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Eduardo Manuel Maia Figueiredo


Egos thanatos eolis

 

Ó ar que foste alento e és sofrimento!
Leva-me a voar por sobre o mar,
sem eu ter de remar…
Ó ar que foste sopro e és violento!
Sê o meu avião,
Leva-me pela mão!
Tu que renasces em sanguíneas
correntes escorrentes,
e te encapelas em ciclones
e arrastas as gaivotas!...
Ò ar onde eu nado mergulhante
no escolho circundante,
arrasta-me esta mente,
pr’algures mais p’rá frente!
Ó ar! Vem do Norte e arrefece
as vermelhas correntes
e, depois, esquece…
Entra em mim, ó ar!
Tu que fazes músicas e entoas notas!
Leva-me as palavras mortas
e meus sonhos d’horas tortas!
Envia-me um mosquito louco,
que não chupe, mas cuspa,
não muito de ti, só o pouco:
num travesseiro da encosta,
no monte que não subi,
na vida que não vivi.

16/02/2001 – 13h38

 

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