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Eduardo Manuel Maia Figueiredo


LIBERDADE,
PÁRA UM POUCO NESTA SALA
E DEIXA QUE TE SINTAM...

  Agora paira no ar
E sobe, ó liberdade:
Vê o porto e o norte de Portugal!
Cruza as doiradas águas,
E segue sempre, liberdade.
Deixa que te pisem aqui,
Ou que torçam ali,
E até que trocem de ti.
Não te importes, liberdade:
Se não puderes ser grande,
Torna-te pequena.
Mas segue sempre, liberdade.
Continua!
Em Coimbra, enche-te de saber,
E em Lisboa, de poder.
Cruza as tágidas águas
E os ondulantes plainos.
Absorve agora todo o sal
Das lágrimas de Portugal,
E prepara-te para o deserto.
Derruba as hercúleas colunas!
Vence o atlas, liberdade!
E quebrados os científicos meridianos,
Resiste ao deserto, liberdade.
E quando chegares lá,
Onde eu nasci,
Torna-te negra, ó liberdade!
E então explode,
E surge no céu
Como um arco-íris:
Eis aí o arco da nova e eterna aliança.

1989

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