O trabalho que agora é apresentado
retira do “baú do tempo” duas figuras indelevelmente ligadas a Taboeira
e ao concelho de Aveiro, que há muito mereciam um estudo biográfico. Se
mais méritos não tivesse esta publicação, bastaria esse facto para
merecer o reconhecimento dos leitores, uma vez que retira do
esquecimento generalizado duas importantes beneméritas Aveirenses.
João de Lemos, após anos de
investigação, de calcorrear arquivos portugueses e espanhóis, de
procurar familiares e ex-funcionários daquelas duas Senhoras, quantas
vezes sem obter resposta, conseguiu, finalmente, trazer até nós o que
foi possível “salvar” dos dados biográficos das protagonistas deste
trabalho, das suas famílias e do seu vasto património.
Vidas atribuladas : Condessa de
Taboeira e D. Arcelina Valente Moreira, da autoria de João Pereira de
Lemos, é um livro de cuja investigação o autor me ia pondo ao corrente.
Nele o autor deixa bem vincado o seu cunho pessoal, lançando deduções e
apresentando suposições de acordo com a sua visão dos acontecimentos.
Já em publicações anteriores, João
de Lemos nos brindara com visões muito próprias dos moliceiros, dos
gafos da Ilha de Sama e diversos outros aspetos da “nossa” Ria de
Aveiro, bem como de figuras marcantes da História Aveirense.
Com incursões na área da escrita,
da fotografia e da pintura, o autor mostra-nos um misto de ficção e
realidade, em que somos levados a “viajar” pela vida da condessa da
Taboeira e de D. Arcelina Valente Moreira, pelas suas tantas vezes
complicadas vidas, pelas ingratidões de que foram alvo, mas também pelas
suas virtudes e pela sua filantropia e grandeza.
Apesar de ter fornecido um ou
outro elemento sobre a família Cardoso Valente, nomeadamente uma carta e
um retrato à pena, a família dos condes de Taboeira sempre me despertou
bastante curiosidade e interesse. Não apenas por aqueles dois elementos
que referi, nem tão pouco por ver sempre aquele solar abandonado e
arruinado que causava alguma perplexidade, mas porque fui herdeiro de um
belo açucareiro em prata, que fora da condessa de Taboeira e que meu pai
adquirira algures no final da década de setenta ou início da de oitenta
do século XX.
Por tudo o que acima fica dito,
foi para mim um prazer e uma honra aceder ao convite que João Pereira de
Lemos me lançou, desejando que com este trabalho outros venham a surgir
sobre a vida e obra destas duas Senhoras que marcaram a sua época.
Delfim Bismarck Ferreira |