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Órfã

A morte deixou rastos de dor
No amor que te tinha, minha mãe.
Sendo a última a partir
Também o levaste – ao pai,
Deixando-me só a solidão imensa
Duma total orfandade.
Minha mãe tão querida!
Quando olho nos teus olhos
E falo contigo nos retratos do quarto,
Na sala… ou me vens ao pensamento,
Num vaivém tão rápido quanto o vento,
Ainda te confio mágoas, esperanças,
Alegrias…tão poucas…e viajo atrás, no tempo,
A procurar-te!...
É que o desespero não só não me deixou
Como, muito cá dentro,
Te encontrou
A consolar-me, baixinho:
«Não chores. Vá, não chores mais.
A morte nasce de causas naturais
E tu não és ninguém para te revoltares.»

                                                                       2005
 

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