Amo
Não
sei bem o que amo
Tenho medo de voltar a amar
De
voltar a sofrer
De
voltar a sonhar…
As
ilusões crescem
Quando se ama
Emerge a
dor
A
insatisfação
A
insanidade e a insensatez
A
cólera aflora
A
presença ausente de um outro estado
Sempre inacabado
Sempre adiado
Caminhos que não conduzem
A
parte alguma
Espreitam-nos no amor
Nos
caminhos
Que
se bifurcam
Perdemo-nos
De
nós
E do
outro…
Encontramos o desfiladeiro
Assoma o vazio
De
uma alma deserta
Dispersa
Em
«con-fusão»
Alienada pela adrenalina
Que
sobe
Escorrega
Desampara
Inquieta…
O
êxtase da alma
É
intolerável
Em
qualquer paixão
As
mãos tremem
Transpiram…
O
coração
Consome-se
Num ritmo
Acelerado
Incontrolável
Incontornável
O
estômago
Já
não se contém
Com
tanta ansiedade
Calafrios
Pela coluna
Sobem e descem
Tudo se move
Tudo se transforma
A
um ritmo
Desenfreado
E
Imparável
Assim é o amor
Força
Que
move e comove
Despista
Rói
Corrói…
Cego e surdo
Táctil e visual
Transporta-nos
Para a realidade
Do
possível,
Para o possível
Do
impossível
Para o imaginável
Do
inimaginável,
Para o sonho
Do
«in-sonhável»
Para as correntes tumultuosas
De
um mar sem fim
Para o infinito
Do
próprio finito
Para a alucinação
Da
sensatez
Para a irrazoabilidade
Do
razoável
Para o ilimitado
De
todos os limites,
Conscientes
Ou
inconscientes…
Assim é o Amor,
Uma
força tremenda
Gigantesca
Arrebatadora
Desmedida
Enorme
Dentro de um tempo redondo
De
um eterno retorno
Do
mesmo e do outro
Com
princípio e fim
Isabel
Rosete
26/05/20007
15/01/2008 |