Meu repouso imaginário e concreto

A minha casa tem mil anos;
tem a recordação das antiguidades.
Que todos afastem seus olhares profanos
deste refúgio, cofre de saudades.


Até as paredes penduram segredos.
Há silêncios que só comigo se abrem:
a minha casa esconde nela os medos,
as fobias que eu sei e outros não sabem.


Nada há de valor; apenas mistério
que faz deste meu ninho algo de sério:
colecção de risos, de choros e de «calar».


Pobre, alberga o resto duma vida;
rica, guarda uma verdade jamais vivida...
maravilhosa a cumplicidade do meu Lar.

                       Aveiro, 1993

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