12/11/07
Não quero
viver no Inferno das noites claras,
Na solidão
das gentes,
Nos espaços
atópicos de cada pensamento,
Nos espaços
indefinidos dos pensamentos dispersos.
Não quero a
luz opaca dos olhares indiscretos. O brilho negro dos falsos
sorrisos. A demagogia retórica das palavras sórdidas. O cheiro
nauseabundo dos corpos em putrefacção.
O Mundo
está podre. Rejeito-o completamente. Recuso-me a compactuar com a
hipocrisia, com as falsas verosimilhanças, com as vãs ironias, com
as inglórias inteligências dessas mentes foragidas, que nada vêm.
São inúteis. Completamente inúteis. Perpetuam, apenas, um saber
“fantasiado”, com longos rasgos de ignorância extrema.
15/11/07
Distante,
no meu Mundo, penso as trilhas da Vida e da Morte.
Viver é o
quê, afinal? As respostas são múltiplas. Nenhuma me satisfaz…
20/11/07
I
O meu
corpo, morto, embala-se nas cinzas do chão que, um dia, o deixou
esvanecer.
Quero viver
Tudo, intensamente, como se cada instante fosse o último dia do
resto da minha Vida.
Sou a
exemplificação da Hipérbole…
II
A monotonia
congela-me o cérebro. Irrita-me a alma, ávida do sempre novo, do
perpetuamente diferente, da metamorfose, do mistério, do enigma, de
todas as incógnitas…
A minha
alma requer o desafio do desconhecido, do nunca visto ou imaginado.
Do impensado e do impensável. Caminha para o impossível, para o
reino efémero da ausência de limites, para o paralelamente infinito,
para todos os caminhos, até mesmo para os mais recônditos.
Procura a
inocência primeira, a leveza do Ser de todas as coisas, animadas e
inanimadas, terrestres e celestes, no seio dos dois lados da
quadratura perfeita: os Homens, a Terra; os Deuses, o Céu.
Busca o
infinito, na esperança de encontrar um mundo novo, perfeito. Este já
está gasto, saturado, desgovernado, demasiadamente costumeiro para
quem deseja ver mais longe, para além das ilusórias aparências que
ofuscam o olhar primogénito.
A minha
alma procura, sem cessar, a liberdade, esse espaço aberto de
expansão total do Tudo, onde não há o acaso, nem o vazio, nem o
nada.
Quer
percorrer os círculos viscerais de todos os entes. Ama a Totalidade,
na sua grandeza, que foge aos estreitos limites do Tempo, do Espaço,
do Destino.
Vagueia por
todos os lugares. Não cabe dentro de si mesma. Procura o Aberto,
onde Tudo se funde, em perpétua comunhão com o Ser, o Estar e o
Pensar.
A minha
alma pensa o Mundo. Esmorece perante o caótico cenário da miséria
humana. Quer mudar o Mundo, a mente das gentes agrilhoadas à
mesquinhez do mero sobreviver. Quer ultrapassar as barreiras do
tempo e do espaço. Quer ser eterna.
Não é
narcísica. Vê-se ao espelho. Reconhece a sua própria identidade.
Sofre com todos os “Epimeteus”…Deseja todos os “Prometeus”…
Sente-se
só. Desamparada, neste espaço cósmico “des-humanizado”, que não
suporta a disparidade da alteridade.
Quer
renascer num mundo novo, com a hierarquia axiológica adequada…. sem
rótulos, sem rebanhos, sem congeminações forçadas e infundadas. Quer
crescer no topos infinito de todos os oceanos…
|