trazer o velho Moses libertado num ataque a uma aldeia índia. Moses informa do local onde Scar e a sua tribo se encontram, o desfiladeiro de Malapai, e os rangers partem para a expedição punitiva. Martin acompanha-os para proteger Debbie, pois receia que Ethan a mate na primeira oportunidade. Introduz-se no acampamento e mata Scar ao mesmo tempo que os rangers atacam. Ethan encontra Scar morto e escalpa-o partindo em perseguição de Debbie que se refugia no desfiladeiro. Ethan agarra-a, levanta-a nos braços, hesita e depois aperta-a ao peito, murmurando em voz magoada: «Vamos para casa, Debbie». Em casa dos Jorgensen as portas abrem-se para acolher a recém-chegada, Martin e a noiva, deixando de fora, na imensidão, a figura solitária de Ethan Edwards. Ouve-se a canção tema cujo refrão simboliza o seu destino:

«A man will search his heart and soul
Go searching way out there.
His peace of mind he knows he'lI find.
But where, O Lord O where?
Rideaway... Rideaway... Rideaway..."

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Crítica

A Desaparecida já foi comparado à Odisseia e nada mais justo. O filme tem a grandeza de um poema épico e a amplitude da tragédia humana. Nada disso, porém, é intencional. Está lá pela própria natureza das coisas. É um daqueles filmes cujo resultado, projecção e compreensão ultrapassaram as fronteiras do género em que se inscreve à partida, o western, para alcançar uma dimensão universal. Mas não é o western, como a poesia épica grega, um género eminentemente popular, para as suas épocas, reunindo as suas narrativas toda a mitologia do seu tempo, e reelaborando-a conforme as histórias que conta? Se os poemas de Homero são a síntese da mitologia do seu tempo, A Desaparecida é-o também da mitologia por excelência do nosso, o western, cujo campo, a fronteira americana, equivale ao mar grego, cada vez mais diminuto quanto mais conhecido, encerrando um périplo quase tão amplo em espaço, e longo em tempo, para Ulisses e para Ethan Edwards. 20 anos deambulou Ulisses pelo Egeu e Mediterrâneo, 14 foram os anos de viagem de Ethan. E cada um destes períodos, para os seus heróis, divide-se em duas partes iguais em tempo: 10 anos de guerra e outros tantos de peregrinação para o primeiro, e 7 para cada um dos períodos para o segundo.

Ethan, sabê-lo-emos durante a história, tem atrás de si uma ausência de sete anos quando chega a casa do irmão, na que é a mais bela abertura de um filme em toda a história do cinema. Está tudo ali: todo o drama e toda a emoção, sentimo-lo nos rostos, nos gestos, na mistura dos dois de Martha, levantando a mão para ver a silhueta, sentimo-lo logo que há algo entre os dois que não poderá ser dito, algo do passado, o amor que os uniu, que depois se manifesta num plano com uma clareza deslumbrante e encadeante: Martha acariciando o capote de Ethan quando este se prepara para integrar o grupo de perseguição. Sete anos que Ethan serviu, não para ganhar o amor de Martha, amor já impossível, mas para fugir a ele. E é a impossibilidade de o esquecer que o faz voltar, para de novo servir mais sete anos (como Jacob / 7 / por amor de Lia), mas desta vez em nome da vingança. É o ódio que o arrasta na pista dos comanches, ódio que apenas se pode concretizar na morte do seu «duplo», Scar, o chefe dos Nawyecky, que massacrou Martha e a família, excepto Debbie que levou consigo até ter a idade para se tornar sua esposa. O ódio de Ethan manifesta toda a sua virulência em três planos, três momentos em que, como na experiência de Kulechov, colocamos (por efeito da montagem) deficientes matizes no rosto petrificado: quando encontra os bisontes e começa a disparar como doido (para eles não alimentarem os comanches), quando no forte depara com as sobreviventes do massacre, e a câmara avança num travelling até enquadrar Ethan em grande plano, finalmente quando se encontra cada a cara com Scar. A firmeza e permanência do seu ódio só tem paralelo com a permanência das gigantescas pontas que se erguem na paisagem de Monument Valley e a areia ocre do deserto. Mas a vingança que arduamente procura não a poderá concretizar. Scar será morto, mas às mãos de Martin Pawley, e a Ethan apenas restará a sua manifestação num acto gratuito, o de tirar-lhe o escalpe. Mas este último acto é aquele que o leva à exaustão. É um rosto vazio e desamparado que sai da tenda com o «troféu», e é esse esvaziamento, essa «perda» que o leva à famosa sequência em que agarra na sobrinha e lhe murmurou em voz cansada, «Let's go home, Debbie». Perdido o motivo que lhe deu vida durante sete anos, que lhe resta, agora que a família se reconstituiu e não tem lugar para ele? Apenas a imensidão da planície para errar sem destino.

Que «perda» foi essa? A do seu duplo. Com ele A Desaparecida inscreve-se no tema do «doppelganger» da cultura alemã. Não é torcer o sentido das coisas de modo a fazê-las encaixar-se naquilo que queremos. Na verdade, se John Ford é o cineasta americano por excelência, ele sofreu a influência do expressionismo alemão quando esta «escola» estava na moda, e dois dos seus filmes têm directamente a ver com a Alemanha: Os Quatro Filhos (1928) e Peregrinação (1933). Mas entre o primeiro e Tormenta a Bordo, é o estilo fotográfico, chamado «expressionista» com os contrastes bem afirmados entre as sombras e a luz que se infiltra (as famosas portas nos seus filmes, que em A Desaparecida se abrem para a luz, no plano inicial, e se fecham para as trevas, no plano do fim) que domina grande parte da sua obra, em particular O Denunciante (a sequência da igreja, na sua simbologia, as sequências do bar e das ruas, no seu realismo) e Tormenta a Bordo (as deslumbrantes imagens do cais com os marinheiros em fuga). Tais influências nunca o deixaram e se tecnicamente se atenuam, tematicamente elas irrompem em mais de um momento: a história de dadas» de O Homem Tranquilo, e o tema do «duplo» que é quase uma constante: Wyatt Earp e o velho Clanton em A Paixão dos Fortes, York e Thursday em Forte Apache, o padre e o tenente da polícia em O Fugitivo, Thornton e Danaker em O Homem Tranquilo. O «duplo» geralmente está apartado, é o objecto de busca e de busca para ser destruído, mas cumprido o destino leva inevitavelmente ao fim do outro, porque entre os dois / 8 / há uma espécie de comunicação vital que apenas funciona enquanto circula. O «duplo» de Tom Doniphon é Liberty Valance, o de Ethan Edwards é Scar. Ambos são homens condenados pelo progresso, pela civilização que avança, simbolizada pela instalação de granjas, pela cultura da terra, pela fixação dos colonos. Ambos erram pelas planícies adiando o fim, têm gestos miméticos (a sombra ameaçadora de Scar sobre Debbie que mais tarde fará sua esposa, Ethan levantando-a no ar em ameaça, para depois a abraçar), são guerreiros experimentados e matreiros (à armadilha de Scar à patrulha dos rangers corresponde a armadilha de Ethan a Futterman e aos seus homens), e têm, inclusive, as mesmas palavras quando se encontram: «Falas bem o comanche. Alguém te ensinou?». Finalmente, a mesma medalha passa de um para o outro, por intermédio de Debbie.

Se é o ódio que move Ethan, a Martin é o amor. O amor da família que a tragédia destruiu e que procura reconstituir recuperando Debbie. Por isso só poderá casar com Laurie depois de terminada a sua missão ou a ideia de família (tema fundamental do cinema de Ford) perderia o seu sentido. E é isso que o leva a reagir com violência perante o testamento de Ethan que ao legar-lhe o que lhe pertence, esquecendo Debbie, recusa esse princípio sagrado Ele vai ser a entidade «protectora», acompanhando o «vingador» não para o ajudar à destruição dos comanches (no primeiro confronto hesita em disparar) mas para proteger uma Debbie que Ethan diz «assimilada» («Tenho de estar lá, porque vi o seu rosto quando pronuncia a palavra comanche», diz ele a Laurie).

A Desaparecida foi adaptado de um romance de Alan LeMay, um conhecido escritor de westerns, também autor de «The Unforgiven», sobre um tema semelhante, mas de forma inversa (neste caso é uma índia educada numa família de brancos que vem ser reclamada pelos seus irmãos de raça), que John Huston adaptou ao cinema e que em Portugal teve o título de O Passado Não Perdoa, Publicado em 1954, «The Searchers» atraiu de imediato a atenção de Merian C. Cooper, co-produtor de muitos filmes de Ford.

Com argumento de um dos mais íntimos colaboradores de Ford, Frank S. Nuggent, A Desaparecida surge como uma obra fundamental na carreira do realizador, porque marca a passagem para a última fase, aquela em que o velho guerreiro passa da fase da acção para a de meditação sobre o sentido da história sobre o passado para sempre perdido com os seus rituais e tradições, com a amargura de quem vê morrer os princípios que o guiaram, mas sabendo a sua morte inevitável para dar lugar, para o melhor e para o pior, aquilo a que se chama progresso. Por isso, o complemento indispensável de A Desaparecida é não Terra Bruta, quase uma continuação ainda mais amarga, mas O Homem que Matou Liberty Valance em que se encena essa mudança nas figuras de Doniphon (Wayne) e Rance (James Stewart). A esses colonos finalmente fixados na terra, que acabam por se organizar / 9 / politicamente através da eleição de Rance, resta apenas enterrar sem honra nem glória um Doniphon que mais não é do que a última oportunidade de Ethan Edwards de fazer parte dessa nova civilização. A interrogação final sobre a busca da paz de espírito a que A Desaparecida responde com a eterna errância, O Homem que Matou Liberty Valance vem dizer que apenas na tumba ela terá lugar. Na morte e no esquecimento. Dentro desta evolução, A Desaparecida é o núcleo central de uma trilogia, menos evidente do que a da Cavalaria, mas com uma maior relação com a história dos Estados Unidos, e que é talvez, bem analisada, a mais pessoal de Ford. Entre A Caravana Perdida (a busca da terra pelos colonos) e Liberty Valance (o triunfo da civilização), o drama da sobrevivência e da fixação. O pano de fundo é sempre o mesmo, Monument Valley, transformado em símbolo da América dos pioneiros. E repare-se como, progressivamente, esta paisagem primitiva, este símbolo telúrico de comunhão entre homem e natureza, se vai atenuando de filme para filme. Domina toda a viagem da Caravana, com as suas ravinas cheias de perigos e as pontas erguidas como marcos de viagem, envolve os aventureiros de A Desaparecida, mas esbate-se em fundo, como uma paisagem ainda ameaçadora, nas sequências dos ranchos, para se limitar a ser o «tema» de fundo da figura de Doniphon em Liberty Valance, desaparecendo da cidade em que decorre a eleição. A sequência chave para entender esta evolução tem lugar aquando do segundo regresso de Ethan, quando à noite conta as peripécias da busca aos Jorgensen, o velho Lars responde a Ethan, que se sentia responsável pela morte de Brad, dizendo que foi «esta terra que matou o meu filho» («Ah, Ethan! Esta terra!», exclama Lars, num gesto que abrange Monument Valley), queixa que a mulher interrompe firme e enfaticamente: «Acontece, Lars, que somos texanos. E talvez se possa viver em paz nesta terra daqui a cem anos, mesmo que para isso precise dos nossos ossos». Todo o sentido da história da América se condensa neste breve discurso.

Quintessência da obra de Ford e momento de passagem, A Desaparecida é por isso o filme do encontro de toda a «família» fordiana física e espiritual, reunindo num mesmo ponto, passado, presente e futuro. Extrapolando o seu sentido, poderia dizer-se que o filme é aquele núcleo que explodindo se projecta em todas as direcções criando um universo povoado de galáxias (pois todas as variações do western que a seguir virá, de Peckinpah e Penn nascem aqui), ou aquela palavra única sonhada por Jorge Luís Borges que em si continha todos os sentidos de todas as palavras./ 10 /

Situação do filme

na história do cinema

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A Desaparecida surge num momento peculiar do cinema americano, o que explica a relativa indiferença com que o filme foi recebido na altura. A televisão deixara de ser uma simples ameaça na paisagem, era uma feroz concorrente que afastava milhões de espectadores e se apropriava dos modelos clássicos que eram a base da indústria e com ela alguns géneros tradicionais, em particular o western. Velhas glórias do western B conquistam de novo a popularidade através do pequeno ecrã, Gene Autry, Roy Rogers, William Boyd (Hopalong Cassidy). Face a esta competição o western no cinema começa a utilizar temas mais delicados introduzindo no seu campo elementos até então chamados "impuros», mas que se manifestavam um pouco desde a segunda guerra mundial: o sexo (A terra dos Homens Perdidos), o racismo (A Última Caçada), a psicanálise (Núpcias Trágicas), os problemas sociais (os linchamentos em Consciências Mortas), a alegoria política (O Comboio Apitou Três Vezes). Em 1956 o western ainda se porta bem, e este é mesmo o último ano de ouro do género. São realizados 83 westerns o que representa 31 % da produção total cinematográfica nos EUA, e todas estas tendências se manifestam no seu interior. Isto faz de 1956 um ano de transição onde às novas variações se misturam as velhas fórmulas do western "puro», de que o exemplo mais flagrante é o excelente O Homem da Mascarilha (The Lone Ranger), influenciado pelo êxito na TV interpretada por Clayton Moore e Jay Silverheels. Realizado por Stuart Heisler foi um êxito inesperado que levará à realização de uma nova aventura cinematográfica do herói mascarado dois anos depois, A Cidade do Ouro (The Lone Ranger and the Lost City of Gold). A aventura "pura» está ainda presente num filme como Bandido (Bandido Caballero) de Richard Fleisher, mas o predomínio é a obra de "introspecção», complexa (O Sexto Homem, de John Sturges, Sublime Tentação, de William Wyler, Terra Maldita de Jacques Tourneur, Sete Homens para Matar, de Budd Boetticher, e Sétimo de Cavalaria, de Joseph Lewis) senão mesmo numa autocrítica levada à irrisão (Um Rei e Quatro Rainhas, de Raoul Walsh).

Desta forma o western procurava enfrentar a concorrência da televisão e nisso juntava-se ao cinema em geral no mesmo com bate quer através da utilização dos meios do adversário (a busca de um realismo quotidiano em Marty de Delbert Mann, feito no ano anterior, e, por isso mesmo, premiado com o óscar) e os seus personagens populares (o caso de Lone Ranger), quer pela denúncia da sua força manipuladora (Um Rosto na Multidão, de Elia Kazan) e a crítica cáustica (e em 1957 Frank Tashlin fará a mais corrosiva sátira ao novo "media»: A Loira Explosiva – Will Sucess Spoil Rock Hunter?), quer pela abordagem de problemas mais delicados inacessíveis à televisão (a droga em O Homem do / 11 / Braço de Ouro, de Preminger, o sexo (Chá e Simpatia, de Minnelli, A Voz do Desejo, de Kazan), a homossexualidade que começa a ser abertamente apresentada (Jocko de Paris – The Strange One, de Jack Garfeinl a que o western se juntará em 1959 com O Homem das Pistolas de Ouro, de Dmytryk. O combate faz-se também através da super-produção apoiada na utilização dos novos processos técnicos (Cinemascope, Vistavision, Todd-Ao), e 1956 é um ano particularmente rico neste campo (Os 10 Mandamentos, de De Mille, Helena de Tróia, de Robert Wise, Alexandre o Grande, de Robert Rossen, Guerra e Paz, de King Vidor e A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Michael Anderson) que se reflecte inclusive no musical, agora virado quase exclusivamente para as adaptações dos grandes triunfos da Broadway (O Rei e Eu e Carrocel.

A Desaparecida é também um ponto de convergência e de ramificação do western. Para além de todas as situações clássicas ele introduz uma variante no melhor sobre a questão dos índios que irá marcar todo o western que está para vir. Para ele conflui todo um cinema que tem origem no Forte Apache de Ford e em A Flecha Quebrada, de Delmer Daves: o índio como vítima. Se não há referências explícitas, as imagens por si só são significativas: o índio está em fuga constante, numa mobilidade imposta por questões de sobrevivência e quando é encontrado é pura e simplesmente massacrado: as imagens da aldeia destruída pelo Sétimo de Cavalaria (ironicamente acompanhado ao som da marcha bélica «Garry Owen»), e as do ataque final, em tom de pura missão punitiva e de destruição antecipam (e dizem mais) os filmes de «denúncia» que virão nas décadas seguintes, de O Pequeno Grande Homem de Arthur Penn a Soldado Azul, de Ralph Nelson. Por outro lado A Desaparecida vem introduzir um tema que vai ser amplamente explorado depois: o do rapto de branco(a)s pelas tribos índias, já antevista em A Passagem do Noroeste de King Vidor (1939). O próprio Ford a ele voltará de uma forma ainda mais desencantada em Terra Bruta, e entre os que sofreram a sua influência encontram-se A Flecha Sagrada, de Samuel Fuller, Emboscada Fatal (Comanche Station) de Boetticher, Major Dundee, de Sam Peckinpah, Um Homem Chamado Cavalo de Silversteen, Soldado Azul e Duelo em Diablo, de Ralph Nelson, O Pequeno Grande Homem, de Penn, etc.

A própria questão do tratamento dos mestiços sofre com A Desaparecida um novo desenvolvimento. Ao Martin Pawley interpretado por Jeflrey Hunter junta-se, nesse mesmo ano, o Richard Wydmark de A Última Caravana (The Last Wagon), de Delmer Daves e mais tarde um Paul Newman em Hombre, de Martin Ritt, entre os mais importantes.
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Relações

interdisciplinares

A Desaparecida pode servir de ponto de partida para o estudo de várias questões e manifestações culturais da América do século passado.Publicidade do filme «A Desaparecida» - Clicar para ampliar.

Decorrendo entre 1868 e 1875 manifestam-se no filme ainda os sinais do conflito que abalou a jovem nação entre 1861 e 1865: A guerra entre os Estados, também chamada (do lado dos vencedores) como guerra da Secessão, e erradamente conhecida como guerra Civil. O personagem de Ethan Wayne permite-nos acompanhar não só o conflito mas também outros vizinhos dos EUA: a guerra do México entre juristas e as forças de Maximiliano (neste caso, Vera Cruz, de Robert Aldrich, poderia ser visto como episódio que falta entre a guerra e a chegada de Ethan ao rancho).

O tema da reconstrução (como é conhecido o período que medeia entre o fim da guerra e meados da década de 801, que traz consigo a estabilização dos colonos nas novas terras abertas com as «corridas», a expulsão dos índios para as reservas e a sua revolta o que deu origem às guerras índias. intimamente ligado a esta, o massacre dos bisontes. Em A Desaparecida, o encontro de Ethan e Martin com a manada que o primeiro pretende dizimar, decorre cerca de 1870, que é exactamente o ano em que começou a grande matança que deixou aquela espécie quase dizimada em fins da década de 80, acção que valeu ao presidente Grant palavras de apreço aos caçadores dizendo que eles fizeram mais em poucos anos para resolverem a «questão índia» do que o Exército em 30 anos de combates. O bisonte constituía a base de sobrevivência do índio que dele extraía alimentação e matérias-primas.

A Desaparecida também pode servir de partida para uma compreensão do fenómeno migratório para os EUA, com os rancheiros vindos dos mais diversos países da Europa, procurando construir uma nova vida para si e os seus descendentes (o discurso de Olive Carey), as dificuldades que enfrentam e o sonho de um paraíso perdido (Uma mítica Califórnia é evocada, para explicar a ausência de Ethan, a mesma que será a miragem de milhões de / 13 / americanos arruinados no período da Depressão, de que John Ford fez o retrato em As Vinhas da Ira) que os empurra de terra para terra.

Se A Desaparecida não é tão abundante em música folclórica americana como Rio Grande (o mais musical dos filmes de Ford) apresenta várias melodias que reflectem a sua importância na cultura americana, tanto no século passado como hoje (a marcha militar «Garry Owen», o popular hino "Shall We Gather at the River», e a canção "The Searchers» por Stan Jones e os "Sons of the Pioneers», influenciada pelo folk), e que se reflecte na elegíaca música original de Max Steiner.

Finalmente a pintura americana do século passado passa, mais uma vez, pelo cinema de Ford, em particular a paisagística, e as pinturas do "Wild West» do último quartel. Como em Os Dominadores a que predomina é a de Frederic Remington, mas também se encontram as influências de Charles Schreyvogel e os retratos dos índios de Charles Russel.
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John Ford

O Realizador

De seu verdadeiro nome Sean Aloysius Q'Feeney (ou Q'Fearna), John Ford nasceu em Cape Elizabeth, Maine (EUA), a 1 de Fevereiro de 1895, filho de emigrantes irlandeses. Herdou dos pais o amor pela Irlanda, que se vai manifestar mais tarde não só no cinema como também no apoio dado ao IRA na luta pela independência da ilha.

Frequentou o colégio de Portland e a Universidade de Maine, esta durante 3 semanas em 1914, deixando-a para trabalhar com o irmão, Francis Ford, vedeta de cinema nesta fase primitiva (em Portugal era conhecido como o «Conde Hugo» nome de um personagem seu num «serial»). John Ford faz de tudo um pouco, de trabalho técnico a figurante e duplo, e é um dos muitos futuros mestres do cinema que passam pelos «sets» de Nascimento de uma Nação, de David Wark Griffith. Ford dizia que para além de assistir às filmagens participou neste marco histórico como figurante. Teria sido um dos cavaleiros do Klu Klux Klan, acrescentando, num dos seus «private jokes», que era o que usava óculos. Falhou o concurso de admissão à Escola Naval, e durante a Primeira Grande Guerra procura alistar-se na Marinha, sendo recusado por deficiência visual, o que não o impedirá, mais tarde, de fazer parte dela, participando no teatro de operações da Segunda Guerra Mundial na equipa cinematográfica da USN (filma a Batalha de Midway, no decorrer da qual perdeu uma vista, e que lhe valeu o óscar para o melhor documentário), fez a campanha da França, e teria participado em acções de espionagem da OSS (um dos seus projectos finais não realizados era sobre esta organização precursora da CIA), e alcançou o posto de almirante honorário. A sua paixão pela Marinha, é testemunhada pela forma como privilegia este corpo das Forças Armadas em vários filmes, de A Águia Azul a A Águia Voa ao Sol, passando por Esquadra Heróica e Homens para Queimar.

Em 1916, como Jack Ford, torna-se assistente de realização do  / 17 / irmão nos Estúdios da Universal, e no ano seguinte assina o seu primeiro filme, The Tornado. O quarto filme que realiza nesse ano, The Soul Herder, marca o seu encontro com Harry Carey, que vai dirigir em mais 25 filmes interpretando a figura de Cheyenne Kid (que entre nós se popularizou com o nome de "Caiena»).

Em 1923, já nos Estúdios da Fox, assina pela primeira vez com o nome por que ficou conhecido, John Ford. O filme é Dama, Valete e Rei. Em 1924 conquista o seu primeiro grande sucesso com um western épico que se tornou um clássico: O Cavalo de Ferro, e O Barbeiro de Napoleão é o seu primeiro filme sonoro.

Após uma fase de comédias e dramas durante os anos 30 (O Denunciante dá-lhe o seu primeiro óscar), regressa ao western em 1939 com uma obra que vai revolucionar o género, A Cavalgada Heróica, onde descobre o Monument Valley. Se este espaço já fora filmado uma vez em 1925 por George B. Seitz em O Ocaso de Uma Raça (The Vanishing American), é só com John Ford que ele alcança o estatuto mítico que hoje lhe é atribuído, como «centro» da América nos tempos da «fronteira». No enterro de John Ford, em 1973, Woody Stroode, um actor negro da última fase da obra de Ford, dirá que aquela terra deveria chamar-se agora «Ford's Valley». Não o foi mas o «Ford's Point» ali erigido é local de peregrinação obrigatória de todos os cinéfilos.

Depois da guerra Ford regressa ao western e a Monument Valley com a mais perfeita de todas as versões do duelo que opôs Wyatt Earp, os seus irmãos e "Doc» Holiday à família Clanton, em A Paixão dos Fortes. Em 1947 morre Harry Carey e Ford dedica-lhe o filme Três Padrinhos, nova versão de O Pai Adoptivo que aquele actor interpretara em 1919, onde se estreia o seu filho, Harry Carey Jr. Tem início a famosa trilogia da Cavalaria (Forte Apache, Os Dominadores e Rio Grande).

Este humanista conservador torna-se, em 1951, centro de um dos mais conhecidos episódios na luta pela liberdade de opinião dos realizadores americanos, em plena caça às bruxas, quando, com a sua autoridade, impediu a eleição do ultra-conservador Cecil B. De Mille para a Director's Guild, mantendo Joseph Leo Mankiewicz no lugar, com um discurso que começava com uma expressão que ficou célebre: "My name is John Ford, I make westerns».

Neste género Ford está à altura de um poeta como Walt Whitman, na transcrição das tradições culturais americanas para a sua forma de escrita, e à dos grandes épicos como Homero, pela forma de retratar os conflitos humanos, e A Desaparecida bem pode ser a sua «Odisseia». O western identifica-se praticamente com John Ford. Foi um dos mais activos criadores nos tempos do primitivo, deu-lhe as cartas de nobreza com A Cavalgada Heróica e A Paixão dos Fortes, cantou o seu envelhecimento com A Desaparecida e compôs o mais belo «requiem» cinematográfico em sua honra com O Homem Que Matou Liberty Valance e celebrou ainda os índios (que lhe deram o nome de Natani Nez − (Soldado Alto) em O Grande Combate, filme que antecipa o / 18 / chamado western pró-índio dos anos 70 (O Pequeno Grande Homem) e um recente Danças com Lobos.

Mas a grandeza de Ford não se limitou aos western. Uma outra vertente da sua obra é dominada pelos filmes sobre a Irlanda, desde o tempo do mudo (A Casa do Carrasco, Minha Mãe) até à malograda tentativa de filmar a vida de Sean O'Casey em Young Cassidy, passando pelo díptico dedicado à luta pela independência (O Denunciante, A Primeira Batalha), pelas divertidas Histórias Irlandesas e pelo inesquecível O Homem Tranquilo. Q seu último filme, Sete Mulheres, é uma das obras mais inovadoras do cinema americano do seu tempo.

Foi o realizador mais premiado pela Academia de Hollywood, ganhando o óscar da melhor realização em 1935 (O Denunciante), 1940 (As Vinhas da Ira), 1941 (O Vale Era Verde) e 1952 (O Homem Tranquilo), além de um para o melhor documentário em 1942 (A Batalha de Midway).

Foi a primeira personalidade do cinema a receber o «Life Achievement Award» do American Film Institute em 1973, ano em que morreu, a 31 de Agosto.

A sua influência sobre realizadores seus contemporâneos e futuros foi enorme. Ninguém melhor do que Orson Welles o testemunhou ao responder à pergunta sobre os realizadores que mais o influenciaram: «John Ford, John Ford e John Ford».


A Família Fordiana

Mais do que qualquer dos outros filmes do seu realizador, A Desaparecida dá-nos um retrato quase completo da «família fordiana». As únicas zonas de sombra são as ausências de Francis Ford, picaresca figura de «old timer» que percorre a filmografia do irmão, que morreu em 1953, de Ben Johnson, o mais «puro» cavaleiro do western, que uma zanga afastara do grupo, e a de Victor McLaglen que trabalhou pela última vez com Ford em O Homem Tranquilo. Mas os presentes, em corpo e em espírito, ilustram toda a carreira de Ford.

Em espírito se encontra o primeiro grande actor fordiano: Harry Carey, não só através do seu «herdeiro», John Wayne, da viúva e do filho, respectivamente Olive Carey (na figura da mãe de Laurie), e Harry Carey Jr. Deste período dos «primitivos» encontramos ainda o «eterno» Jack Pennick, que foi quase uma espécie de «talismã» de Ford, que o metia em quase todos os seus filmes por mais pequeno que fosse o papel, Mae Marsh, a actriz do seu «mestre» David Wark Griffith, intérprete deste filme que revolucionou a linguagem do cinema em 1914, Nascimento de Uma Nação, que Ford adopta nesta fase como «convidada», e ainda Dan Borzage (irmão de Frank Borzage), que neste filme é o violinista da festa de casamento. António Moreno (o mexicano que leva Ethan Edwards até ao chefe índio Scar), não sendo um actor / 19 / fordiano, não é menos representativo daquela época. Nos anos 10 e 20 foi o intérprete de vários «serials» (filmes em episódios), campo em que Ford e o irmão labutaram nos primeiros anos. E é no personagem que António Moreno interpreta que se manifesta a presença espiritual de dois outros fordianos, mesmo que um deles nunca tenha trabalhado oficialmente com o realizador. Os mexicanos Emílio Fernandez (realizador e actor) e Gabriel Figueroa (director de fotografia de O Fugitivo). O nome do personagem é Emílio Gabriel Fernandez y Figueroa.

Do período clássico de Ford surge, logo à cabeça, a figura de John Wayne. «Duke», como era conhecido fez a sua entrada no cinema com Ford nos últimos anos do mudo, em papéis de figurante e secundários. Em 1930, a conselho de Ford, Raoul Walsh dá-lhe a primeira grande oportunidade à cabeça do elenco do épico A Pista dos Gigantes (The Big Trail). O fracasso comercial do filme lança Wayne para as séries B, chegando a fazer de «cowboy cantor» (!) como rival de Gene Autry. Em 1939 é Ford que lhe dá a segunda oportunidade, com o papel de «Ringo Kid» em A Cavalgada Heróica. A partir de então tornou-se a figura maior do universo de Ford, o espírito do passado que cavalga entre as pontas rochosas do Monument Valley. «Duke» Wayne vai tornar-se a figura simbólica do western e o seu envelhecimento físico acompanha o do género, enquanto vai adquirindo a consciência da inevitabilidade do seu fim e dos seus princípios, face ao progresso e à desaparição da fronteira. Como Ulisses erra pelo mundo atrás de um sonho, que está dentro dele próprio. O fim da fronteira representa o seu próprio fim, mas a vitória da civilização não pode fazer-se sem ele, como lapidar mente John Ford mostra em O Homem Que Matou Liberty Valance. O Ethan Edwards de A Desaparecida é o personagem que desperta para a dolorosa consciência desse fim iminente, que o outro filme consume.

Ward Bond (1905-1960) foi, com John Wayne, o companheiro de percurso ideal de Ford, para cuja «família» entrou em 1930 (ver filmografia). Na longa colaboração entre os dois foi sempre um secundário indispensável, com o seu perfil duro que com o decorrer dos anos adquire uma vincada faceta patriarcal (especialmente em Forte Apache, A Caravana Perdida, O Homem Tranquilo e A Desaparecida), onde Ford se reconhece e que o leva a dar-lhe o papel do realizador inspirado em si próprio em A Águia Voa ao Sol.

John Qualen (o pai de Laurie) e Hank Warden (o velho Moses) são outros secundários típicos arregimentados por Ford no período anterior à guerra.

Da geração do pós-guerra apenas falta, como atrás dissemos, Ben Johnson (o cavaleiro Tyree de Os Dominadores e Rio Grande). Mas estão Harry Carey Jr e Ken Curtis. Este último era membro do grupo coral «The Sons of the Pioneers», intérpretes (com Stan Jones) das melodias de vários westerns de Ford e que aqui interpretam a belíssima melodia que abre e encerra o filme.

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A Desaparecida lança também a nova geração fordiana. Se Natalie Wood não volta a trabalhar com ele, já Vera Miles (Laurie) vai ter os papéis da sua vida às ordens de Ford (A Desaparecida e O Homem Que Matou Liberty Valance) e de Hitchcock (O Falso Culpado e Psico). Também Jeflrey Hunter lhe deverá os melhores trabalhos da sua carreira. Para além de ser Martin Pawley neste filme, voltará a trabalhar com Ford em O Último Hurrah e O Sargento Negro. Resta ainda, no campo dos actores, a presença curiosa de Pat Wayne, filho do «Duke» (que já aparecera em pequenos papéis em Rio Grande e O Homem Tranquilo) cujo papel do tenente Greenhill, «filho do coronel Greenhill», dá origem a um dos mais divertidos «private jokes» do cinema de Ford, nas alusões à paternidade, diante do seu verdadeiro progenitor.

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A mesma homogeneidade (e fidelidade) se encontra na equipa técnica. Winton C. Hoch, o director de fotografia, que sabia como ninguém captar a luz e as sombras do deserto, trabalhava com Ford desde Os Três Padrinhos e com ele ganhara dois óscares (Os Dominadores e O Homem Tranquilo). Max Stein (1988-1971), não será bem um membro da família, sendo antes o compositor por excelência da Warner Brothers. Mas durante os anos 30 compôs a música de mais quatro filmes de Ford, ganhando um óscar com a de O Denunciante. Foi também o compositor de Casablanca de Michael Curtiz. Frank S. Nugent (1908-1965), o argumentista, esse é tipicamente fordiano. Como crítico foi um dos seus mais apaixonados defensores nas páginas do «New Times» nos anos 30, e dos 21 argumentos que escreveu 11 foram para John Ford, não só westerns como Forte Apache e Os Dominadores, mas também comédias como A Taberna do Irlandês. Finalmente Meriam C. Cooper (1893-1973), o co-produtor (também conhecido como um dos realizadores da primeira versão de King Kong), está ligado à produção dos filmes de Ford desde A Cavalgada Heróica, tendo formado com o realizador a companhia de produção independente «Argosy Pictures» em 1947. Cooper ficou também conhecido por ter sido o primeiro produtor de filmes em Cinerama.

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Filmografia
1917 The Tornado
        The Trail of Hate
        The Scrapper
        The SouI Herder (Primeiro filme com Harry Carey)
        Cheyenne's Pai
        Straight Shooting (Primeira longa metragem de Ford)
        The Secret Man
        A Marked Man
        Bucking Broadway
1918 The Phantom Riders
        Wild Women
        O Enigma do Silêncio (The Craving)
        Thieves' Gold
        Uma Gota de Sangue / A Pérola Maldita (The Scarlet Drop)
        Hell Bent
        A Woman's Fool
        Three Mounted Men
1919 Esposa por Anúncio (Roped)
        The Fighting Brothers
        O Barranco do Diabo (A Fight for Love)
        By Indian Post
        The Rustlers
        Bare Fists
        Gun Law
        The Gun Packer
        O Cavaleiro Vingador (Riders of Vengeance)
        The Last Outlaw
        The Outcasts of Poker Flat
        The Ace of the Saddle
        The Rider of lhe Law
        A Gun Fightin' Gentleman
        Pai Adoptivo (Marked Men) - Primeira Versão de Três Padrinhos
1920 The Prince of Avenue A - interpretado por James J. (Gentleman Jim)
         Corbett
        A Menina do Quarto 29 (The Girl in n.o 29)
        Hitchin' Post
        Under Sentence
        Just Pais - 1º Filme de Ford para a FOX, interpretado por Buck Jones
1921 The Big Punch
        The Freeze Out
        The Wallop
        Desperate Trails
        Action
        A Sangue e Fogo (Sure Fire)
        Jackie
1922 A Menina Sorrisos (Little Miss Smiles)
        Loucuras da Mocidade (Silver Wings)
        O Ferreiro da Aldeia (The ViIIage Blacksmith)

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1923 The Face on the Barroom Floor
        Three Jumps Ahead
        Dama, Valete e Rei (Cameo Kirby)- Jack Ford passa a assinar
        como John Ford
        A Jornada da Morte (North of Hudson's Bay)
        O Pecador Errante (Hoodman Blind)
1924 O Cavalo de Ferro (The Iron Horse) - Primeiro filme com George
        O'Brien Hearts of Oak
1925 Lightnin'
        Kentucky Pride
        O Campeão (The Fighting Heart) - Primeiro filme com Victor McLaglen
        Thank Vou
1926 The Shamrock Handicap
        Três Homens Maus (Three Bad Men)
        A Águia Azul (The Blue Eagle)
1927 Upstream
1928 Minha Mãe (Mother Machee)
        Os Quatro Filhos (The Four Sons)
        A Casa do Carrasco (Hangman's House) - Primeira aparição de
        John Wayne no cinema
        Napoleon's Barber - Primeiro filme sonoro de John Ford
        Riley lhe Cop
1929 Strong Boy
        The Black Watch
        Salute - Primeiro filme com Ward Bond
1930 O Submarino S-13 (Men Without Women)
        Born Reckless
        Up lhe River - Estreia de Spencer Tracy e Humphrey Bogart no cinema
1931 The Seas Beneath
        The Brat
        Arrowsmith
1932 Air Mail - Primeiro filme com o argumentista Frank «Spig» Wead
        Carne (Flesh)
1933 Peregrinação (Pilgrimage)
        Dr. Buli
1934 A Patrulha Perdida (The Lost Patrol)
        O Mundo em Marcha (The World Moves On)
        Judge Priest
1935 Não se Fala Noutra Coisa (The Whole Town's Talking)
        O Denunciante (The Informer)
        Steamboat Round the Bend
1936 O Prisioneiro da Ilha dos Tubarões (The Prisoner of Shark Island)
        Maria Stuart, Rainha da Escócia (Mary of Scotland)
        A Primeira Batalha (The Plough and the Stars)
1937 Shirley, Soldado da Índia (Wee Willie Winkie)
        O Furacão (Hurricane)
1938 As Aventuras de Marco Polo (The Adventures of Marco Polo) - Ford
         realizou algumas sequências deste filme de Archie L. Mayo
        O Juramento dos Quatro (Four Men and a Prayer)
        Esquadra Heróica (Submarine Patrol)
1939 A Cavalgada Heróica (Stagecoach) - Pela primeira vez o Monument
        Valley no cinema de Ford
        A Grande Esperança (Young Mister Lincoln) - Primeiro filme com Henry
             Fonda
        Ouvem-se Tambores ao Longe (Drums Across lhe Mohawk) - Primeiro
        filme a cores de Ford

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1940 The Grapes of Wrath (título na RTP: As Vinhas da Ira);
        Tormenta a Bordo (The Long Voyage Home)
1941 Tobacco Road (título na RTP: A Estrada do Tabaco)
        Sex Hygiene (curta metragem para o exército dos EUA)
O Vale Era Verde (How Green Was My Valley)
1942 A Batalha de Midway (The Battle of Midway) - Documentário
        Torpedo Squadron - Documentário
        1943 December 7th - Documentário
        We Sail at Midnight - Documentário
1945 Homens Para Queimar (They Were Expendable)
1946 A Paixão dos Fortes (My Darling Clementine)
1947 O Fugitivo (The Fugitive) - Primeiro filme da «Argosy», companhia
        de Ford
1948 Forte Apache (Fort Apache)
        Three Godfathers (título na RTP: Os Três Padrinhos)
1949 Os Dominadores (She Wore a Yellow Ribbon)
        Herança Cruel (Pinky) - Ford dirige a primeira sequência, após o
        que adoece e é substituído por Elia Kazan
1950 O Azar de Um Valente (When Willie Comes Marching Home)
        A Caravana Perdida (Wagonmaster)
        Rio Grande (Rio Grande)
1951 This is Korea! - Documentário
1952 O Preço da Glória (What Price Glory) - 2ª versão do filme homónimo
         de Raou! Walsh (1926)
        O Homem Tranquilo (The Quiet Man)
1953 O Sol Nasce Para Todos (The Sun Shines Bright) 2ª versão de
        Judge Priest, de Ford
        Mogambo (Mogambo) - 2ª versão de Terra Abrasadora (Red Dust)
        de Victor Fleming (1932)
        Hondo (Hondo) - Ford dirige alguns planos deste filme de John Farrow
1955 Uma Vida Inteira (The Long Gray Line) - Primeiro filme de Ford
        em Cinemascope
Mr. Roberts (Mr. Roberts) - co-dirigido com Mervin Le Roy The Bamboo
        Cross (episódio da série de TV: «Fi reside Theatre»)
        Rookie of lhe Year (episódio da série de TV: «Screen
        Directors Playhouse»)
1956 A Desaparecida (The Searchers)
1957 A Águia Voa ao Sol (Wings of lhe Eagle) - inspirado na vida
        do argumentista Frank «Spig» Wead, com Ward Bond interpretando
        a figura de John Ford
        The Rising of lhe Moon (título na RTP: Histórias Irlandesas)
1958 O Último Hurrah! (The Last Hurrah)
1959 Um Crime Por Dia (Gideon of Scotland Yard/Gideon's Day)
        Korea - documentário
        Os Cavaleiros (The Horse Soldiers)
1960 The Colder Craven Story (episódio da série de TV: Wagon Train)
        O Sargento Negro (Sergeant Rutledge)
1961 Terra Bruta (Two Rode Together)
1962 O Homem que Matou Liberty Valance (The Man Who Shot
        Liberty Valance)
        Flashing Spikes (episódio da série de TV: Alcoa Premiere)
        A Conquista do Oeste (How lhe West Was Won) - Ford dirige o
        episódio sobre a guerra entre os Estados
1963 A Taberna do Irlandês (Donovan's ReeI)
1964 O Grande Combate (Cheyenne Autumn)
1965 Young Cassidy (título na RTP: O Jovem Cassidy) - projecto muito
        caro a Ford que fez toda a preparação mas não pode dirigi-lo
        por ter adoecido. Jack Cardiff substituiu-o
1966 Sete Mulheres (Seven Women)
1970 Chesty: A Tribute to a Legend - Semi-documentário
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Opiniões

«Obra charneira no desenvolvimento do género, The Searchers escapa às categorias intelectuais cómodas. É racista ou anti-racista? O espectador é apanhado de surpresa. O tratamento infligido a "Look", a mulher índia que Martin comprou inadvertidamente, revela da farsa mais grosseira e escandaliza. Mas no instante seguinte tudo se abala: "Look" é uma vítima cujo destino desperta a piedade, e a Cavalaria americana, caracoleando ao som do "Gary Owen", é acusada de genocídio.» – Jean-Loup Borget

«Uma história onde se afronta a dura realidade do Oeste, e se enfrenta um verdadeiro inimigo.» –  John Wayne

«A atracção que exerceu sobre os intelectuais da crítica dos anos 60 e 70, e os jovens realizadores em revolta contra o idealismo desacreditado dos seus pais, não causa surpresa. Quando são incapazes de se identificarem com os heróis honrados e justos que exprimem a visão de Ford do passado, podem reivindicar a herança "neo-romântica" do "alienado" Ethan Edwards.» – Lindsay Anderson


«Representando o mais emocionalmente complexo e o mais sofisticado trabalho de Ford, The Searchers consegue ser simultaneamente um excitante filme de aventuras e um melancólico poema cinematográfico explorando os valores da América no coração do género western.» – Ed Lowry

«Em A Desaparecida, quando John Wayne encontra de novo Natalie Wood e de súbito a toma nos braços, passamos do gesto estilizado ao sentimento, de John Wayne petrificado de repente a Ulisses que reencontra Telémaco.» –  Jean-Luc Godard
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«... Scorsese e eu estamos de acordo para considerar A Desaparecida como o melhor filme americano.» – Paul Schrader

«O fim de A Desaparecida e o de Gertrudes (de Carl Dreyer) deixam o personagem principal de ambos os filmes numa espécie de cripta, Monument Valley e a casa de Gertrudes. A heroína de Dreyer fecha a porta sobre ela própria e Ethan mergulha na paisagem luminosa de onde saiu.» – Jean-Louis Leutrat

«O personagem de John Wayne em The Searchers é um dos mais belos trabalhos que conheço sobre a violência americana e sobre o que D. H. Lawrence chama o "killer solitário americano". Ford tem o gênio de uma terra, encarna a lógica de uma civilização.» – Robert Kramer

«A segunda viagem (a do filmei é bem diferente da primeira. Desta vez, Penélope (Vera Miles) esperou e Telémaco (Jeflrey Hunter) foi salvo, se quisermos ver, de novo, neste filme, a mitologia e se quisermos dizer, como J. A. Place que, em A Desaparecida, Ford dá a Monument Valley o papel que Homero deu ao mar na Odisseia.» – João Bénard da Costa

«Ah, as portas!... Há sempre uma abertura nos filmes de Ford, as sequências nunca se passam completamente entre quatro paredes, há sempre uma saída. As portas não são simplesmente físicas, são transcendentes.» – Manoel de Oliveira
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Bibliografia Sobre John Ford

Anderson, Lidsay - About John Ford. Ed. Plexus, Londres, 1976.
Beylie, Claude - John Ford. "Anthologie du Cinema». Ed. Avant Scime, Paris 1976.
Bogdanovitch, reter - John Ford. Movie Magazine, Londres 1967. Trad. francesa: Edilig, Paris 1988. Trad. espanhola: ed. Fundamentos 1971.
Bourget. Jean-Loup - John Ford. Ed. Rivages, Paris 1990.
Ford, Dãn:- Pappy: The Life of John Ford. Ed. Englewood Cliffs, New Jersey 1979.
Gallagher, Tag - John Ford, The Man and His Films. Univ. of California Press, Berkeley 1986.
Giannetti, Louis - Masters of lhe American Cinema. Ed. Prentice-Hall, New Jersey 1981.
Haudiquet, Philippe - John Ford. Seghers, Paris 1966, 1974.
McBride, Joseph (com Michael Wilmington) - John Ford. Secker & Warburg, Londres 1974.
Mitry, Jean - John Ford. Editions Universitaires, Paris 1954.
Pina, J. A. - The Western Films of John Ford. Citadel Press, New Jersey 1974.
Roy, Jean - Pour John Ford. Ed. Ced, Paris 1976.
Sarris, Andrew - The John Ford Movie Mystery. Ed. Secker & Warburg, Londres 1976.
Sinclair, Andrew - John Ford, a Biography. The Dial Press, New York 1979. Trad. francesa: Ed. France Empire, Paris 1980.
Números especiais das revistas POSITIF (nº 64/5 - 1964, n° 82, Março 1967), PRÉSENCE DU CINEMA (nº 21, Março 1965), CAHIERS DU CINEMA (nº 183, Outubro 1966; número "hors série», de 1990), FILM COMMENT (Outono de 1971, nº 3).
John Ford - Catálogo da Cinemateca Portuguesa. Textos de João Bénard da Costa, Luís de Pina, ele. Ed. 1987. Lisboa.


Sobre "A Desaparecida"

Todos os livros anteriores falam, naturalmente, de A Desaparecida, e na imprensa da especialidade se encontram críticas aquando da sua estreia em 1956 e 1957. Certas recensões feitas ao longo dos anos merecem uma particular atenção:

Anderson, Lindsay - The Searchers in "Sight and Sound», Outono de 1956. Londres.
Barkun, Michael - "Poet in lhe Iron Mask», entrevista a John Ford in "Films and Filming», Fevereiro de 1958. Londres.
Boyd, D. - "Prisoner of lhe Night» in "Film Heritage», Inverno 1976/7 - Dayton, Ohio.
Byron, S. - "The Searchers: Cult Movie of lhe New Hollywood», in "New York», 5 de Março de 1979. Henderson, Brion - "The Searchers: An American Dilemma», in "Film Quaterly», Inverno 1980/1.
Leutrat, Jean-Louis - "John Ford - La Prisonniere du Désert: Une Tapisserie Navajo». Ed. Adam Biro, Paris 1990.
Lowry, Ed - The Searchers in "The International Dictionary of Films ans Filmmakers: Volume One».
McBride, Joseph (com Michael Wilmington). "Prisoner of lhe Desert» in "Sight and Sound», Outono de 1971, Londres.
Mclnery, Joe - "John Wayne Talks Tough», in "Film Comment», Setembro de 1972. Nova Iorque.
Sarris, Andrew - The Searchers in "Film Comment», Primavera de 1971. Nova Iorque.
Screen Education - Número especial (Inverno 1975/6) sobre The Searchers. Londres.

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Filmatologia Complementar

Para uma «leitura paralela» de A Desaparecida, indicam-se os que se encontram em edição videográfica, Incluem-se os restantes filmes de Ford indicados à parte:

O Ocaso de Uma Raça (The Vanishing American), de George B. Seitz
A Flecha Quebrada (Broken Arrow), de Delmer Daves
O Último Apache (Apache), de Robert Aldrich (ed. Kodak/Warner)
A Fuga de Forte Bravo (Escape From Fort Bravo), de John Sturges (ed. Legal Vídeo)
A Última Caçada (The Last Hunt), de Richard Brooks
O Caçador de índios (lndian Fighter), de André de Toth
O Passado não Perdoa (The Unforgiven), de John Huston (ed. Kodak/Warner)
Emboscada Fatal (Comanche Station), de Bud Boettitcher
A Carga da Brigada Azul (A Distant Trumpet), de Raoul Walsh
O Pequeno Grande Homem (Little Big Man), de Arthur Penn (ed. Publivídeo)
Soldado Azul (Soldier Blue), de Ralph Nelson (ed. Edivídeo)
Emboscada na Sombra (The Stalking Moon), de Robert Mulligan
Danças com Lobos (Dances With Wolves), de Kevin Costner
Vera Cruz (Vera Cruz), de Robert Aldrich (ed. Kodak/Warner)
Rio Vermelho (Red River), de Howard Hawks (ed. Kodak/Warner)
Hondo (Hondo), de John Farrow
Rio Bravo (Rio Bravo), de Howard Hawks (ed. Kodak/Warner)


Videografia
Em Portugal encontram-se editados em vídeo, para venda directa, os seguintes filmes de John Ford (Até Abril de 1991)

A Patrulha Perdida (Edivídeo)
A Cavalgada Heróica (Edivídeo)
O Fugitivo (Edivídeo)
Forte Apache (Edivídeo) – Cópia amputada em cerca de 20 minutos.
Os Dominadores (Edivídeo)
A Caravana Perdida (Edivídeo)
O Homem Tranquilo (Edivídeo)
Mogambo (Filmayer Alfa-Lusomundo)
A Desaparecida (Kodak-Warner)
A Conquista do Oeste (Legal Vídeo)
O Grande Combate (Kodak-Warner)
 

Ficha técnica

Manuel Cintra Ferreira

Colaborador da Cinemateca Portuguesa

Crítico do Jornal "Público".
 

Paginação e Grafismo

Cândida Teresa

Gabinete de Meios Técnicos e Materiais

da Direcção Geral de Extensão Educativa
Dim. 21x14,5 cm


Edição

Secretaria de Estado da Reforma Educativa

 

Composto e impresso
 na Editorial do Ministério da Educação

Algueirão


Reconversão para HTML
Henrique J. C. de Oliveira
Espaço Aveiro e Cultura
Secundária J. Estêvão
Projecto Prof2000
Aveiro - 2012

 


    O Filme

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Actualizado em
20-04-2018