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Poemas do Tempo Incerto


É por nós que espera

 

Os filhos dos nossos filhos  
hão-de insultar-nos: «covardes 
que nos deram um planeta sujo».  
JOSÉ GOMES FERREIRA

É por nós que espera  
o filho por quem habitamos  
o doloroso tempo  
que os olhos riscam  
e as mãos sofrem  
em repouso

filho carregado de silêncio  
e dúvidas antigas

que palavras nos dirá  
decorridos que forem vinte anos? 
solidão ternura  
ou hastes de amor  
partidas pelos cantos?

e será tarde  
como tarde é o verão tardio  
ou as conchas quebradas da praia 
já sem vida e sem brilho

                                         Setembro, 1967

 


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