Vidas Atribuladas: Condessa de Taboeira e D. Arcelina Valente Moreira, Aveiro, 2013, 254 págs.

Prefácio

O trabalho que agora é apresentado retira do “baú do tempo” duas figuras indelevelmente ligadas a Taboeira e ao concelho de Aveiro, que há muito mereciam um estudo biográfico. Se mais méritos não tivesse esta publicação, bastaria esse facto para merecer o reconhecimento dos leitores, uma vez que retira do esquecimento generalizado duas importantes beneméritas Aveirenses.

João de Lemos, após anos de investigação, de calcorrear arquivos portugueses e espanhóis, de procurar familiares e ex-funcionários daquelas duas Senhoras, quantas vezes sem obter resposta, conseguiu, finalmente, trazer até nós o que foi possível “salvar” dos dados biográficos das protagonistas deste trabalho, das suas famílias e do seu vasto património.

Vidas atribuladas : Condessa de Taboeira e D. Arcelina Valente Moreira, da autoria de João Pereira de Lemos, é um livro de cuja investigação o autor me ia pondo ao corrente. Nele o autor deixa bem vincado o seu cunho pessoal, lançando deduções e apresentando suposições de acordo com a sua visão dos acontecimentos.

Já em publicações anteriores, João de Lemos nos brindara com visões muito próprias dos moliceiros, dos gafos da Ilha de Sama e diversos outros aspetos da “nossa” Ria de Aveiro, bem como de figuras marcantes da História Aveirense.

Com incursões na área da escrita, da fotografia e da pintura, o autor mostra-nos um misto de ficção e realidade, em que somos levados a “viajar” pela vida da condessa da Taboeira e de D. Arcelina Valente Moreira, pelas suas tantas vezes complicadas vidas, pelas ingratidões de que foram alvo, mas também pelas suas virtudes e pela sua filantropia e grandeza.

Apesar de ter fornecido um ou outro elemento sobre a família Cardoso Valente, nomeadamente uma carta e um retrato à pena, a família dos condes de Taboeira sempre me despertou bastante curiosidade e interesse. Não apenas por aqueles dois elementos que referi, nem tão pouco por ver sempre aquele solar abandonado e arruinado que causava alguma perplexidade, mas porque fui herdeiro de um belo açucareiro em prata, que fora da condessa de Taboeira e que meu pai adquirira algures no final da década de setenta ou início da de oitenta do século XX.

Por tudo o que acima fica dito, foi para mim um prazer e uma honra aceder ao convite que João Pereira de Lemos me lançou, desejando que com este trabalho outros venham a surgir sobre a vida e obra destas duas Senhoras que marcaram a sua época.

Delfim Bismarck Ferreira

 
 

21-03-2014